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Médico infectologista diz que vacina não isenta a pessoa dos cuidados adicionais contra gripe

Médico infectologista diz que vacina não isenta a pessoa dos cuidados adicionais contra gripe

MILENA CRESTANI

22/07/2012 - 19h25
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Atualmente já não há vacinas disponíveis nos postos de saúde. Quais outros cuidados a população pode tomar? 

 

Higienização das mãos, evitar ambientes fechados e com pouca circulação do ar, cuidados ao tossir, procurando usar anteparos, como lenço descartável. A utilização de medicação antiviral não substitui a vacina, mas é uma arma importante no tratamento da doença e na prevenção de formas graves da gripe H1N1.

Qual o tempo para que a vacina comece a fazer efeito? 
O início da proteção se dá entre duas a três semanas. O fato de o indivíduo estar vacinado não o isenta dos cuidados adicionais. Ele pode adquirir uma forma branda da doença. A vacinação é anual, a proteção conferida pela vacina em 2012 pode não ser a mais adequada para os anos seguintes. Quem pertence aos segmentos mais vulneráveis a ter a forma grave da doença, tem indicação de tomar a vacina. É de se lamentar a omissão daqueles que não o fizeram, mesmo tendo a vacina custeada por recursos públicos.

Pelos dados confirmados pela Secretaria Estadual de Saúde, a maioria das mortes ocorre com pessoas na faixa etária de 20 a 30 anos. Por quê? 
Aqueles grupos identificados durante a pandemia como de maior risco de doença grave ou fatal provavelmente vão continuar com maior (risco), embora com um menor número de casos. Além do que já foi dito anteriormente com relação aos nichos de predominância do H1N1, a proteção conferida pela vacina em grupos na faixa etária nos extremos, crianças abaixo de 2 anos, adultos acima de 60 anos, profissionais de saúde, gestantes, pessoas com deficiência imune, assim a suscetibilidade para infecção é deslocada para as faixas etárias que não são protegidas pela vacina. Outra possibilidade é o fato de os mais idosos terem adquirido maior imunidade no decorrer da vida, por exposição mais frequente ao vírus da influenza.

O senhor considera necessário incluir outras faixas etárias nos grupos considerados de risco e, portanto, prioritários para vacinação? 
Não. A vacinação é uma medida de proteção coletiva com indicações direcionadas de acordo com algumas variáveis. Na influenza, os vírus são muito mutáveis variando periodicamente e os componentes da vacina estão direcionados para as características do vírus, que prevalece naquele determinado período. Sou da opinião que há a necessidade de observar o comportamento da doença no País, mantendo vacinado somente os grupos considerados de maior vulnerabilidade para avaliar com maior segurança a possibilidade de incluir outras faixas etárias.

Em 2010 e 2011 não ocorreram mortes por gripe suína em MS. Por que neste ano voltamos a ter casos? 
A ausência de formas graves da doença pode significar que a proteção vacinal teve uma grande amplitude, indo além dos grupos mais vulneráveis. Essa pode ser uma explicação, dentre muitas outras, que podem ser aventadas.

Quais as principais diferenças dos tipos de gripes? 
Temos a gripe sazonal, transmitida pelo vírus H3N2 e a gripe popularmente conhecida como suína que é a H1N1, além da gripe aviária (H5N1). Para a primeira, as pessoas com mais de 60 anos já estavam se vacinando. Em 2009 surgiu a H1N1, que circulou no mundo todo e por isso tornou-se pandemia. Nesta época, surgiu a possibilidade de ela ser semelhante à gripe espanhola, mas foi visto que a gripe suína não tinha a mesma gravidade, ficando no nível epidêmico, semelhante ao H3N2, que é sazonal. Neste período pós-pandemia o vírus H1N1 pode predominar em algumas regiões.

A diferença hoje, então, está na gravidade da gripe suína? 
Ela tem uma constituição que requer uma tempestade de defesa do organismo, que se mobiliza contra este vírus. Não estamos tão preparados para esta gripe. No vírus que circula anualmente, as pessoas já se infectaram várias vezes, mas a H1N1 é estranha ao organismo e por isso fala-se de uma tempestade de citocinas. 

E como diferenciar os sintomas? 
Em ambos os tipos de gripe o paciente terá febre, mas na H1N1 ela será mais alta. Os pacientes também apresentam os sintomas gerais da gripe (dor no corpo, tosse, dor de garganta), mas que se apresentam de forma mais grave na suína. Também chama a atenção o fato de que na gripe comum, a pessoa tende a ter coriza e na outra o paciente apresenta menos coriza. Como as diferenças são sutis, ficou convencionado que a pessoa que apresente quadro gripal não ficará preocupada em diferenciar se está com H1N1 ou H3N2, pois receberá o medicamento Tamiflu. O que está acontecendo é de muitas pessoas ainda ficarem em casa e tomarem apenas um chá quando apresentam os sintomas de gripe. A orientação é para procurar o serviço médico, onde será prescrita essa medicação.  

