MICHELLE ROSSI
Vestida de palhaça, a cabeleireira Edna Lima Bronze, 33 anos, acorrentou-se ontem à grade do Hospital Regional Rosa Pedrossian, no Bairro Aero Rancho, em Campo Grande, para protestar contra suposto erro médico cometido na unidade no dia 4 de abril deste ano. Ela também ficará sem comer durante o manifesto. Até o fechamento desta edição, ela permanecia acorrentada e prometia permanecer no local por tempo indeterminado. Além do procedimento cirúrgico, Edna reclama de uma cicatriz na barriga e da demora no diagnóstico do problema.
A cabeleireira contou que foi encaminhada à sala de cirurgia se queixando de fortes dores abdominais, recebeu o diagnóstico de apendicite, mas foi operada por conta de uma gravidez tubária. “Retiraram ovário e trompa, deixaram uma cicatriz que vai do umbigo até o fim da minha barriga e eu não fui nem informada sobre o procedimento. Estou revoltada, fui tratada feito palhaça”, desabafou a mulher.
Portando apenas uma sacola com cobertor e garrafas de água, Edna não ingressou com pedido de indenização na Justiça contra o hospital e disse que não tem intenção de receber nada. “Só quero protestar contra essa situação. É só esse o meu sentimento. O corte poderia ter sido feito em cima do outro corte que eu tenho por conta de uma cesária e não retalhar minha barriga desta forma”, reclamou a cabeleireira, que é casada e tem dois filhos. “Todos estão me apoiando”, garantiu.
Procedimento
Em março, a cabeleireira procurou o Posto de Saúde do Bairro Guanandy com fortes dores abdominais e relatando que fazia 25 dias que menstruava, sem pausa. Lá recebeu diagnóstico de infecção urinária. “Mandaram eu tomar antibiótico. Tomei os comprimidos conforme prescrito, mas a dor não passava”.
Ela retornou ao posto após concluir o tratamento com o antibiótico, mas ainda sofria com dores na região abdominal. A mulher contou que foi acusada pelos funcionários de estar criando aquela situação. “Disseram que o antibiótico deveria ter resolvido o problema e que a minha dor era psicológica, mas, mesmo assim, me transferiram para o Hospital Rosa Pedrossian, onde recebi o diagnóstico de apendicite e fui para a sala de cirurgia”.
Quando acordou da cirurgia, Edna foi informada que seu diagnóstico não era apendicite mas uma gravidez tubária. “Vi aquele corte imenso na minha barriga, fiquei revoltada. Disseram que tinham tirado um ovário, trompa, e também o apêndice. Foi aí que eu entendi. Não estava com problemas no apêndice”.
Edna retornou ao hospital para questionar a direção sobre o procedimento e disse que conseguiu conversar com o médico chefe da equipe que a operou, cujo nome não foi informado, mas foi insultada por ele. “Você não sabe o que eu ouvi”, disse, referindo-se ao modo como foi tratada na unidade médica.
Outro lado
O Hospital Regional Rosa Pedrossian confirmou, por meio de assessoria de imprensa, que a paciente realmente passou por uma cirurgia na data citada e que no prontuário o procedimento está descrito como procedimento gravidez tubária associada à apendicite. Quando questionado sobre o corte feito na barriga da paciente, e se realmente havia o quadro de apendicite, o hospital limitou-se a informar que só vai esclarecer as dúvidas à paciente e que está disponível para atender o caso.