Quatro anos depois de
terem nascido dividindo os
intestinos, bexiga, rins, estômago
e fígado, as gêmeas
Jhenifer Beatriz de Oliveira e
Sthefani Beatrile de Oliveira
Prado levam, depois da operação
a que foram submetidas,
vida normal em Água
Clara – município distante
187 quilômetros a leste de
Campo Grande. As gêmeas,
que nasceram unidas pelo
abdômen em agosto 2005 e
viraram notícias em vários
jornais do Brasil, mesmo separadas
ainda continuam
“famosas”. Jhenifer e Sthefani,
hoje com quatro anos,
são saudáveis, andam e falam
sem dificuldades e os
pais querem que comecem
estudar ainda neste ano.
Elma Virgínia da Silva
Prado, 24 anos, a mãe das
crianças descobriu que teria
bebês siameses no sétimo
mês de gestação. O pré-natal
estava sendo feito por médico
de Água Clara que não
havia identificado a anormalidade,
quando a jovem
resolveu fazer exames mais
detalhados com outra especialista.
“Até então, todos
achavam que eu estava grávida
de dois meninos. Eu não
tinha nada, mas a médica foi
ouvir o coração dos gêmeos,
estranhou os batimentos e
pediu exames mais detalhados.
Foi um choque, porque
eu nem sabia o que era gêmeos
siameses”.
No mesmo mês, Elma teve
de ir para São Paulo (SP), para
receber acompanhamento de
especialistas no Hospital das
Clínicas (HC). Ela esperou até
o nono mês de gravidez para
fazer o parto das meninas,
apesar de ser comum gêmeos
nascerem prematuros, principalmente
nos casos como
os de Sthefani e Jhenifer.
Além de amadurecerem
o tempo ideal no ventre da
mãe, a meninas também surpreenderam
os médicos nos
quesitos peso e tamanho.
Diferente do que, em geral,
acontece com gêmeos – baixo
peso e medidas -, as irmãs
nasceram com 2,7 gramas e
49 centímetros cada uma.
“Foi aí que começaram os
milagres nas nossas vidas.
Só de estarem bem de saúde
já era uma vitória para a gente”,
lembra a mãe, que se diz
muito religiosa.
Jhenifer e Sthefani passaram
pela cirurgia de separação
no dia 2 de maio
de 2006, no Hospital da Clínicas,
quando tinham oito
meses de idade. “Tinha muito
medo com o que poderia
acontecer, até porque juntinhas
elas estavam bem, mas
graças a Deus deu tudo certo.
Esse foi o nosso segundo milagre”,
conta Elma.
Sthefani teve de passar
por nova cirurgia em outubro
do ano passado, em São
Paulo. Ela tinha uma ferida
no intestino e, após a operação
chegou a ficar em coma
na Unidade de Tratamento
Intensivo (UTI) do Hospital
das Clínicas, mas se recuperou
e, desde então, não teve
mais problemas de saúde. “A
Sthefani é menorzinha e até
esse ano não andava. Para
mim foi outra benção, ver a
minha filha andando duas
semanas depois que a gente
tinha voltado para casa”.
Para a mãe das meninas
e o pai, Flávio de Oliveira
Santos, 26 anos, o “terceiro
milagre vem acontecendo
até hoje”. “Minhas filhas são
normais, têm boa saúde e são
inteligentes, quer coisa melhor?”,
diz Flávio.
Segundo o pai, as brincadeiras
preferidas das meninas
são andar de bicicleta e
brincar na piscina de plástico
montada na varanda da
casa nº 49 da Rua Teodoro
Vitório da Silva, no Jardim
Nova Água Clara, onde moram
desde que nasceram.
Santos conta, ainda, que as
duas ao mesmo tempo que
são “completamente independentes
uma da outra”,
gostam de fazer e ter algumas
coisas idênticas. “Elas
não gostam de jeito nenhum
de se vestir igual, mas tem
que comer a mesma comida
e na mesma quantidade.
Brinquedos também têm de
ser iguais para as duas. Isso
é bem engraçado”.
Apesar do “grude”, a mãe
revela outra faceta das crianças.
“Elas brigam o tempo
todo”, conta Elma. “Desde a
maternidade, como elas nasceram
de frente uma para a
outra, elas se aranhavam.
Acho que é porque nasceram
grudadas elas enjoaram de
tanta proximidade”, brinca.
Elma conta também que
queria que as filhas começassem
a estudar ainda este
ano, mas até a semana passada
não havia conseguido
vaga para as filhas na
Escola Municipal Renato
Ribeiro, única que oferece
educação infantil em Água
Clara. “Queria tanto que
elas estudassem, acho que
iam se desenvolver mais
rápido. As meninas ainda
usam fralda (oito por dia cada
uma) e não é porque tem
algum problema na bexiga,
é porque se acomodaram
assim. Tenho certeza que
se forem para a escola vão
ver as outras crianças e vão
aprender a pedir para ir ao
banheiro”.