BRASÍLIA
O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, negou ontem que os partidos que apoiam a candidatura de Dilma Rousseff (PT) à Presidência já estejam partilhando cargos em um futuro governo. “Ninguém tem que pensar o que vai ser discutido depois (das eleições) porque não tem nada definido”, disse.
Padilha reagiu à declaração feita na véspera pelo candidato a vice na chapa de Dilma, deputado Michel Temer (PMDB-SP). Discursando a senadores, o presidente da Câmara afirmou que pretendia “partilhar o próximo governo”. “Não podemos discutir nada que vá além do dia 31 de dezembro. Nós estamos absolutamente focados até o final do ano, que é o contrato que nós temos com o presidente Lula de entregar as obras e ações”, continuou Padilha.
As declarações do ministro foram feitas ao chegar a almoço de deputados da base governista, em Brasília.
Temer também tentou consertar a metáfora sobre a “partilha do pão” que utilizou ao falar com senadores da base aliada e ministros. Ao chegar ao evento, oferecido pelo ex-líder do PR Luciano Castro (RR) a deputados da base aliada e ministros -, ele retificou: “Primeiro temos que partilhar esforços para ganhar a eleição. Dilma é a presidenciável, ela vai decidir o que fazer no governo dela. Não sei o que vai acontecer depois da eleição”, despistou.
Ele se mostrou embaraçado com a repercussão da declaração de anteontem, em que falou sobre partilhar o pão e o futuro governo com os senadores e ministros. “Sou um vice discreto. Quero exercer discretamente minhas tarefas”, declarou. De fato, ontem ele buscou a discrição. Chegou ao final do almoço, por volta das 14 horas, “para dar um abraço no Luciano”, quando a maioria dos convidados já havia saído. Mas, como a imprensa não havia dispersado, ele não escapou das perguntas na saída.
O líder do governo na Câmara, Candido Vaccarezza (PT-SP), também tentou amenizar as declarações do presidente da Câmara sobre a partilha do futuro governo. “Não estamos dividindo governo, não é hora de dividir. Os partidos que participam da aliança têm peso, mas quem definirá a equipe é a presidente Dilma”, afirmou.
Padilha completou que não vê “demarcação de território” nesta fase da campanha eleitoral. O que ele vê, frisou, “é uma aliança ampla, a maior aliança de partidos” apoiando a candidata do PT. Além do PT e do PMDB, mais oito partidos integram a coligação de apoio à Dilma. Entre eles, PSB, PCdoB, PDT, que disputarão com petistas e peemedebistas uma fatia do eventual governo da petista.