Nova York
O quadrinista Harvey Pekar, conhecido pela sua emblemática série de HQs batizada de “American Splendor”, morreu em Cleveland, nos Estados Unidos. O corpo do artista foi achado por sua mulher pouco depois da uma hora da manhã de ontem e as causas da morte não foram reveladas.
A vida de Pekar chegou aos cinemas em 2003 com o filme” Anti-herói americano”. O ator Paul Giamatti interpretou o quadrinista, conhecido por sua perspectiva ácida e irônica sobre o dia a dia do “americano médio”.
Pouco afeito aos eventos extraordinários e extremamente perturbado com os pequenos tapas da vida cotidiana, Pekar começou a escrever roteiros de histórias em quadrinhos sobre o único personagem a quem ele devia satisfação: ele mesmo. O cenário: sua vida, amigos, mulher e a poeira que se acumulava em tudo aquilo que Pekar amontoava em sua casa não exatamente para preservar, mas para não deixar partir.
Em sequências autobiográficas que começaram a ser desenhadas pelo amigo e parceiro das coleções de discos, Robert Crumb, Pekar passou a reconstruir a América das filas de supermercado, das estantes de arquivos perdidos, dos relacionamentos mornos e da banalidade que sempre começa e termina com frases gastas e, portanto, bastante representativas de uma América pouco louvada pela indústria do entretenimento.
A primeira edição de “American Splendor” foi publicada em 1976 e, pouco depois, transformou-se em preciosidade entre os fãs de quadrinhos adultos. Um dos “arcos” de história mais famosos da série é “Our cancer year”, HQ em que Pekar, ao lado de sua mulher Joyce Brabner, relatou todo o processo de tratamento do câncer linfático que teve no começo dos anos 1990.
No Brasil, parte de sua obra pode ser lida na edição “Bob & Harv – dois anti-heróis americanos”, da editora Conrad.
Com a morte de Pekar, a América e todos os fãs de quadrinhos perdem um grande porta-voz do senso crítico.