A presidente do Chile, Michelle Bachelet, disse ontem que o número de mortos pelo terremoto de 8,8 graus na escala Richter, que atingiu o país na madrugada de sábado, chegou a 708, mas pode aumentar. Além disso, há centenas de feridos em hospitais da região. “A catástrofe é enorme”, disse Bachelet que percorreu, de helicóptero, algumas das regiões atingidas pelo sismo, para conhecer a extensão da tragédia, que começou agora a ficar mais clara. “Há um número que eu diria crescente de pessoas desaparecidas”, acrescentou. Após ondas de saques, Bachelet anunciou ontem acordo com as principais redes de supermercados do país para a entrega gratuita de produtos de primeira necessidade nas regiões de Maule, Bio-Bio e alguns setores da Araucânia. Também ontem, o governo decretou toque de recolher na cidade de Concepción, em Bio-Bio, e Maule, focos de saques, segundo a televisão estatal. O Chile calcula os estragos provocados por um dos maiores terremotos da história, que deixou 2 milhões de desabrigados, além de vários alarmes para tsunamis, inclusive no Japão, do outro lado do oceano Pacífico. Cerca de 1,5 milhão de casas foram afetadas pelos tremores, que também foram sentidos no Brasil. As autoridades declararam parte do país como zona de catástrofe. Os danos foram mais graves em Concepción, a segunda maior cidade do país e a 500 quilômetros de Santiago, onde o terremoto derrubou casas e pontes, e apenas chamas dos incêndios iluminavam a madrugada de ontem. Bachelet disse que se avalia o dano estrutural causado pelo tremor e especialistas vão avaliar a segurança de prédios afetados. A presidente disse também que foi criada uma conta para doações de pessoas e de organismos internacionais. Mais de 60 réplicas do sismo de magnitude 8,8, que atingiu o centro e o sul do país sul-americano no sábado, deixaram milhões de chilenos atentos durante toda a noite. Centenas de pessoas dormiram em colchões e cadeiras de plástico nas ruas do centro de Santiago, com medo de outro terremoto, como o que demoliu edifícios e hospitais, quebrou pontes e virou automóveis como se fossem brinquedo. Uma forte réplica do terremoto estremeceu edifícios na capital chilena na manhã deste domingo, disseram testemunhas. Não há informações sobre novas vítimas ou danos a prédios ou casas. Segundo a presidente, trabalha- se para restabelecer a energia elétrica. O governo diz ainda que o problema da eletricidade é por falta de distribuição, e não de geração. Quanto à distribuição de água, afetada pela falta de energia, Bachelet afirma que são utilizados caminhões para enviar água às zonas afetadas. Exército Bachelet colocou ontem duas regiões no Sul do país sob a responsabilidade do exército. “Nós estamos enfrentando uma catástrofe inimaginável, que irá requerer um esforço enorme de reservas”, disse Bachelet em discurso transmitido pela televisão. A presidente assinou um decreto que coloca sob responsabilidade do exército as regiões de Maule e Bio-Bio por trinta dias. Haverá um reforço imediato das forças armadas e da polícia nessas regiões, disse Bachelet. “Elas terão a missão de manter a ordem pública e agilizar a entrega dos suprimentos de emergência e da assistência” às vítimas, disse Bachelet. Cada general foi designado para uma região. Algumas garantias constitucionais foram suspensas com o decreto, por exemplo, uma que não permite que o exército detenha pessoas. Brasileiros O Ministério das Relações Exteriores informou, por meio de nota, que foram restabelecidas as comunicações com a embaixada brasileira em Santiago, capital do Chile. O atendimento aos brasileiros no país está sendo feito na embaixada. Até ontem, o ministério não foi informado sobre a existência de brasileiros entre os mortos pelo terremoto. As instalações do consulado- geral foram afetadas e o prédio está interditado pela Defesa Civil do Chile. Na nota, o ministério afirma que “o governo brasileiro segue, com preocupação, o desenvolvimento dos acontecimentos”.