Guilherme Soares Dias
Os investimentos para a segunda fábrica de celulose da Fibria, em Mato Grosso do Sul, serão de R$ 5,8 bilhões. A empresa também confirmou ontem que a implantação desta unidade será antecipada de 2016 para 2014, conforme o Correio do Estado adiantou, em 31 de julho. Para o empreendimento, serão necessários 150 mil hectares de florestas de eucalipto e, conforme estimativa da empresa, serão gerados cerca de 2,9 mil empregos diretos e indiretos.
O projeto de expansão da Fibria prevê a construção de linha de produção de celulose, ao lado da unidade existente (Três Lagoas I), com capacidade para 1,5 milhão de toneladas anuais, podendo atingir 1,750 milhão de toneladas no médio prazo.
Dos 150 mil hectares necessários, metade será de área da empresa e 50% de arrendamentos. De acordo com a Fibria, os investimentos para formação da base florestal e o processo de licenciamento ambiental já foram iniciados.
O investimento total para formação da base florestal é de aproximadamente R$ 1,8 bilhão. A empresa informa ainda que já conta com excedente de 30 mil hectares de plantio da operação de Três Lagoas I e está concluindo o arrendamento de 45 mil hectares de terra em 2010, além da negociação de compra de madeira. “Fizemos um inventário detalhado da produção e vimos que 30 mil hectares estarão em condição de corte em 2014”, revela o presidente da companhia, Carlos Aguiar.
O executivo afirma ainda que o projeto marcará um novo ciclo de crescimento da companhia. “Três Lagoas II faz parte da visão de longo prazo da Fibria, que é atingir a capacidade anual de produção de 10,7 milhões de toneladas de celulose até 2025”, diz. Hoje, as seis unidades da Fibria somam uma capacidade anual de produção de 5,4 milhões de toneladas por ano.
Etapas do projeto
Em 2011, a empresa fará o plantio de eucalipto, o estudo de viabilidade para o projeto e a contratação de equipe para a fábrica. Já a aprovação do projeto industrial sairá no início de 2012. “A decisão de investimento será em 2012, conforme a situação do mercado”, explica Aguiar.
Nesse caso, o executivo admite que pode haver sobreoferta no mercado com o início de operação de pelo menos outras quatro plantas de empresas concorrentes, mas garante que o projeto é competitivo. “Como a Fibria fará investimentos em local que já possui fábrica, os recursos destinados para infraestrutura serão menores. Além disso, a logística já existe. Haverá diluição forte de custo”, considera.
Ele admite que as terras na região leste de Mato Grosso do Sul tiveram alta nos preços, mas diz que não há competição direta com a Eldorado Celulose, que também está se instalando na região. “Foi um aumento natural, já que estamos em regiões diferentes. Além disso, no momento, não estamos comprando terra, mas fazendo arrendamento”, ressalta.
O presidente da Fibria diz ainda que tradicionalmente o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) financia 60% do montante total dos investimentos. “Os outros 40% seriam de caixa próprio da empresa, mas para esse projeto isso ainda não está definido”, afirma. A empresa não revela se houve incentivo fiscal do governo de Mato Grosso do Sul para consolidação do projeto, mas reforça que buscará apoio em 2012 quando começa o investimento na parte industrial.
No entanto, Mato Grosso do Sul ganhou prioridade da empresa que também possui projeto de uma segunda fábrica em Veracel (BA). Inicialmente a segunda fábrica da Bahia estava prevista para começar a operar em 2015, mas agora será revista para se adequar ao projeto da Stora Enso, fabricante de papel que é parceira da Fibria no local. “Estamos conversando com nossos parceiros”, lembra Aguiar.