A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, précandidata a presidente da República, disse a parlamentares petistas de Mato Grosso do Sul que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não vai ceder à pressão do PMDB para convencer o ex-governador José Orcírio dos Santos (PT) a retirar sua pré-candidatura ao Governo do Estado. Em reunião com o senador Delcídio do Amaral (PT) e os deputados federais Vander Loubet (PT) e Dagoberto Nogueira (PDT), Dilma deixou clara a posição do presidente de apoiar a candidatura de José Orcírio numa disputa com o governador André Puccinelli (PMDB). “Jamais o presidente Lula vai pedir para o Zeca (Orcírio) não ser candidato”, comentou Dilma. O deputado federal Vander Loubet confirmou a conversa da ministra sobre a postura do presidente em defesa de José Orcírio na relação conflituosa do PT com o PMDB em Mato Grosso do Sul. “O máximo que Lula pode fazer com Zeca é chamá-lo a passar o fim de semana aqui (em Brasília) com a dona Gilda e perguntar se ele quer mesmo ser candidato a governador. Mas jamais vai pedir para não ser candidato”, reiterou a ministra, segundo Vander, ao falar sobre a pressão do governador André Puccinelli para retirar José Orcírio da disputa em troca de construir palanque para Dilma em Mato Grosso do Sul. “Se tiver dois palanques, tudo bem. Mas o Zeca é o nosso candidato”, comentou Dilma, que aceita subir no palanque de André durante a campanha eleitoral, se for convidada. O governador, no entanto, avisou que a ministra não terá espaço em seu palanque se José Orcírio concorrer à eleição. Então, a ministra sabe que terá o governador como adversário na campanha presidencial. A sinalização está, inclusive, na ameaça de André apoiar a candidatura do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), no caso de o PT decidir enfrentá-lo na sucessão estadual com José Orcírio. A condição imposta por André para apoiar Dilma é não ter o ex-governador atrapalhando a sua reeleição. Como Dilma não pretende, também, criar dificuldades para o PT no Estado, pouco se importa em ficar sem o apoio do PMDB. Rival de André, José Orcírio defende dois palanques em Mato Grosso do Sul, como pode acontecer na Bahia. O PMDB do ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, prometeu montar palanque para Dilma e o PT do governador Jaques Wagner construiria o seu para recebê-la na campanha presidencial. O deputado federal Vander Loubet acredita ser esta a saída política para ajudar a ministra a ganhar a eleição no Estado. Apenas o senador Delcídio do Amaral não aposta na hipótese de se montarem dois palanques. Ele acha praticamente impossível conciliar os discursos em favor de Dilma quando os seus aliados estarão guerra eleitoral, sem trégua. Só depende do PT Para a ministra Dilma Rousseff, só depende do PT de Mato Grosso do Sul a consolidação da candidatura de José Orcírio dos Santos à sucessão estadual, porque já conta com as bênçãos do presidente Lula e da cúpula nacional do partido. O deputado Vander Loubet concorda com a ministra. “Nós fizemos a nossa parte, unimos com o senador Delcídio do Amaral e temos o PDT na aliança. Agora, cabe ao PT fazer a sua parte”, comentou. Pa ra o PT fazer a sua parte, o ex-governador vai depender muito do empenho irrestrito do senador Delcídio do Amaral. O deputado Vander Loubet não tem mais nenhuma dúvida do envolvimento de Delcídio na campan ha de José Orcírio. Para ele, as diferenças ficaram para trás. “São coisas do passado. O próprio Delcídio já deu sinais da dificuldade de o PT fazer aliança com o PMDB em Mato Grosso do Sul em decorrência dos erros do Governo”, concluiu.