Paulo Cruz com Autopress, São Paulo
Demorou. Mas, afinal, o Brasil entra para o seleto grupo de países que vendem carros híbridos, aqueles que funcionam com um motor elétrico e outro a combustão (gasolina) conjugados. O modelo que chega por aqui, inaugurando o segmento, é para poucos bolsos. O Mercedes-Benz S400 Hibrid custa US$ 253,5 mil – aproximadamente, R$ 460 mil.
O sofisticado sedã tem um complexo sistema que coordena um motor V6 com outro elétrico e custa US$ 253,5 mil – aproximadamente, R$ 460 mil.
No mesmo dia em que o S400 Hibrid foi apresentado, a Mercedes lançou também o Smart mhd. A versão vem sempre na cor “amarelo-canário” com uma faixa vertical trazendo um detalhe da bandeira brasileira sobre insólitas seis estrelas – cinco cheias e uma tão vazia quanto a promessa de título da seleção de Dunga. O preço oficial é de R$ 49.900. Mas a encomenda foi de 300 unidades e apenas 75 delas foram comercializadas nas três semanas anteriores à eliminação. Ou seja: são grandes as chances dos 225 Smart mhd restantes entrarem em promoção.
Mesmo sem prever qualquer desconto, a Mercedes buscou formar um preço atraente para o Smart. Mas a principal preocupação era obter bons índices de economia, até para justificar o principal argumento de marketing. Para isso, usa pneus de menor atrito, teve o peso aliviado em 20 kg e a potência do motor 1.0 foi reduzida de 84 cv para 71 cv na versão mhd, de micro hybrid drive ou micromovimentação híbrida. A sigla se refere ao sistema que gerencia o mecanismo start-stop do Smart – que está presente também no S400h. O mhd consiste em um gerador coordenado por uma série de sensores que substitui o motor de partida e o alternador. É ele quem permite o liga e desliga a cada imobilização do veículo. Apenas este sistema promove uma economia de até 8% no uso rodoviário e 20% no uso urbano. Segundo a Mercedes-Benz, ele é capaz de cumprir a média de 19,8 km/l no Smart mhd “Brazilian Edition”.
No caso do S400h, o sistema mhd funciona como um adicional ao sistema Hybrid, bem mais complexo. O motor a gasolina é o mesmo que equipa a E350, por exemplo. Trata-se de um 3.5 V6 de 279 cv de potência e 38,3 kgfm de torque entre 2.400 e 6 mil giros. Já o propulsor elétrico, que fica acoplado ao eixo que liga o volante do motor à caixa de marchas, fornece apenas 20 cv. Ou seja, agrega pouco mais de 7% de potência. Por outro lado, ele injeta nada menos que 16,3 kgfm, ou 42,5% de torque a mais no sistema. A diferença fica evidente nas arrancadas e retomadas, quando o sistema hybrid potencializa ou economiza o trabalho do motor a combustão. No total, o trem de força trabalha com 299 cv de potência e 54,6 kgfm de torque. Com esta margem de força e em conjunto com o sistema mhd, o S400h fica 19% mais econômico que o S350, que usa o mesmo propulsor V6, mas sem o sistema Hybrid. A Mercedes pretende emplacar até o final do ano 60 unidades do S400h, ou cerca de 10 a cada mês.
Ao volante
Estar no comando de um Mercedes Classe S é bem divertido. Mas dirigir uma S400h é bem mais. Na hora em que os 16,3 kgfm de torque extras do motor elétrico são injetados, de uma só vez, todos a bordo recebem um “coice”, devidamente amortecido pelo bancos, que mais parecem poltronas – os dianteiros têm, além de todas as regulagens possíveis, aquecedor e massageador de costas. Em números apontados pela marca, o zero a 100 km/h é cumprido em 7,3 segundos e a máxima fica nos 250 km/h graças ao limitador eletrônico de velocidade. O motor 3.5 V6 é gerenciado por um câmbio G7-Tronic, de sete marchas, com mudanças através de borboletas no volante.
A personalidade agressiva do S400h durante as acelerações e retomadas faz até esquecer que se está a bordo de um carro tradicionalmente sóbrio e conservador. Mas basta enfrentar situações mais corriqueiras, como trânsito urbano ou velocidade de cruzeiro numa rodovia, para o velho caráter do sedã alemão reaparecer: o mundo fica do lado de fora, quase incomunicável, isolado por uma capa de silêncio e conforto.