Para o guarani-caiuá Anastácio Peralta há, no país, uma política "opressora e irresponsável". O diretor secretário da Federação de Agricultura de Mato Grosso do Sul (Famasul), Dácio Queiroz, por sua vez, entende que “Mato Grosso do Sul está sofrendo uma constante fuga de investimentos devido a essa insegurança jurídica instaurada no campo. Sem investimento não há produção, saúde e educação”.
As posições foram manifestadas hoje perante cerca de 600 pessoas - entre produtores rurais, indígenas e líderes da classe produtora - reunidas em Dourados (MS) em audiência pública sobre assuntos fundiários.
O seminário “Questões fundiárias em Dourados-MS” estará sendo realizado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) até amanhã (26) no município com o objetivo de fomentar o debate e propor soluções para a questão indígena no Estado.
Durante a audiência foram ouvidos representantes tanto da classe produtora quanto da indigenista. O presidente do Conselho Interno da Reserva de Jaguapiru, Silvio de Leão Machado, foi o primeiro a se manifestar a favor dos produtores rurais.
“O setor produtivo não vê os índios como adversários. Uma das razões pelas quais não concordamos com as portarias da Funai é porque sabemos que a simples demarcação de terras não vai solucionar os problemas enfrentados por eles” afirmou.
“Os índios não sofrem por falta de confinamento, mas por falta de politicas púbicas que atendam as suas necessidades. Eles precisam ser respeitados pelo próprio Estado", acrescentou Sílivio
O membro do Comitê Executivo do Fórum de Assuntos Fundiários do CNJ e um dos mediadores do debate, Antônio Carlos Alves Braga Junior, ressaltou que a ideia da audiência pública é ouvir as opiniões e sugestões dos que estão diretamente ligados à questão. “A situação é muito complexa. Vamos colher subsídios aqui para serem levadas às discussões de amanhã. Esse é o primeiro o passo para o tratamento dessa questão”, salientou.
Também participaram como mediadores os juízes do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) Marcelo Martins Berthe, Katia Parente e Rodrigo Fonseca.
Para o presidente da Associação Comercial e Empresarial de Dourados, Francisco Eduardo Custodio, as políticas de demarcações trazem intranquilidade para o campo. “É preciso que haja políticas que atendam melhor o índio. A união deveria manter espírito de paz na nossa região e restabelecer o entendimento. O momento é de extrema preocupação” lamentou.
O Seminário termina amanhã e é aberto a membros dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário que atuam na área e a produtores e organizações da sociedade civil que tiverem interesse no tema.
Fonte: Assessoria da Casa Rural