Fábio Dorta, de Dourados
Terminou em confusão a tentativa da Câmara Municipal de Dourados de realizar, na manhã de ontem, a primeira sessão ordinária depois da prisão de nove dos 12 vereadores por denúncias de corrupção na Operação Uragano da Polícia Federal. Quando o vereador Aurélio Bonatto (PDT), que presidia a sessão, tentou dar início aos trabalhos, o auxiliar administrativo Adaílton Castro de Souza invadiu o plenário e atirou um sapato que atingiu o rosto de Bonatto. No mesmo momento, várias moedas foram atiradas em direção ao plenário. Adaílton ainda tentou agredir fisicamente o vereador, mas foi dominado por um segurança da própria Câmara e por policiais militares, colocado em um camburão da PM e depois levado para o 1º Distrito Policial.
“Eu estou aqui no camburão, mas eles (os vereadores) é que deveriam estar presos. Eu sou um pai de família honesto”, afirmou Adaílton, antes de ser levado para o 1º DP. Ele disse que decidiu agredir Bonatto porque, enquanto os políticos roubam dinheiro, ele não consegue nem mesmo uma consulta para a filha, com problemas de saúde, em um posto de saúde.
Em dezembro de 2008, o jornalista iraquiano Muntazer al-Zaidi agrediu o presidente dos Estados Unidos da América, George Bush, com uma sapatada e ficou famoso no mundo inteiro. Aos olhos dos muçulmanos, uma sapatada é considerada uma grande ofensa.
Bonatto foi um dos vereadores presos durante a operação, mas está em liberdade desde a última sexta-feira, quando seus advogados conseguiram habeas corpus. Ele iria presidir a sessão porque é segundo-secretário da Mesa Diretora. O presidente Sidlei Alves (DEM) e o primeiro-secretário Humberto Teixeira Júnior (PDT) permanecem presos. O vereador Zezinho da Farmácia (PSDB), que também continua preso, renunciou ao cargo de vice-presidente da Câmara.
Com a confusão, os vereadores se retiraram e foram para a sala de reuniões, que fica no segundo andar do prédio onde empossaram o suplente Aparecido Medeiros (DEM), que assumiu o lugar de Idenor Machado, nomeado Secretário Municipal de Educação pelo prefeito interino, o juiz Eduardo Machado Rocha. Depois de empossar Medeiros, os vereadores suspenderam a sessão, alegando falta de segurança.
Protesto
A Polícia Militar teve muito trabalho para garantir a segurança. Além da galeria lotada com a presença de cerca de 300 pessoas, centenas de manifestantes com faixas e cartazes também se postaram nas portas da frente e dos fundos do prédio da Câmara. Quando Bonatto tentou iniciar a sessão, várias moedas foram atiradas em direção ao plenário.
Além de Bonatto, outro vereador preso compareceu à sessão, Júlio Artuzi (PRB). Também em liberdade, Marcelo Barros (DEM) e José Carlos Cimatti (PSB) não foram à Câmara. O suplente Cemar Arnal (sem partido), que também poderia tomar posse por causa dos pedidos de licença de Marcelo Hall (PR) e Edivaldo Moreira (PDT), não apareceu na sessão e, por isso, ainda não foi empossado.