A pesquisa Mosaico Brasil,
conduzida em 2008 por Carmita
Abdo, coordenadora do
Projeto Sexualidade do Instituto
de Psiquiatria do Hospital
das Clínicas da Faculdade
de Medicina da Universidade
de São Paulo, aponta que 50%
dos brasileiros sofrem de algum
grau de disfunção erétil.
Em outro estudo – iniciado
em 2007 e concluído em 2009
– revela que os problemas de
impotência estão fortemente
associados aos distúrbios do
sono. Na conclusão de sua pesquisa,
a doutora Mônica Levy
Andersen aponta que a apneia
é um dos maiores riscos para
a disfunção erétil, e que na
cidade de São Paulo, a quinta
maior metrópole do mundo,
ela atinge mais de 1.700.000
homens.
Entende-se por dificuldade
de ereção a incapacidade
de obter e/ou manter uma
ereção suficiente para um desempenho
sexual satisfatório.
A disfunção psicogênica é mais
frequente em homens mais
jovens, geralmente relacionada
à insegurança, à ansiedade
ou à depressão. Com o avançar
da idade, é comum o homem
sentir maior dificuldade em
manter o pênis ereto, por razões
orgânicas – normalmente
associadas à privação do sono,
à pressão alta, ao colesterol elevado,
à diabete ou a problemas
cardíacos – ou mista (mescla
de orgânica e psicogênica). Em
qualquer dos casos, o grau da
disfunção pode variar entre
leve, moderada e completa.
Atualmente, existe tratamento
para todos os graus e
tipos de dificuldade de ereção
e o médico pode ajudar a melhorar
a vida sexual do paciente.
“O sexo influi na qualidade
de vida de homens e mulheres;
a satisfação sexual depende
de um conjunto de fatores de
ordem física e emocional. Por
isso, é importante a orientação
do médico para o tratamento
adequado”, explica Carmita.
Na pesquisa sobre a qualidade
do sono, da doutora Andersen,
restrita aos homens
– por estar relacionada à impotência
sexual, concluiu-se
que os voluntários com idade
entre 20 e 30 anos tinham
problemas irrelevantes em termos
percentuais. Mas 12% dos
homens na casa dos 40 aos 49
anos apresentavam disfunção
erétil; 22% dos que ficavam
entre 50 a 59 anos, também.
E o número aumentava entre
os mais velhos: acima dos 60
anos, 63% tinham o problema.
A razão de tudo: a disfunção
erétil, normalmente relacionada
a inúmeros fatores, tinha
sua origem em uma noite
maldormida causada pela apneia,
a parada respiratória que
ocorre durante os vários ciclos
do sono.
A pesquisa conduzida por
Andersen recebeu o prêmio de
US$ 20 mil da L’Oreal Unesco
para Mulheres na Ciência, em
2009. O prêmio foi entregue
em consequência do pionerismo
da metodologia empregada
na pesquisa. Enquanto boa
parte dos estudos são realizados
apenas por meio de questionários,
este foi desenvolvidas
in loco, em laboratório. “Ao
levar as pessoas para dentro do
laboratório tivemos a chance
de fazer uma análise completa,
com exames de sangue, hormonais,
otorrinolaringológicos,
além de aplicar os habituais
questionários com perguntas
relativas à rotina dessas pessoas”,
finaliza Andersen.