Militares voltam do Haiti e trazem alívio a familiares
28 JAN 10 - 22h:17BRUNO GRUBERTT
Militares brasileiros que
trabalhavam na missão de
paz no Haiti há mais de seis
meses, incluindo 27 de Mato
Grosso do Sul, desembarcaram
em Campo Grande na
madrugada de ontem, o que
trouxe alívio aos familiares.
Apesar da recomendação de
que os militares deveriam
ficar isolados até sexta-feira
(29), alguns parentes esperavam
ansiosos por eles na Base
Aérea de Campo Grande.
A aeronave KC-137 partiu
de Porto Príncipe direto para
Campo Grande e, após viajarem
por cerca de sete horas,
os 130 homens do 11º contingente
brasileiro a trabalhar na
missão de paz da Organização
das Nações Unidas (ONU)
no Haiti chegaram a Campo
Grande, pouco antes de 1 hora
da manhã de ontem.
Eles estavam naquele País
desde julho de 2009 e, após o
terremoto que arrasou o Haiti
(7 graus na escala Richter, no
início da noite de terça-feira,
12/1), tiveram o retorno atrasado
para auxiliar no socorro
às vítimas e realizar ações
emergenciais. A volta deles
foi garantida com a chegada a
Porto Príncipe do 12º contingente,
formado por militares
do Comando Militar do Sul.
Sentimento
O capitão Fábio Grisólia
de Ávila relatou, logo após
o desembarque, o que sentia
ao pisar novamente em solo
brasileiro. “É uma mistura
de alegria, por estar de volta,
e de pesar pelos companheiros”,
disse o capitão, emocionado.
Ontem, quando chegou,
Ávila disse que foi difícil
conter a emoção. Mas no
Haiti, durante os trabalhos,
a emoção teve de ser deixada
de lado para dar lugar à força.
“Conseguimos uma boa maneira
de deixar o sentimento
de pânico de lado para ajudar”,
salientou, ao lembrar
do dia em que aconteceu o
terremoto.
Família
O atraso na chegada também
aumentou a aflição das
famílias, que esperavam ansiosas
pela chegada dos “boinas
azuis” de Mato Grosso do
Sul – oito são de Aquidauana,
15 de Jardim, três de Campo
Grande.
Francisca Janes, de 34
anos, é esposa do sargento
Raimundo Duarte, e, mesmo
com a informação de que não
poderia ter contato com o marido
no desembarque dele, ela
resolveu ir até a Base Aérea e
levar o filho Lukas Adriano,
que acabara de completar
dois anos, para rever o pai.
Como parte do procedimento
padrão, quando chegam
de missões internacionais,
os militares brasileiros têm
de passar por avaliações psicológicas
e exames de saúde.
Para isso, ficam em um período
de “quarentena”, sem
contato com a família.
Apreensivo, enqua nto
aguardava a chegada do
avião em que estava o pai dele,
Lukas não desgrudou da
mãe um minuto sequer. “É
muita ansiedade. Disseram
que não era para vir, mas
eu vim mesmo assim”, disse
Francisca.
Assim que o avião tocou o
solo, mãe e filho já aguardavam
à beira da pista. Naquele momento,
Lukas deixou de abraçar
a mãe, para acenar em direção
ao avião à procura do pai.
Eles assistiram à chegada
da tropa e, no rosto de Francisca,
estava o sentimento
de alívio ao ver o marido em
meio aos outros militares.
Lukas só se conteve quando
o pai chegou ao lado dele.
Para a alegria da família, o
protocolo foi quebrado, porém,
o encontro resumiu-se
a poucos minutos e um abraço.
Agora, o sargento Duarte
deve aguardar até sexta-feira
para voltar a ver o filho e a
esposa, quando for liberado
da “quarentena”.