A inflação ainda está no topo das preocupações da equipe econômica do governo e um sinal disso é a ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), que indica a necessidade de novo aumento da taxa de juros para conter os preços.
O resultado de janeiro do IPCA-15 trouxe, porém, certo alívio. Visto como uma prévia da inflação oficial medida pelo IPCA, o índice de 0,67% ficou abaixo do esperado pelo mercado em torno de 0,80% e mostrou menor pressão do que em dezembro, quando a taxa havia sido de 0,75%.
Boa parte da desaceleração se deve, dizem analistas, a uma "surpreendente" queda das passagens aéreas, mesmo durante a alta temporada de verão. A redução de 16,32% correspondeu a um impacto negativo de 0,10 ponto percentual. O resultado praticamente anulou a alta da gasolina (de 2,90% em janeiro), cujo peso no IPCA-15 foi de 0,11 ponto percentual.
Ao contrário das passagens, a gasolina teve um aumento acima do previsto e totaliza um reajuste entre dezembro e janeiro de mais de 5%. O índice supera o reajuste nas refinarias da Petrobras, de 4%.
Alimentos
Os alimentos, por sua vez, ficaram mais pressionados e subiram 0,96% na esteira de aumentos de importantes produtos da cesta de consumo das famílias, como arroz, açúcar, hortaliças, frutas, carnes, pescados, pães, óleo, bebidas em alguns casos, o calor e as chuvas afetam as lavouras e restringem a produção de itens in natura, cujos preços costumam aumento nesta época do ano.
Para a LCA, porém, os preços dos alimentos no atacado mostram perda de fôlego, mesmo no caso dos produtos in natura. Tal fenômeno deve resultar num IPCA fechado do mês abaixo da taxa registrada pelo IPCA-15.
Juros
A previsão da consultoria aponta para uma alta de 0,60% em janeiro. Ainda assim, a LCA prevê uma nova alta de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros na reunião do Copom em fevereiro.
A Rosenberg & Associados espera que um "esgotamento" dos impactos do reajuste da gasolina assegure um IPCA fechado de janeiro próximo à taxa registrada pelo IPCA-15, que será pressionada, por outro lado, pela "continuidade" da tendência de alta dos alimentos.
A consultoria ressalta que, em janeiro, o índice que serve como prévia do IPCA desacelerou pela primeira vez em seis meses. Para fevereiro, porém, a inflação deve voltar a subir com o reajuste das mensalidades escolares.