Vânya santos
Pelo menos 24 famílias que moravam de aluguel, de favor ou em barracos na região do Bairro Jardim Noroeste, em Campo Grande, aproveitaram a demora de algumas pessoas em ocupar casas entregues pela Agência de Habitação Popular de Mato Grosso do Sul (Agehab) para invadir os imóveis do Residencial Noroeste.
Na tarde de ontem, o aposentado Sebastião dos Santos, 68 anos, chegou ao local para conferir o fornecimento de energia elétrica para providenciar sua mudança, já que no dia 8 do mês passado foi beneficiado com uma casa. No entanto, se deparou com o imóvel invadido.
Na residência do aposentado estava Janete Dias Martins, de 33 anos, que pagava R$ 250 de aluguel numa casa próxima ao local e entrou no imóvel popular há cerca de seis dias para morar com os filhos de 2, 8 e 14 anos. Nervosa com a situação, a mulher que sofre de câncer num dos seios, no útero e no cérebro, passou mal e foi socorrida.
A diarista Maria Izabel Dias Martins, que é irmã de Janete, invadiu outra residência e, desde então, já perdeu duas oportunidades de trabalho porque tem medo de sair, o dono do imóvel aparecer e despejá-la. Atualmente, ela e as filhas de 7 e 14 anos vivem com R$ 130 por mês, oriundos do Programa Bolsa Família e foram despejadas de uma casa por não terem condições de pagar o aluguel de R$ 250.
“Não achei justo ficar pagando aluguel de R$ 350, se meu marido ganha R$ 500, enquanto os donos destas casas não querem morar num lugar desses”, revelou a dona de casa Márcia Bispo, 30 anos. Ela contou que somente seis famílias beneficiadas pela Agehab se mudaram para o residencial. “Tem gente vendendo as casas por R$ 15 mil, R$ 8 mil”, garantiu.
A diarista Maria de Jesus, 24 anos, disse que vivia num barracão de madeirite, com os três filhos de 4, 6 e 8 anos, e invadiu uma residência diante da demora na ocupação dos beneficiados. Desempregada, Marilza de Jesus, 32 anos, não invadiu uma casa, mas disse que está esperando uma desocupar para se mudar.
Agehab
Em nota, a Agehab informou que vai pedir reintegração de posse das unidades invadidas e que os contemplados têm 30 dias para ocuparem as moradias, prazo este ainda em vigor. As casas não ocupadas serão retomadas e destinadas a famílias inscritas. Já os invasores que tiverem inscrição serão excluídos do cadastro.
No domingo, cinco mutuário registram boletim de ocorrência em razão da invasão.