Iagro abate lote de 65 suínos com doença infecciosa em Dourados
26 MAR 10 - 05h:52
Lote de 65 suínos, contaminado
pela doença de Aujeszki,
foi abatido na tarde
de terça-feira pela Agência
Estadual de Defesa Sanitária
Animal e Vegetal (Iagro) na
fazenda Nazaré, em Dourados.
Os animais não apresentavam
sintomas da doença,
mas os técnicos executaram
o procedimento padrão de
eliminar o foco do vírus, que
fica em estado latente.
Em nota técnica divulgada
ontem, a Iagro explicou
que “a doença de Aujeszky é
uma doença viral, altamente
contagiosa, que afeta a maioria
dos mamíferos e aves, porém
os suínos e javalis são
os únicos hospedeiros naturais
do vírus, e nas demais
espécies animais a doença é
fatal. Os seres humanos não
são afetados pela doença”. A
doença também conhecida
como pseudoraiva ou peste
de coçar tem impacto econômico
sobre a suinocultura,
por questão sanitária, como
a febre aftosa.
A fazenda Nazaré, do produtor
rural Estevão Minhos,
fica na região no distrito do
Guaçu, em Dourados. O lote
foi sacrificado a tiros por
dois policiais militares que
acompanharam os fiscais da
Iagro, todos usando macacões
especiais. Depois foram
transportados em caminhão
da prefeitura e enterrados em
vala aberta na própria fazenda.
O inspetor regional da
Iagro em Dourados, Antonio
Éder Stefanes explicou ontem
que a presença do vírus
nos suínos foi descoberta no
final do ano, depois de sorologia
de rotina feita naquela
criação, chamada de “fundo
de quintal”. As suinoculturas
tecnificadas (comerciais)
passam por essa inspeção sanitária
regular porque o produto
também é exportado.
Os porcos apresentaram a
presença do vírus herpesvirus
suideo 1 mas não haviam
desenvolvido a doença e, por
consequência, os sintomas
clínicos característicos, como
convulsões, febre e depressão
nos animais jovens,
enquanto os adultos sofrem
problemas respiratórios.
Nos dois chiqueiros onde
viviam os animais, máquinas
e equipamentos usados no
abate foram desinfetados, o
mesmo ocorrendo com o caminhão
e a pá carregadeira
cedidos pela prefeitura para
a operação.
Sigilo
O abate em massa dos suínos
somente foi descoberto
pela imprensa porque um
fotógrafo do Diário MS, de
Dourados estava pescando
na fazenda Nazaré, desconfiando
do movimento de pessoas
com roupas brancas. O
gerente de Inspeção e Defesa
Sanitária Animal da Iagro,
José Mário Pinese explicou
ao jornal que a operação foi
feita em sigilo para não alarmar
a imprensa ou a comunidade.
“Isso não foi feito para
impedir o acesso à informação,
mas para evitar a entrada
e saída de veículos ou
pessoas no local e favorecer
a disseminação da doença”,
assegurou o gerente.
A região do Guaçu é uma
das maiores produtoras de
grãos e carne do município.
Nela existem javalis (inicialmente
criados numa fazenda
de uma rede de churrascaria
de São Paulo) e javaporcos
(cruzamento de javali com
porco) criados soltos. A Iagro
continuará o trabalho de
vigilância nas propriedades
para rastrear se o vírus está
presente em outros locais.
O vazio sanitário foi determinado
apenas na fazenda
Nazaré. Serão colocados animais
sentinela para detectar
possível atividade viral. “Se
num prazo de 20 a 40 dias
não ocorrer reincidência da
doença, a fazenda será liberada
para a criação”, esclareceu
Pinese.
A preocupação da Iagro
com a doença é com relação
ao impacto que poderia ter
sido o comércio internacional
do Estado. Neste caso, apenas
o vírus foi encontrado e os
suínos não desenvolveram
a enfermidade. Em Dourados
funciona frigorífico que
abate 2.500 suínos por dia e
grande parte da carne é destinada
à exportação, principalmente
para a Rússia.