Cidades

Justiça recusou 6 pedidos de tratamento para réu que morreu na prisão, diz advogado

José Roberto de Souza, acusado de matar o empresário Antônio Caetano de Carvalho durante audiência no Procon, morreu de complicações causadas por uma pneumonia

19/04/2024 18h30

Gerson Oliveira/Correio do Estado

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Defesa do ex-policial militar reformado, José Roberto de Souza, que morreu nesta manhã em decorrência de complicações causadas pela Influenza tipo A, alega que a Justiça recusou seis pedidos de atendimento médico ao réu nos últimos oito meses.

O ex-pm está preso desde o dia 16 de fevereiro de 2023, três dias após o crime que resultou na morte do empresário Antônio Caetano de Carvalho, de 67 anos, no Procon/MS.

A defesa foi informada da morte por volta das 11 horas da manhã desta sexta-feira (19). O último pedido para tratamento médico havia sido feito pouco antes da morte de José, às 8h.

"Este caso deixa tanto a mim quanto a minha equipe, em uma situação extremamente triste, até com uma sensação de impotência. Porque eu e o doutor Jackson, que foi quem manuseou grande parte dos pedidos desde que aconteceu aquele fatídico problema no Procon, temos informado ao juiz da segunda vara do tribunal do júri as complicações físicas da doença que o nosso cliente possuía", declarou o advogado de defesa, José Roberto da Rosa.

Segundo o advogado, além de problemas psiquiátricos, o réu possuía doença renal crônica e diabetes, além de complicações cardíacas. O primeiro pedido para atendimento médico de José foi feito em setembro do ano passado, mas recusado, já que o Ministério Público teria alegado que a defesa não teria conseguido provar que o cliente estava doente.

"Chegou em um ponto que nós interpusemos um habeas corpus junto ao tribunal, não obtivemos a prestação jurisdicional, e antes da saída para o final do ano [2023], nós ingressamos com outro habeas corpus, mais precisamente no dia 22 de dezembro, onde havíamos dito que o nosso cliente estava doente e precisava de tratamento", acrescentou Rosa.

A única medida tomada pela Justiça, segundo o advogado, foi retirar o réu do presídio militar, onde ele não estava recebendo os tratamentos adequados - por falta de escolta e por falta de médicos -, para transferí-lo a outra unidade penal "comum", onde ele poderia receber atendimento médico especializado.

"Ao invés de determinar que ele fosse tratado, o Tribunal de Justiça tirou a condição dele de policial militar e o direito de estar no presídio militar, e o mandou para um presídio comum. Aí ele ficou no Centro de Triagem, com o atendimento dos médicos", explicou o advogado. 

Na última semana, os advogados foram visitar José, que pediu por socorro. Ele teria pedido "doutor, eu preciso de atendimento médico".

"E todos os pedidos rechaçados pelo juiz da segunda vara do tribunal do júri. O habeas corpus, que nós entramos em dezembro do ano passado, até hoje não foi posto em mesa para julgamento. Então, é uma decepção enquanto advogado", afirmou Rosa.

Segundo o advogado, a morte de José pode ser colocada na conta do Poder Judiciário.

"A  conta sobre a morte desse homem é exclusivamente debitada ao Poder Judiciário. Talvez agora, com a certidão de óbito, a gente consiga provar que o nosso cliente estava doente, porque foram oito meses de peticionamento em que promotor disse que nós não conseguimos provar que o nosso cliente estava doente, onde todos os pedidos que foram encaminhados, o juiz de direito, que oficia perante a segunda vaga do Tribunal do Júri, disse que não ia liberar ele para tratamento. Então agora eu vou juntar a certidão de óbito para mostrar que nós tínhamos razão", disse o advogado.

O advogado quer que a família da vítima entre com um processo para culpabilizar o Estado.

"Infelizmente, agora não adianta mais autorizar o tratamento. Ele morreu hoje em decorrência do quadro agravado pelo problema renal crônico. Ele foi contaminado com influenza dentro do presídio, porque o sistema imunológico dele estava muito comprometido, o tratamento que ele precisava receber, ele não recebeu, e infelizmente hoje ele não aguentou", finalizou.

O Crime

No dia 13 de fevereiro deste ano, o empresário Antônio Caetano de Carvalho, de 67 anos, foi morto a tiros pelo policial militar reformado, José Roberto de Souza, durante audiência de conciliação realizada no Procon.

A vítima era proprietária da empresa Aliança Só Hilux, especializada em peças de Hilux e SW4, que havia realizado a troca do motor de uma SW4 para José Roberto.

Durante a primeira audiência de conciliação, realizada na sexta-feira anterior, dia 10 de fevereiro, José Roberto pediu que Caetano entregasse as notas fiscais referentes aos serviços prestados pela empresa para a troca do motor de seu veículo blindado, trabalho avaliado em quase R$ 30 mil.

