“Não leva meu óculos, moço, foi minha mãe que me deu!” .”Áh é? Tu tens mãe?” Bang! E o jovem levou do assaltante um tiro na cara. “Abre essa janela” (do ônibus), “não abro”, Bang! E mais um corpo no asfalto! Um traficante é flagrado e preso com sua carga maldita e, logo depois, numa retaliação contra a ação policial, os seus companheiros interceptam um micro-ônibus lotado e nele jogam uma bomba incendiária...
São fatos que nos trazem manifestações da bestialidade, da ruptura com a humanidade a que estamos sujeitos. Essa é a condição humana, leitor.
O que se deu no Chile, saques e depredações após terremotos, felizmente reprimido pelo Exército que recebeu a missão de restabelecer a ordem, é consequente a uma “ruptura catastrófica”, uma tragédia natural que impacta e rompe a alma coletiva, levando às manifestações de franco terror e de barbárie desorganizados. No Haiti as forças de segurança da ONU abateram no nascedouro tais manifestações. Mas a história nos ensina, vamos aos fatos, que as tragédias coletivas naturais ou sociais que Bion denominou “rupturas catastróficas”, desorganizando a alma grupal, predispõe os indivíduos a comportamentos trágicos. Foi o que se deu na Rússia e Alemanha após a I Grande Guerra, quando o caos se estabeleceu naquelas nações humilhadas e falidas.
Nas almas coletivas daqueles povos desenvolveu-se a “expectativa messiânica”, ou seja a ânsia por soluções mágicas e onipotentes. Concretamente, ideologias e lideranças com tais virtudes: Hitler com o Nazismo racista e Lenine, Trotski, Stalin, com o marxismo e sua luta de classes. Estabelecidos, ambos os regimes trouxeram o “terrorismo de Estado”, ou seja, o uso sistemático da violência contra a população, quando isso fosse necessário, dentro da visão daqueles sistemas. Fato é que, no século passado, as portas do inferno abriram-se para aqueles povos. O Nazismo foi derrotado pela força das armas e o sistema socialista, por sua incompetência e crueldade implodiu sem resistência. Nada expressou o repúdio ao socialismo marxista como a queda do Muro de Berlin.
E os brasileiros com isso, caro leitor? O terror caótico avança a olhos vistos. O banditismo, sobretudo ligado ao narcotráfico, parece preparar-se para um enfrentamento com as forças policiais. Há não muito, quase tomaram de assalto a maior cidade brasileira, com técnicas de terror e guerrilha urbana. O clima de permissividade e corrupção que grassa impunemente desde os altos escalões da República aos muitos degraus do aparelho estatal, sem dúvida, fornece uma autojustificativa “moral” para a bandidagem solta e escancarada. “POR QUÊ EU TAMBÉM NÃO POSSO METER A MÃO?”, DIZEM ELES...Psicopatas “de menor” são os executores das quadrilhas, pois a mão leve de Leis alienadas da realidade os protegem. As leis das execuções penais, até as paredes dos presídios sabem disso, favorecem para que a bandidagem mande naqueles recintos, assim transformados em “pós-graduações” da criminalidade.
Aqui impõe-se uma indagação: estamos nos aproximando de uma “ruptura catastrófica” que ia nos levar para o caos e, portanto, à busca de soluções mágicas e onipotentes? A insegurança coletiva seria suficiente para isso, quando a economia brasileira mostra-se sólida e seu competente setor rural é responsável por um saldo comercial de 23 bilhões de dólares? Quando passamos a terceiro exportador mundial de alimentos? Creio não corrermos tal perigo, porque quem adota a bandeira totalitário-onipotente já está no poder e tenta emplacar a candidata do presidente Lula. Para tanto, tem que mostrar que a economia vai bem, o agronegócio é competente, o usineiro é herói, seu combustível verde é motivo de orgulho nacional, o Brasil foi o primeiro país a sair da crise internacional, a inserção social vai de vento em popa, o pré-sal é o futuro...Só não consegue falar bem da reforma agrária e dos assentamentos, que deveriam ser a joia da coroa cumpanhêra. Mas o que há para mostrar em 85 milhões de hectares dos assentamentos? Porque o presidente não leva sua candidata a um assentamento para mostrar ao mundo a competência de sua reforma agrária?
Pois bem, nesta altura dos acontecimentos e do marketing governamental-eleitoreiro, como fazer triunfar a ditadura petista proposta no PNDH3, com a supressão da liberdade de imprensa, marginalização do Judiciário na defesa dos Direitos Constitucionais, após práticas de terror no campo ou na cidade? Dá para fazer triunfar a proposta totalitária se tudo está tão bem como “nunca na história desse país”, e as propostas messiânicas exigem o clima de “ruptura catastrófica” e caos generalizado? Parece estarmos, caro leitor, diante de uma “contradição da dialética” em que “nunca na história desse país” detona a “práxis cumpanhêra” para a socialização da Nação. Em tempo, leitor! “Guerrilha paraguaia aterroriza fronteira” (Manchete do Correio do Estado 8/03/10 pág 16A).
Valfrido M. Chaves, Psicanalista, Pós-Graduado em Política e Estratégia pela UCDB/Adesg - [email protected]