Silvia Tada
A morte de 2,9 mil cabeças de boi provocada pela onda de frio que atingiu Mato Grosso do Sul na semana passada e durou até a última segunda-feira gerou prejuízo estimado de R$ 3 milhões aos produtores. As perdas foram registradas em propriedades de 15 municípios, principalmente da região de fronteira com o Paraguai. Os animais enfrentaram temperatura entre 5 e 3 graus, com sensação térmica de 3 graus negativos, segundo levantamento da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro).
As reses atingidas, em sua grande maioria da raça nelore, eram bezerros recém-desmamados, de 8 a 12 meses de vida, sem reserva de gordura, que estavam em pasto que já sofria com os efeitos do inverno, quando a vegetação perde qualidade. Vacas magras também não resistiram às baixas temperaturas.
Aliado a este cenário, a falta de vegetação contribuiu para a mortandade. “Onde houve morte, as fazendas não tinham proteção, os chamados capões de mato. Nesses descampados, o gado morreu de hipotermia”, afirmou a diretora-presidente da Iagro, Maria Cristina Galvão Rosa Carrijo.
As mortes foram registradas nas primeiras 48h de queda de temperatura. “No primeiro dia de frio, estávamos com temperatura de 30 graus. De repente, em 4h ou 5h, caiu mais de 20 graus. Quando nossos técnicos chegaram às fazendas, havia animais vivos e, na hora de tirar a temperatura do gado, o termômetro nem mexia, de tão gelados que estavam”.
Para evitar novos transtornos, a recomendação da Iagro é para que, na ocorrência de frente fria, os proprietários retirem os animais das áreas mais altas e os coloquem em locais protegidos dos ventos.
Para Maria Cristina, não há qualquer possibilidade de a morte desses animais provocar alta no preços da carne no Estado. “Temos 21 milhões de cabeças de gado em Mato Grosso do Sul. A quantidade de animais mortos é equivalente à produção de apenas um frigorífico, em um dia”.