Cícero Faria, Dourados
Produtora de mais de 60% dos grãos de Mato Grosso do Sul a região da Grande Dourados tem pouco a se queixar quando o assunto é o transporte rodoviário. As rodovias federais por onde são escoadas as duas principais safras estão em boas condições de tráfego porque passaram por recuperação recentemente, embora algumas estaduais necessitam de maior manutenção.
A capilaridade do sistema de transporte de produtos agrícolas nesta região tem logística bem definida: das propriedades agrícolas saem as cargas transportadas em pequenos caminhões até os armazéns de cooperativas e cerealistas nas cidades. Depois os grãos são embarcados em carretas de grande tonelagem para as indústrias e aos portos de exportação.
A Grande Dourados é cortada pelas mais importantes rodovias federais do Estado: a BR - 163, a BR - 463, a BR - 267 e a BR - 376 por onde passa a produção de soja e milho rumo aos Estados de São Paulo e Paraná, Rio Grande do Sul – como ocorre atualmente com o milho.
Dependendo apenas de carretas e bi-trens para que as cargas cheguem ao seu destino, os números são grandiosos quando envolvem as transportadoras: nesta época, cada empresa despacha, pelo menos, 900 veículos carregados mensalmente. Mas na safra de soja, essa quantidade passa facilmente de mil, de acordo com gerentes ouvidos pelo Correio do Estado.
Na BR - 163, na saída para São Paulo e Campo Grande, funciona um posto de combustível que centraliza 25 escritórios de transportadoras de carga. E a dois quilômetros adiante, em outro posto, funcionam mais quatro. Todas as contratações de frete, portanto, estão centralizadas em apenas uma área, às margens desta rodovia, virando centro nervoso dos carreteiros em Dourados.
Privilegiada
Segundo os gerentes de transportadoras, essa região é privilegiada na questão das rodovias, em comparação a Mato Grosso, por exemplo. Eles contrariam a alegação constante dos motoristas de que o frete está atrelado também ao estado das rodovias – quanto mais buraco, mais caro. “O preço do frete varia de acordo com as necessidades. O carreteiro tem é que estar nas estradas, boa ou ruim, ganhando dinheiro para pagar as contas. Se tem muita carreta nos pátios o valor cai. Se falta, ele sobe”, explicou um deles, que tem escritório no Posto da Base, na BR - 163. E 80% do transporte é feito por carreteiros terceirizados.
Hoje, para o Porto de Paranaguá, o frete médio vale R$ 90 a tonelada, mais um extra para pagar os pedágios. Na região de Dourados, o custo varia de R$ 85 a R$ 95. Uma carreta simples leva 26 toneladas; uma de seis eixos, 32 t; e um bi-trem 37 t.
Qualidade
De acordo com levantamentos do Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transporte (DNIT) pela BR - 163 em Dourados passam por dia mais de oito mil veículos no período da colheita da safra de soja, que acontece a partir do final de fevereiro. Essa rodovia é rota obrigatória para quem se desloca para o Paraná e ao porto de Paranaguá.
Carreteiros ouvidos no Posto da Base, em Dourados, elogiaram a qualidade da pavimentação e a boa sinalização dentro do Estado. A BR - 463, entre Dourados e Ponta Porã, por exemplo, está com obras de recapeamento na fase final, enquanto a BR - 267, que liga Rio Brilhante a Jardim, também foi totalmente recuperada, enquanto no trecho Nova Alvorada do Sul-Bataguassu-Porto 15 as obras estão sendo finalizadas.
A BR - 163, em direção a Rio Brilhante também foi revitalizada e duplicada de vila Vargas, em Dourados, até a Embrapa, num trecho de 30 km. Também o trecho entre Dourados e Mundo Novo, com 250 km, está todo recuperado garantindo segurança para as viagens ao sul do País. E principalmente rapidez, pois é o que interessa ao carreteiro na necessidade de contratar novo frete.