Cícero Faria, Dourados
O abatedouro de frangos da Seara Alimentos S.A, em Sidrolândia, terá os produtos inspecionados antes da comercialização por terem apresentado indícios de fraude de adição de água em carcaça. A medida foi adotada pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa), do Ministério da Agricultura, ligado ao governo federal. Outros cinco estabelecimentos, em São Paulo, Paraná e Mato Grosso, também passarão pelo Regime Especial de Fiscalização. As amostras de aves foram colhidas no comércio.
Nota publicada pelo departamento, no último dia 15, suspendeu “produtos de carne de aves in natura (carcaças e cortes) produzidos como congelados e resfriados. Com a suspensão, todos os produtos em estoque nas empresas serão submetidos a análise antes da liberação para comercialização.”
Além disso, “tudo o que for produzido após o início da suspensão (14 ou 15 de julho, conforme o estabelecimento autuado) somente será liberado para venda após análise prévia, que confirme que o atendimento dos padrões estabelecidos pela legislação”, informou a nota.
As empresas colocadas sob Regime Especial de Fiscalização deverão cumprir exigências feitas pelo Dipoa, como a revisão dos programas de autocontrole, com a comprovação da readequação do processo.
Integrante do Grupo Marfrig, o Seara tem sede administrativa em Itajaí (SC), e conta com unidades em Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul. A sede de Sidrolândia (MS 3595) emprega 2,7 mil funcionários e produz miúdos, cortados e desossados de frango.
A Seara possui outra planta industrial em Dourados, voltada para a produção de carnes suínas, para o mercado nacional e internacional, atuando na produção de linguiça frescal e curada, salsichas, mortadelas, salames, defumados, hambúrgueres, inteiros, miúdos, desossados e matérias-primas.
Lei
O porcentual máximo permitido de água que as aves in natura podem absorver durante o processo de resfriamento é de 6%. No caso de carne temperada, além deste porcentual, o abatedouro pode adicionar até 20% de salmoura em frangos e 25% em perus. A legislação permite frangos temperados tenham até 20% de água em seu peso.
Em agosto de 2008, a Justiça Federal em São Paulo determinou que o Ministério da Agricultura realizasse a fiscalização e o combate à injeção de água nas carnes resfriadas e congeladas, especialmente as de aves. A decisão foi o resultado de uma ação civil pública proposta pelo Ministério Público Federal, em Bauru, em agosto de 2006, e vale para todo o País.
Segundo o procurador da República, Pedro Antonio de Oliveira Machado, autor da ação, o método usado para fiscalizar a quantidade de água presente na carne de aves, conhecido como dripping test, é “insuficiente e ineficaz”. O teste é feito apenas em carnes congeladas de carcaças inteiras, embora as fraudes também ocorram em peças resfriadas e vendidas em pedaços.