Foi concedido hoje o Habeas Corpus a Christiano Luna de Almeida, de 23 anos, acusado de ter matado com um chute o segurança Jefferson Bruno Escobar, na madrugada do dia 19 de março deste ano. Ele agora responderá o processo em liberdade. “O juiz indeferiu o primeiro pedido em nome da ordem pública, que estava abalada”, justifica o advogado de defesa do caso, Ricardo Trad.
A defesa possui novas provas, argumentos e indagações. Como o depoimento do presidente da Federação Sul-matogrossense de Jiu-jitsu, que assistiu às imagens da agressão e não identificou nenhum tipo de golpe marcial desferido por Christiano. Uma nova prova no processo seria um suposto depoimento de uma médica legista, dizendo que a morte de Jefferson foi causada por massagens cardíacas excessivas e feitas incorretamente.
Análise das imagens
Em matéria publicada pelo portal Correio do Estado em 29 de março, delegados responsáveis pela investigação analisam as imagens e laudo pericial: em uma primeira parte, as imagens mostram que Christiano é tirado da boate pelo segurança e impõe resistência, caindo no chão. A delegada Daniela Cades explica que ele foi retirado da boate pós ser advertido duas vezes por "passar a mão" em um garçom.
Ao cair, Christiano dá um chute na lateral esquerda do corpo de Jefferson, fraturando o quarto e quinto arcos costais, conforme o laudo da perícia. Também foram encontrados hematomas internos no pulmão esquerdo do segurança e foi descartada a possibilidade dele ter sofrido um enfarte ou um aneurisma cerebral.
O segurança começa a passar mal, fato constatado pela polícia no momento em que ele apoia as mãos nos joelhos e fica com falta de ar. Jefferson desiste de tentar conter Christiano. A delegada diz que a segunda parte das agressões foi fundamental para qualificar o crime como homicídio doloso. "Nesta segunda parte, o segurança e Christiano saem do foco da câmera e o testemunho de um adolescente é fundamental para esclarecer os fatos", ela explica.
Segundo a delegada, o adolescente disse em depoimento que Jefferson falou que estava passando mal e, mesmo assim, Christiano continuou a agredí-lo. "Ele disse claramente que não se importava com o fato e continuou a bater no segurança. São 24 segundos de agressões e esses fatos que mudaram a indicação de lesão corporal seguida de morte para homicídio doloso", diz a delegada. Jefferson morreu por insuficiência respiratória aguda.
Amigos de Christiano relataram em depoimento que ele foi segurado e agredido por seis seguranças, o que não é comprovado pelo laudo pericial, segundo Daniela Cades. "No laudo consta apenas uma escoriação avermelhada de 10 a 15 centímetros no braço esquerdo".