MILENA CRESTANI
Bombeiros e brigadistas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) ainda não têm previsão para controlar incêndio que já dura pelo menos quatro dias no Parque Estadual do Rio Negro, unidade de conservação que fica no extremo norte do Pantanal do Nabileque. A situação é agravada pela estiagem, pois já não chove há 105 dias nesta região no Estado. Segundo o Instituto, esta seria a maior área de preservação queimada neste ano no Estado.
O superintendente do Ibama em Mato Grosso do Sul, David Lourenço, afirmou que a linha de fogo na região tem pelo menos um quilômetro e consumiu mais de mil hectares, conforme último sobrevoo realizado. “O local é de difícil acesso e já temos 25 brigadistas atuando. Eles estão acampados e permanecerão no local até que o incêndio esteja totalmente controlado”, afirmou. O parque tem 78 mil hectares e fica nos municípios de Corumbá e Aquidauana.
Conforme o coordenador do Prevfogo – grupo de que atua no combate a incêndios florestais – Márcio Yule, os brigadistas podem permanecer ainda mais tempo no local. “Neste período, o combate a incêndios fica ainda mais difícil porque a vegetação está muito seca. Os brigadistas estão fazendo combate direto às chamas, com uso de abafadores. Estimamos que o incêndio seja controlado no domingo, mas pode durar mais dias”, afirmou.
Riscos
O Ibama teme que o fogo atinja outras áreas de preservação, como reservas particulares de fazendas próximas. Outro risco, conforme o Prevfogo, é de que o incêndio chegue à região conhecida como Brejão do Rio Negro. “Neste ponto, não teremos como fazer o combate direto, pois não tem com chegar até essa região pelo solo” afirmou. Neste caso, segundo Yule, o único jeito de combater as chamas seria usando aeronaves para despejar água. Ontem, o fogo já havia diminuído, conforme o Ibama, pois não era possível visualizar o foco pelo satélite.
Causas
O primeiro foco foi visto pelo satélite, no dia 7, pelo gerente de unidade de conservação, Leonardo Tostes Palma. No dia seguinte, brigadistas foram designados para atuar no local. As causas do incêndio ainda serão apuradas por perito que estará na região neste fim de semana. O fogo começou nas proximidades da sede do parque, que fica próxima a outras fazendas.
A propriedade onde acontece o incêndio fica na antiga Fazenda Esperança e pertence ao Governo estadual. O local é utilizado para pesquisas e ainda não tem estrutura para turismo. “O risco de incêndio nesta área é também para a fauna, pois lá existe desde aves até onças”, contou Leonardo Palma. Ainda ontem, mantimentos seriam enviados para a equipe que está atuando no local. Desde o dia 1º de julho, os brigadistas estão atuando no combate a incêndios, que aumentaram em decorrência da estiagem.
O Ministério do Meio Ambiente já decretou Mato Grosso do Sul como estado de emergência por conta das queimadas.