Um helicóptero H-1H 8689 da Força Aérea Brasileira (FAB) caiu no estacionamento do Hospital Regional de Campo Grande, logo após iniciar a decolagem partindo do heliponto do local. A aeronave, com cinco tripulantes, transportaria soro antiofídico para atender a uma idosa, que há dois dias havia sido mordida por uma cobra peçonhenta, na região do Pantanal, território do município de Corumbá, e até ontem não havia recebido socorro. Na queda, o helicóptero danificou dois carros de funcionários que estavam estacionados. Apesar dos estragos, ninguém ficou ferido. Por volta das 13 horas de ontem, a aeronave do Esquadrão Pelicano partiu da Base Aérea de Campo Grande com a missão de levar ampolas de soro antiofídico – que neutraliza o efeito do veneno inoculado pelas cobras peçonhentas – para a região do Pantanal, onde a idosa Sotênia Espíndola da Silva, de 69 anos, foi atacada por uma serpente na quinta-feira. A área da fazenda onde Sotênia reside está isolada, por conta das cheias, que são comuns esta época na região pantaneira. O helicóptero havia descido no Hospital Regional para que a equipe de resgate pegasse o medicamento e depois seguiria para o Pantanal. O auxiliar de lavanderia, Elais Aquino, de 30 anos, estava em frente do prédio do pronto-socorro, e presenciou todo o acidente. “Ele [o helicóptero] chegou, quando desceu um homem com uma caixa branca. Ele entrou no pronto-socorro e, depois de cinco minutos, já voltou. Quando foi decolar, ficou um minuto tentando subir. Ele subiu, mas ficou bem baixo. Começou a voar de lado, na altura do poste de luz. Aí ele foi pro outro lado e quando voltou pra cá, bateu em uma árvore e caiu em cima dos carros”, contou o auxiliar. Segundo ele, a aeronave chegou bem perto de atingir o prédio do Centro Integrado de Proteção à Criança e ao Adolescente, prédio que fica ao lado do Hospital Regional. Os cinco tripulantes saíram rapidamente do helicóptero e não sofreram ferimentos. Apesar disso, eles foram encaminhados para o prontosocorro do hospital e passaram por exames. O acidente reuniu centenas de curiosos, que foram controlados pela polícia, que montou uma área de isolamento. A preocupação era que algum vazamento pudesse causar explosão. Porém, o Corpo de Bombeiros esteve no local, e fez uma espécie de “isolamento” com água e espuma anti-incêndio. Prejuízos Na queda, a hélice da aeronave atingiu um automóvel Fiat Uno e um Chevrolet Corsa, que estavam no estacionamento. “Nunca que a gente vai imaginar que um helicóptero vai cair em cima do carro da gente. Ainda mais no estacionamento do trabalho”, disse o engenheiro Wilson Oshiro, de 61 anos, proprietário do Corsa, que ficou totalmente destruído. Quem estava com o veículo era o filho dele, Eduardo Akira Oshiro, de 27 anos, que trabalha no hospital como auxiliar-administrativo. Os dois pareciam não acreditar no que aconteceu. Eles registraram boletim de ocorrência e devem aguardar o laudo pericial, para que a Força Aérea indenize os proprietários pelos danos causados no acidente. Causa No momento em que foi decolar, segundo assessoria de imprensa da Base Aérea, a aeronave ”sofreu perda de potência”, o que teria ocasionado a queda. A Força Aérea não confirmou o que poderia ter causado a perda de força, apenas informou que os dois pilotos que estavam no helicóptero são experientes e não atribuiu o acidente a problemas na aeronave, que, segundo a assessoria, passa por manutenção constante. Estavam no avião cinco militares, sendo dois pilotos, um mecânico, um médico e um tripulante. Quatro deles são tenentes-aviadores e o quinto sargento. Dois oficiais de segurança de voo estiveram no local para fazer a perícia e levantar as possíveis causa do acidente. O laudo deve sair em 30 dias. Além deles, homens da Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Polícia Civil e Companhia de Gerenciamento de Crises e Operações Especiais estiveram no local. A aeronave foi retirada do local no final da tarde e outro helicóptero do mesmo modelo prosseguiu com a missão. Porém, até o fechamento desta edição a tripulação não havia conseguido localizar a fazenda onde a idosa estava porque as coordenadas geográficas informadas à Força Aérea estariam erradas.