Aproveitando as tratativas, Caetano cobrou do cliente R$ 630 reais devidos, referentes a uma troca de óleo realizada no ano anterior. Na segunda audiência, então, Caetano levaria as notas fiscais e José Roberto o dinheiro que devia.

No entanto, após uma desavença logo no início da audiência de conciliação, José Roberto efetuou três disparos contra Caetano, dois na cabeça e um na nuca. A vítima morreu no local.

Três dias após o crime, José Roberto de Souza se apresentou à polícia.

primeira audiência que investiga o caso foi realizada no dia 3 de julho do ano passado, e ouviu testemunhas de acusação e defesa. Oito pessoas prestaram depoimento, sendo duas delas funcionárias do Procon, uma advogada que presenciou o crime, um funcionário da vítima, o investigador da 1ª Delegacia de Polícia de Campo Grande, responsável pelo caso, o filho da vítima e dois conhecidos de longa data do acusado.

Valéria Christina, a conciliadora que trabalhava com o caso, não compareceu para prestar depoimento. Segundo informado durante a audiência, a servidora foi transferida para outro órgão após o ocorrido, e segue afastada desde então por questões de saúde.

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Pesquisa

Extrema pobreza cai a nível recorde; dúvida é se isso se sustenta

O país terminou o ano passado com 18,3 milhões de pessoas sobrevivendo com rendimentos médios mensais abaixo de R$ 300

19/04/2024 18h00

A PnadC de 2023 mostrou que os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Foto: Favela em Campo Grande - Gerson Oliveira/Correio do Estado

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A expressiva alta da renda em 2023 reduziu a pobreza extrema no Brasil ao seu nível mais baixo da série histórica, a 8,3% da população. O país terminou o ano passado com 18,3 milhões de pessoas sobrevivendo com rendimentos médios mensais abaixo de R$ 300. Apesar da queda, isso ainda equivale a praticamente a população do Chile.

O cálculo é do economista Marcelo Neri, diretor da FGV Social, a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PnadC), do IBGE.

Em relação a 2022, 2,5 milhões de indivíduos ultrapassaram a linha dos R$ 300, numa combinação de mais transferências pelo Bolsa Família, aumento da renda do trabalho e queda do desemprego. A grande dúvida é se o movimento —e mesmo o novo patamar— seja sustentável.

A PnadC de 2023 mostrou que os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Todas as classes de renda (dos 10% mais pobres ao decil mais rico) tiveram expressivos ganhos; e o maior deles deu-se para os 5% mais pobres (38,5%), grandes beneficiados pelo forte aumento do Bolsa Família —que passou por forte expansão nos últimos anos.

Entre dezembro de 2019 (antes da pandemia) e dezembro de 2023, o total de famílias no programa saltou de 13,2 milhões para 21,1 milhões (+60%). Já o pagamento mensal subiu de R$ 2,1 bilhões para R$ 14,2 bilhões, respectivamente.

Daqui para frente, o desafio será ao menos manter os patamares de renda —e pobreza— atuais, já que a expansão foi anabolizada por expressivo aumento do gasto público a partir do segundo semestre de 2022.
Primeiro pela derrama de incentivos, benefícios e corte de impostos promovidos por Jair Bolsonaro (PL) na segunda metade de 2022 em sua tentativa de se reeleger. Depois, pela PEC da Transição, de R$ 145 bilhões, para que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pudesse gastar mais em 2023.

Como esta semana revelou quando governo abandonou, na segunda-feira (5), a meta de fazer superávit de 0,5% do PIB em suas contas em 2025, o espaço fiscal para mais gastos exauriu-se.

A melhora da situação da renda dependerá, daqui para frente, principalmente do mercado de trabalho e dos investimentos do setor privado. Com uma meta fiscal mais frouxa, os mercados reagiram mal: o dólar subiu, podendo trazer impactos sobre a inflação, assim como os juros futuros, que devem afetar planos de investimentos empresariais e, em última instância, o mercado de trabalho.

Apesar do bom resultado em 2023, algumas análises sugerem que o resultado não deve se repetir. Segundo projeções da consultoria Tendências, a classe A é a que terá o maior aumento da massa de renda real (acima da inflação) no período 2024-2028: 3,9% ao ano. Na outra ponta, a classe D/E evoluirá bem menos, 1,5%, em média.

Serão justamente os ganhos de capital dos mais ricos, empresários ou pessoas que têm dinheiro aplicado em juros altos, que farão a diferença. Como comparação, enquanto o Bolsa Família destinou R$ 170 bilhões a 21,1 milhões de domicílios em 2023, as despesas com juros da dívida pública pagos a uma minoria somaram R$ 718,3 bilhões.

A fotografia de 2023 é extremamente positiva para os mais pobres. Mas o filme adiante será ruim caso o governo não consiga equilibrar suas contas e abrir espaço para uma queda nos juros que permita ao setor privado ocupar o lugar de um gasto público se esgotou.

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