AGÊNCIA ESTADO, ESTOCOLMO
Um iceberg que tem quatro vezes o tamanho da ilha de Manhattan se desprendeu da Groenlândia e está se movendo lentamente pelo Oceano Ártico, após ter se soltado de um glaciar no final de semana passado. No caminho potencial do gigante de gelo estão plataformas de petróleo e rotas da marinha mercante – qualquer colisão poderá provocar danos enormes. No pior cenário, vários pedaços do iceberg poderão chegar ao lugar onde existe tráfego marítimo pesado no Atlântico Norte e onde outro iceberg que se desprendeu da Groenlândia afundou o navio Titanic em 1912.
Este tem sido um verão (no Hemisfério Norte) com devastações climáticas quase bíblicas ao redor do planeta, com grandes incêndios florestais na Rússia, enchentes enormes na Ásia. Mas o momento no qual o glaciar Petermann quebrou na Groenlândia – dando nascimento ao maior iceberg na ilha ártica em meio século – pode simbolizar um mundo em aquecimento como nenhum outro evento. “O iceberg é tão grande que você não pode impedir que ele se movimente. Você não pode pará-lo”, disse Jon-Ove Methlie Hagen, um estudioso do gelo na Universidade de Oslo (Noruega).
Os pesquisadores tentam calcular a rota do iceberg gigante, correspondente a 260 quilômetros quadrados, que se movimenta em direção ao oeste e ao Estreito de Nares, que separa a costa noroeste da Groenlândia da Ilha de Ellsemere, a parte mais ao norte no Canadá. Se o iceberg se aproximar do estreito antes que as águas congelem com a aproximação do inverno, algo que deverá começar no próximo mês, ele poderá ser levado para o sul por correntes marítimas, abraçando a costa leste do Canadá até que entre em águas mais usadas por rotas comerciais e onde existem plataformas de petróleo, na Terra Nova (Canadá). “Se isso acontecer, será o ponto onde as coisas começarão a ficar perigosas”, disse Mark Drinkwater, da Agência Espacial Europeia.
O Serviço Canadense do Gelo estima que a viagem levará de um a dois anos. É provável que o iceberg gigante se quebre e se parta em pedaços ao colidir com ilhas e outros icebergs no Ártico. Os fragmentos podem ser levados ao Atlântico Norte pelas ondas e o vento e começarem a se derreter enquanto se movem para águas mais quentes.
Os glaciares da Groenlândia formam milhares de icebergs no Ártico a cada ano, mas os cientistas afirmam que esse é o maior iceberg já formado no Hemisfério Norte desde 1962.