BAGDÁ
O Iraque teve ontem o dia mais violento desde o início do ano com a morte de pelo menos 102 pessoas, enquanto ao menos 290 ficaram feridas em vários atentados, que incluíram ataques contra funcionários de uma fábrica e as forças de segurança.
Foram os ataques mais violentos no Iraque desde 8 de dezembro, quando pelo menos 127 pessoas foram mortas em cinco atentados em Bagdá. Os episódios de violência aconteceram com o país ainda sem um novo governo mais de dois meses depois das eleições legislativas de 7 de março.
Pelo menos dez pessoas morreram e 40 ficaram feridas no ataque mais recente. A explosão quase consecutiva de dois carros-bomba em um mercado na cidade de Basra, 550 km ao sul de Bagdá, causou também danos materiais a várias lojas próximas.
Os atentados mais violentos atingiram Hilla, 95 km ao sul de Bagdá. Dois carros-bomba estacionados em uma fábrica têxtil explodiram na saída dos funcionários. Quando os policiais e as ambulâncias chegaram ao local, um homem-bomba se lançou contra as equipes de emergência, em uma tática utilizada frequentemente para deixar o maior número de vítimas possível.
Pelo menos 36 pessoas foram mortas e 140 ficaram feridas neste triplo ataque, indicou uma autoridade do Ministério do Interior em Bagdá. “Recebemos informações sobre a presença de carros-bomba em Hilla e saímos a sua procura. Ouvimos as explosões”, afirmou um oficial da polícia da cidade, que pediu para não ser identificado. “Chegamos à fábrica e vimos muita destruição, corpos e pessoas ensanguentadas”, acrescentou.
Algumas horas antes, uma bomba explodiu perto de uma mesquita xiita na cidade de Souwayra, 60 km ao sul de Bagdá. Pessoas que passavam na hora socorriam as primeiras vítimas quando um carro-bomba explodiu no local. Onze pessoas morreram e 70 ficaram feridas, segundo uma fonte policial.
Em Bagdá, tiros e atentados a bomba tiveram como alvos durante a manhã pontos de controle militares deixando nove mortos e 24 feridos, em sua maioria membros das forças de segurança, indicou o Ministério do Interior.
“Foram operações coordenadas que fazem parte das ações terroristas que enfrentam diariamente as forças de segurança”, disse o porta-voz do comandante militar de Bagdá, Qassem Atta, ao comentar os ataques em Bagdá. Segundo ele, os terroristas estavam disfarçados de funcionários municipais de manutenções de estradas.
Entre as outras vítimas deste dia sangrento, estão um civil e três seguranças do prefeito da cidade de Tarmiya (45 km ao norte de Bagdá), Mohammed Khassem al-Mashhadani, que teve o seu comboio atingido por uma bomba. O prefeito ficou ferido no ataque junto com outras 15 pessoas.
Em Fallujah, antigo reduto da Al-Qaeda a oeste de Bagdá, quatro pessoas, entre elas dois policiais, foram mortos em atentados contra casas de membros das forças de segurança.
Em Iskandariya, 50 km ao sul de Bagdá, duas pessoas foram mortas na explosão de uma bomba em um depósito e dois combatentes curdos morreram em um atentado suicida com carro-bomba próximo a Mossul, 350 km ao norte de Bagdá.