SCHEILA CANTO
Quando o assunto é animal de estimação parecem existir opções para todos os gostos. Isso significa dizer que os casos de amor não ficam restritos aos bichinhos domésticos como cachorro, gato, peixe, passarinho. Mais do que se imagina, muita gente prefere algo diferente, exótico, como cobras, iguanas, furões e muitos outros. Cuidar desses bichos atípicos é uma tarefa que atrai curiosos, e divide opiniões e gostos dentro de casa.
Este é o caso do acadêmico de direito Irabeni Oliveira, 22 anos, que surpreendeu seus pais ao adquirir a Sibila – uma jiboia amazônica – do Sítio Xerimbabo. “Sempre gostei de animais, mas depois de ser obrigado a sacrificar três cachorros de estimação por causa de leishmaniose, mesmo eles sendo muito bem cuidados, acabei optando por ter outro tipo de ‘amigo’, aliás ‘amiga’”, conta Irabeni.
Segundo o estudante, a réptil passa o dia todo presa no terráreo e só fica solta quando ele está por perto. “Minha mãe tem certo receio e não permite que eu deixe Sibila solta. Já faz mais de ano que ela está em nossa família, nunca ouve qualquer problema; embora selvagem minha jiboia é muito tranquila e não me dá trabalho”, ressalta.
Tendência
No mundo moderno, a criação de répteis como “hobby”, atende pelo nome de herpetocultura. Trata-se de prática relativamente recente, mas que vem crescendo de maneira vertiginosa nos EUA e na Europa, perdendo somente para os gatos e cães, tendo superado em muito as aves ornamentais e a aquariofilia.
No Brasil, a tendência começa aparecer porém, devido à legislação vigente e o controle do Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente) o crescimento do mercado é lento.
Segundo Anna Cristina dos Santos, bióloga do Ibama/MS, os répteis exigem cuidados bastante distintos daqueles exigidos pelos demais animais domésticos e por isto é fundamental conhecermos a biologia, a fisiologia e as peculiaridades de cada espécie que se pretende criar.
A bióloga destaca que estes tipos de bichos só podem ser adquiridos de criadores licenciados pelo Ibama e todos eles são microchipados para haver o controle de localização. “Em Mato Grosso do Sul não há criadores legalizados. Portanto, a aquisição desses animais é mais difícil, visto também que não há Pets aqui que possam vendê-los”, ressalta.
Anna Cristina explica que está em fase de tramitação uma nova legislação para reconhecer outros tipos de animais como domésticos. “Porém, essa lista ainda não saiu e tem causado polêmica, pois bichos fora de seus habitats naturais, quando soltos/abandonados na natureza irresponsavelmente podem causar sério desequilíbrio ecológico”, exemplifica a bióloga.
De acordo com Anna Cristina todo animal exótico adquirido legalmente precisa ter seu registro no Ibama, para que o órgão mantenha a fiscalização sobre a posse responsável do bicho. “Portanto, não basta ter um animal, microchipado e com nota fiscal em casa. Ele também precisa ser cadastrado no Ibama local”, orienta.
Para quem gosta de mamíferos como cachorros ou hamsters, uma boa opção pode ser o furão, também conhecido como ferret. A programadora Juliana Cardoso, de São Paulo, se rendeu ao encanto desses bichinhos. “Eu vi um ferret na vitrine de uma loja e comecei a procurar alguns sites a respeito deles. Também assisti a muitos vídeos na internet, e foi aí que me apaixonei de vez. Eles pareciam ser muito divertidos”, relembra Juliana.
Apesar de estranhamentos iniciais por parte de sua mãe, Juliana afirma que o ferret hoje é o centro das atenções da sua casa. “Todos gostam dele aqui em casa, inclusive a minha mãe, que a princípio disse que não queria nem olhar para o animal porque ele parecia com um rato. Hoje a primeira coisa que ela faz quando chega em casa é procurar o Shippou”, conta a programadora, referindo-se ao seu ferret.
Anna Cristina observa que no Brasil a venda da espécie é controlada pelo Ibama, que só permite a comercialização de animais castrados, já que sua reprodução é proibida no País. “Esta medida serve para evitar o risco de desequilíbrio ecológico, pois no Brasil o ferret não tem predadores naturais e uma vez solto na natureza poderia causar graves danos ao meio ambiente”, explica.
Cuidados
Segundo o veterinário Robin Marques, para o sucesso e segurança destes novos hospedes, é absolutamente fundamental a orientação de um profissional da área que detenha o conhecimento sobre o assunto e que assim possa transmitir as instruções fundamentais para a saúde e o bem-estar do animal, bem como dos seus proprietários.
O veterinário destaca que é fundamental antes de adquirir um animal exótico, seja ele réptil ou mamífero, seguir algumas regras: “em primeiro lugar é indispensável saber a procedência do animal, depois deve-se preocupar com o lugar apropriado para mantê-lo em casa com segurança, ter informações sobre a espécie como: higiene, alimentação e hábitos do mesmo. E uma das mais importantes: saber que em hipótese alguma pode se soltar o animal na natureza”, finaliza Robin.