Lula aproveita o PAC 2 para inflar a candidatura da ministra
10 MAR 10 - 10h:05
O presidente Luiz Inácio
Lula da Silva quer lançar o
PAC 2 – Programa de Aceleração
do Crescimento – no dia
29 de março, cinco dias antes
da data-limite para a ministra-
chefe da Casa Civil, Dilma
Rousseff, deixar sua cadeira
de gestora do governo e “mãe”
do programa. Na tarde de ontem,
houve mais uma rodada
de reuniões sobre o PAC, com
novas discussões das áreas de
transportes e portos. O governo
evita detalhar os projetos
que quer deixar assegurados
no Orçamento da União do
ano que vem, porque quer
lançar o PAC com grande festa
e muita pompa, para inflar
a candidatura de Dilma.
Na reta final antes da
saída da ministra, Lula dedica
boa parte do seu tempo
a ajudar na campanha
da sua candidata à sucessão
no Planalto. Dos cinco dias
úteis desta semana, Lula estará
três deles com Dilma à
tiracolo pelo País e nos outros
dois dias, dedicado às
discussões do PAC, plano
que não será colocado em
prática por este governo.
A prioridade do PAC 2 é focar
em projetos que atendam
as regiões metropolitanas das
grandes cidades, mostrando
que há um planejamento para
o futuro e que, com Dilma no
Planalto, haverá continuidade
do atendimento das regiões
mais carentes. O PAC 2 está
sendo feito pelo mesmo Lula
que, há dias, disse ao jornal “O
Estado de S. Paulo” que evitou
lançar o PAC 1 na campanha
de 2006 para evitar acusações
de lançar um programa com
objetivo eleitoral.
Originalmente, a reunião
de ontem seria para tratar de
energia, transportes e portos.
Mas a agenda de energia foi
transferida para amanhã. No
mesmo dia, também serão
discutidas propostas de infraestrutura
social e urbana.
Seis ministros e dirigentes de
empresas do governo, como
DNIT e agências reguladoras
como a ANTT, foram convocados
para a reunião da área
de transportes.
A ideia do presidente Lula
e seus principais assessores
é que Dilma deve aproveitar
o espaço no noticiário que
a oposição, sem candidato
formal, ainda não consegue
preencher. O Planalto
está convencido de que Dilma
deve exibir ao máximo
o rosto de candidata e não
esperar o anúncio oficial da
candidatura do governador
paulista, José Serra (PSDB), e
a possível presença do governador
mineiro, Aécio Neves.
Lula orientou a ministra a
aumentar, neste mês de março,
a exposição pública em
eventos em Brasília, em São
Paulo e no sertão nordestino.
Hoje, Dilma viajará com
Lula a São Paulo, principal
reduto do PSDB. A ministra
e o presidente inauguram
uma usina termelétrica em
Cubatão. Depois, sozinha,
ela visita a Feicana, uma feira
promovida pelo setor do
álcool em Araçatuba. Na sexta-
feira, Dilma viajará com
Lula a Curitiba, onde visitarão
a Refinaria do Paraná, da
Petrobras. Ela ainda poderá
esticar sua viagem a Londrina,
onde visitaria um call
center. Antes de se afastar do
cargo, o que deve ocorrer até
o dia 3 de abril, Dilma deve
fazer um giro pelo principal
reduto eleitoral do presidente.
Ela acompanhará Lula numa
viagem ao sertão nordestino
no próximo dia 23. O roteiro
inclui canteiros de obras
da ferrovia Transnordestina,
em Salgueiro, semiárido pernambucano,
e Paulistânia, no
Piauí. No dia 26, a dupla vai à
Bahia, onde deverá anunciar
entrega de residências do programa
“Minha Casa, Minha
Vida”, em Salvador, e visitar
as obras de um gasoduto em
Itabuna, no sul do Estado.