Michelle Rossi
O Conselho Regional de Medicina em Mato Grosso do Sul (CRM/MS) deve julgar dois processos na próxima sexta-feira, durante reunião plenária, contra o médico Alexsandro de Souza, denunciado por homicídio culposo pelo Ministério Público Estadual (MPE), em Fátima do Sul. Um dos casos envolve Cristiane Medina Dantas, morta em 2008 depois de lipoaspiração malsucedida feita pelo médico. No outro procedimento a ser julgado pelo CRM/MS, existe a denúncia por conta “de uma cirurgia plástica realizada numa senhora que ficou com o corpo cheio de lesões”, segundo o assessor jurídico do conselho, André Borges. O médico não está apto a realizar cirurgia plástica, de acordo com o cadastro do conselho, onde consta apenas a habilitação em cirurgia geral.
No entanto, há mais denúncias contra o médico citadas numa ação civil pública do MPE, que corre em segredo de Justiça, feitas por pacientes que se submeteram a cirurgias estéticas, sendo elas de “cidades do sul do Estado, como Fátima do Sul, Juti e Glória de Dourados”, disse o promotor de Fátima do Sul, responsável pelo caso, Paulo Roberto Gonçalves Ishikawa.
O médico continua atuando em postos de saúde em pelo menos duas cidades, conforme apurou a reportagem, em Fátima do Sul e em Juti – nesta cidade, Alexsandro de Souza foi, inclusive, vice-prefeito na gestão 2005-2008. Ele renunciou ao cargo em virtude das denúncias de que morava fora do domícilio eleitoral.
A morte
A paciente Maria Cristiane Medina Dantas morreu em julho de 2008 depois de complicações de uma lipoaspiração realizada pelo médico, que mantinha em Fátima do Sul uma clínica de Cirurgia Geral e Estética – fechada em setembro do mesmo ano.
A paciente foi submetida à cirurgia em 12 de julho de 2008 e teve alta no dia 15. Quatro dias depois passou mal e retornou à clínica, onde foi atendida às 18h30min, tendo falecido às 20h30min. O médico está sendo investigado por conduta culposa no crime, por suposta imperícia, omissão de socorro e negligência.
Também há denúncias de que sua clínica de estética em Fátima do Sul não tinha licença sanitária para funcionar e também não havia equipe técnica habilitada para os procedimentos cirúrgicos realizados pelo médico.
Se considerado culpado pelo CRM/MS, o médico pode ter o diploma cassado. Sobre as denúncias do Ministério Público, a Justiça vai começar a ouvir testemunhas no caso de homicídio culposo enquanto a ação civil pública está em andamento. O médico acusado não foi localizado pelo Correio do Estado.