O vice-governador Murilo Zauith (DEM) condicionou sua candidatura ao Senado na chapa do governador André Puccinelli (PMDB) à indicação de um “andrezista” como seu suplente na eleição. O plano inicial é ter ao seu lado o deputado estadual licenciado e secretário estadual de Habitação, Carlos Marun (PMDB), ou o de Obras, Edson Giroto (PR). O problema será convencer Puccinelli a abrir mão do projeto de eleger Giroto deputado federal e garantir a reeleição de Marun para a Assembleia Legislativa. A proposta de Murilo seria uma maneira de acabar com o pesadelo de ficar sem o apoio do governador na disputa pelo Senado. Ele sabe da preferência de Puccinelli pela eleição do deputado federal Waldemir Moka (PMDB) e suspeita da infidelidade de prefeitos do PMDB, que podem fazer campanha a favor da “dobradinha” de Moka com o senador Delcídio do Amaral (PT). “Preciso da assinatura andrezista comigo para o Senado”, declarou Murilo, deixando claro que, sem um nome ligado a Puccinelli como suplente, não disputará a eleição na chapa majoritária do PMDB. Segundo o vice-governador, as articulações para garantir a indicação de um homem de confiança de Puccinelli para ser seu suplente estão sob a coordenação do chefe da Casa Civil do Estado, Osmar Jeronymo. Conforme ele, o nome sugerido por Jeronymo foi o de Marun. Lideranças do DEM incluem na negociação o nome de Giroto. A conversa de Mu ri lo com Osmar Jeronymo aconteceu depois de churrasco no CTG Querência do Sul, que encerrou a agenda de Puccinelli em Dourados, no sábado passado. Na ocasião, o democrata reafirmou seu descontentamento com as articulações do governador em torno da chapa majoritária do PMDB. “O Osmar ficou de articular o nome do Marun como meu suplente”, reforçou o vice- governador ontem ao Correio do Estado, advertindo, em seguida que, caso a proposta não vingue, “não vou aceitar ser coadjuvante na eleição”. Muri lo continua incomodado com os rumores de que Moka “dobraria” com Delcídio. Em Dourados, no sábado, Puccinelli voltou a dizer que o vice-governador só não será candidato a senador se não quiser. Murilo, porém, avaliou que o governador “forçou a barra”. “Veio aqui, fez barulho, fumaça”, comentou. “Não vou entrar na disputa sem ter garantia de apoio total. Me lança e depois cai fora, como na eleição de prefeito”, afirmou, citando a disputa pela Prefeitura de Dourados nas eleições de 2008. Antes de seguir para Campo Grande ontem, Murilo disse em Dourados que, caso não tenha esse respaldo do governador, tomará outro rumo, mas não antecipou o que pretende fazer: “Vou procurar o meu caminho”, resumiu. O presidente regional do PSDB, deputado Reinaldo Azambuja, concorda com o posicionamento de Murilo. “Ele sempre disse que quer concorrer ao Senado, mas com igualdade de condições. Portanto, nada melhor do que ter como suplente uma pessoa com a cara do André”, defendeu. Semana decisiva Na Capital, o vice-governador vai conversar com Reinaldo Azambuja e lideranças locais do DEM e do PPS sobre seu futuro político. O encontro vai ocorrer na próxima quinta-feira. Murilo reafirmou que o Bloco Democrático Reformista (BDR), integrado pelo PSDB, DEM e PPS, está unido e sempre apoiou o governo. Lamentou, entretanto, que ultimamente Puccinelli “toma atitudes sem combinar com o time”, citando a decisão do governador de convidar a prefeita de Três Lagoas, Simone Tebet (PMDB), para ser sua ca nd idata a vice.