Investigações da Delegacia
de Atendimento à Infância e
à Juventude (Deaij) apontam
que Nailton Martins Lima, 16
anos, assassinado no último
sábado na Escola Municipal
Plínio Barbosa Martins, no
Jardim Macaúbas, em Campo
Grande, foi morto porque tinha
habilidade no futebol. A
delegacia ouviu ontem os dois
autores, ambos de 17 anos e
que estão apreendidos, e familiares
deles. De acordo com
a delegada Maria de Lourdes
Souza Cano, testemunhas
disseram que Nailton jogava
bola muito bem e no dia do
crime, ocorrido na quadra do
colégio durante uma partida
de futsal, ele havia sido alvo
de diversas faltas. A maioria
delas, cometidas por um rapaz
de 19 anos.
Segundo relatos de diversas
pessoas ouvidas pela
polícia e de um dos autores
do homicídio, na última falta
sofrida pelo adolescente, a
bola chegou a sair da quadra.
O garoto reclamou ao adversário
e houve uma pequena
discussão, que foi interrompida
por um funcionário do
colégio. Mesmo sendo a vítima
da situação, Nailton chegou
a pedir desculpas para
o rapaz e quando percebeu
que não havia resolvido, tentou
sair da quadra.
Enquanto os dois jogadores
discutiam, o autor do
tiro que matou Nailton saiu
do local onde assistia à partida
e foi em direção aos dois
protagonistas da ‘briga’. Conforme
depoimento do menor
infrator à polícia, o jogador
que fez a falta então disse:
“Atira, atira, não tem perdão”.
“Mas o adolescente (o autor)
falou que mesmo que o outro
não tivesse falado nada, ele
iria atirar”, disse a delegada
responsável pelas investigações.
“Nailton morreu com a
cabeça baixa. Ele abaixou para
pegar o chinelo para sair”,
contou Maria de Lourdes.
O irmão da vítima, um
menino de 14 anos, viu o homicídio
e no dia do velório,
havia dito que Nailton foi
atingido pelo tiro ao tentar
pegar a bola que havia saído
das “quatro linhas”.
Com os depoimentos de
mais de 20 pessoas – que
estavam no local do crime
e moradores do bairro que
colaboraram – e dos dois infratores
apreendidos, ambos
de 17 anos, a Deaij identificou
o rapaz de 19 anos que incentivou
o assassinato. Ele foi
reconhecido, através de fotografia,
pelas testemunhas.
O jovem não está mais em
Campo Grande e deve ter a
prisão pedida. O rapaz é primo
do garoto que escondeu o
revólver calibre 38 usado no
crime, que foi apreendido
junto com o autor do disparo,
no dia do assassinato.
Os autores
Segundo Maria de Lourdes,
os três envolvidos no
crime costumavam sair juntos
e frequentavam a Escola
Plínio Barbosa Martins aos
sábados. Eles não eram amigos
da vítima.
Para a delegada, o adolescente
que atirou em Nailton é
uma pessoa fria e que mente
com facilidade, já que no dia
em que foi preso, declarou aos
policiais que cometeu o homicídio
porque havia sido atingido
por uma bola chutada pela
vítima. Também deu versões
diferentes sobre a arma de
fogo. Na última, disse que já
tinha tido um revólver calibre
22, antes do 38, e que andava
armado porque queria matar
um inimigo. “Ele contou que
ia armado até ao mercado que
fica a meia quadra da casa dele”,
revelou a delegada.
O outro menor infrator,
que escondeu o revólver, tentou
impedir que Nailton saísse
da quadra e antes do jogo
mentiu o nome dele e do irmão
ao professor responsável pela
partida. Ambos adolescentes
têm antecedentes criminais.
A vítima não tinha nenhuma
passagem pela polícia.