Entre as 9h e as 12h de ontem, 13 caminhões foram retidos e seus motoristas multados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) por transporte de minério de ferro em carrocerias de madeira. De acordo com o artigo nº 15 da Resolução 293, publicada pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran) em outubro de 2008, somente carretas com caçambas de ferro podem transportar o material, com o objetivo de diminuir problemas como capotamentos e sujeira das pistas. As autuações foram feitas no Posto da PRF “Mauro Higa”, na BR-262, município de Terenos. O artigo 15 estabelece que “O transporte de minério a granel só poderá ser feito em vias públicas em caçambas metálicas, dotadas de dispositivo que iniba o derramamento de qualquer tipo de material ou resíduo em vias públicas”. Segundo Wolney de Almeida Lima, inspetor rodoviário, “apesar de a resolução existir há mais de um ano, não houve muita divulgação, portanto, estamos trabalhando na conscientização dos motoristas”. A resolução fixa requisitos de segurança para inúmeros produtos transportados por rodovias do Brasil, como sucata, lingotes metálicos, carvão, entre outros. Segundo o inspetor da PRF, a diretoria do órgão ainda estuda o período em que não será feito o transbordo para caminhões com caçambas metálicas. “Provavelmente, de 20 a 30 dias, isso entrará em vigor”, acredita Wolney. Embora o Código Brasileiro de Trânsito (CTB) determine que os caminhões devam ficar retidos até que haja transbordo para veículos que se encaixem nas especificações, as carretas autuadas na manhã de ontem foram liberadas depois da multa de R$ 130. Segundo o inspetor, os caminhões que permaneceram retidos por cerca de duas horas, tinham como destino a cidade paulista de Itapeva. Todos vinham da Mineradora Urucum, em Corumbá. Retidos O último autuado pela PRF na manhã de ontem foi Ricardo Cordeiro, que transportava cerca de 31 toneladas de minério de ferro. Ele saiu na noite de ontem de Corumbá e, por volta das 12h20min, foi parado pelo inspetor Wolney. Aos 53 anos, Ricardo afirma que em seus 32 anos de profissão nunca teve problemas transportando o minério. Wolney também endossa o motorista, declarando que “nunca vi tombamento de minério de ferro em 30 anos de serviço, mas a lei é essa e temos de cumpri-la”. Com destino a Itapeva, o motorista afirma que em outras estradas do Brasil a fiscalização é pouca. “Essa questão diz mais respeito à habilidade do motorista que ao tipo de caçamba utilizado. Como é um material pesado, ele acaba estabilizando o veículo e dificultando que se corra”, alega Ricardo. Ferrovia Muito utilizada no transporte de minério de ferro, a Ferrovia Noroeste não consegue escoar toda a produção das mineradoras em Mato Grosso do Sul. Segundo Wolney, como parte das estradas de ferro está sendo reformada, os caminhões vêm sendo muito utilizados como alternativa. Contudo, o inspetor afirma que poucas transportadoras e motoristas se encaixam na resolução do CTB. “Motoristas autônomos dificilmente têm caçambas metálicas e o custo para trocá-las inviabilizaria que o fizessem”, pontua.