O crescimento de 0,9% na área de soja em Mato Grosso do Sul na safra de verão, estimado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), é o menor entre os estados brasileiros. O plantio passou de 1,71 milhão de hectares para 1,73 milhão de hectares. Só o Pará, que manteve a área em 72,2 mil hectares, teve desempenho tão inexpressivo. Segundo o sexto levantamento da safra de grãos feito pela instituição, divulgado ontem, os produtores preferiram plantar cana-de-açúcar e surfar em melhores preços no mercado externo. Apesar da retração, a produtividade 17% maior deve elevar a produção para perto dos 5 milhões de toneladas da oleaginosa. A prova virá no próximo dia 20, quando a colheita deve ser concluída em MS. Até o momento, 70% da soja foi colhida na região Norte do Estado; no Sul, o índice é menor: 55%. A estimativa do presidente da Associação dos Produtores de Soja de MS (Aprosoja), Almir Dalpasquale, é de que 30 mil hectares foram transferidos da soja para a cana, uma perda de 2% do total da área destinada à oleaginosa entre as safras 2008/09 e 2009/10. “Parte dos produtores fizeram consórcio cana-soja, ou não plantaram porque estavam descapitalizados por causa da última safra, quando a estiagem trouxe muitos prejuízos”, avalia Dalpasquale. “Se os preços da soja continuarem nesses patamares, a tendência é que a área caia”. A produtividade de 2,8 mil sacas de soja por hectare anima o presidente da associação, que acredita em produção superior a 5 milhões de toneladas. A Conab espera 4,93 milhões de toneladas. “Acho que vamos bater os 5 milhões. O clima foi historicamente bom nesta safra, muito melhor do que no ano passado”, torce Dalpasquale. É a aposta na alta produtividade que torna o cená rio de preços menos assustador para os sojicultores. Os baixos valores praticados no mercado serão compensados pela maior quantidade de grãos prontos para venda. Mais grãos em MS A área destinada ao cultivo de grãos no Estado terá queda de 3,2%, aponta o levantamento, passando de 2,88 milhões de hectares para 2,79 milhões de hectares. Já a produtividade média das lavouras de soja, milho, arroz, feijão e algodão — entre outras de menor relevância — terá expansão de 22,9% na atual safra. A produção segue na esteira positiva e deve aumentar 19%, total de 8,4 milhões de toneladas de grãos. Primeira e segunda safras do milho vão totalizar 2,9 milhões de toneladas, salto de 26,9% na produção. A área, como já previa a pesquisa anterior, vai encolher em 96 mil hectares, e resultar em espaço de 842,5 mil hectares para a planta. As lavouras de feijão, na contramão do milho, vão ganhar 13,8% de expansão em seu território (16,9 mil hectares), de onde sairão 20 milhões de toneladas do grão, resultado 33% superior à última safra. Menos arroz Para o arroz, a expectativa da companhia é de queda de 27% na produção, o que significa mais de 50 mil toneladas a menos nos armazéns sul-mato- grossenses. A produtividade da lavoura poderá ter queda de 4,3%, chegando a 5,5 mil quilos por hectare. O espaço da planta será 24,5% mais magro, e cairá de 34,6 mil hectares para 26,1 mil hectares.