atentado no qual foi ferido o senador paraguaio Robert Acevedo e mortos um motorista e um segurança do político serve para mostrar, mais uma vez, o grau de insegurança e de violência na fronteira seca entre Brasil e Paraguai. Execuções, normalmente atribuídas à guerra de narcotraficantes, ocorrem diariamente na região. Normalmente, porém, são vistas como "meras" estatísticas, pois envolvem anônimos. Somente em casos de chacina ou quando algum "famoso" é vítima desta violência é que as autoridades federais brasileiras e paraguaias dão alguma atenção e percebem a gravidade da situação. Mesmo assim, medidas abrangentes não são adotadas.
Está mais do que claro que pouco resolve combater diretamente a bandidagem na região de fronteira se não houver ações efetivas nos centros de consumo e contra as ramificações que estas quadrilhas têm nas grandes cidades, principalmente brasileiras. Está comprovado, também, que o comando dos grupos que atuam na região está, na maior parte dos casos, em mãos de brasileiros, muitos dos quais morando do lado de cá da fronteira. E, isto precisa ficar claro, pois normalmente a produção e venda de maconha são vistos como problemas do país vizinho, embora o limite seja praticamente inexistente, como fica claro nas relações comerciais, no tratamento de saúde e na contratação de pessoal para trabalhar nas cidades limítrofes. Que o atentado ao senador parece ter relação direta com o narcotráfico, isto parece estar claro, embora não se possa colocar a mão no fogo por qualquer político, seja ele do lado de lá ou do lado de cá da fronteira.
Porém, o senador destacou-se ao longo dos últimos anos pela sua atuação contra estes criminosos, tendo sido um dos principais interlocutores entre a Polícia Federal brasileira e as forças policiais do Paraguai, que montaram operações conjuntas para destruir plantações de maconha, o que certamente tem sido uma das ações mais eficientes no combate ao narcotráfico na região.
Quer dizer, por mais preocupante que seja o ataque ao ex-governador do Distrito de Amambay, pois evidencia que a ousadia dos bandidos está cada vez maior, o fato certamente servirá para que a região saia do ostracismo. Na próxima segunda-feira, os presidentes Lula e Lugo estarão no local do atentado e é fundamental que as autoridades daqui aproveitem a oportunidade para sensibilizá-los, pois somente uma decisão de primeiro escalão poderia fazer alguma diferença no que se refere à segurança.
E, quando se fala em ações efetivas na fronteira, os reflexos não serão sentidos somente nas cidades limítrofes, mas em todo o Estado, pois os traficantes têm entrepostos em todas as cidades que servem de rota para escoamento das drogas e armas, como Dourados, Campo Grande e Três Lagoas, por exemplo. Até agora, o que o país vizinho propôs é a transferência definitiva do senador Acevedo para Assunção, como se isto contribuísse para reduzir a criminalidade em sua cidade de origem.