Economia

Economia

A+ A-

Famílias gastam mais sem planejamento

Famílias gastam mais sem planejamento

Redação

14/02/2010 - 05h01
Continue lendo...

Eles estão no meio do caminho e consomem como nunca, o que despertou a fome da indústria nos últimos anos, incentivada por ações de estímulo econômico do governo. Eis a classe média brasileira, mais da metade da população. A arma poderosa dessa camada social é o consumo, que fez do mercado interno o salvador das empresas nacionais em 2009, enquanto as exportações despencavam durante a retração na economia mundial. Nesse caso, o antídoto da crise também os envenena. Por gastar demais, não sobra dinheiro para poupança. Para eles, a análise certa é essa: por ganhar pouco, não dá para poupar. O funcionário público Lindomar Pereira de Souza, 43 anos, conheceu a manicure Fátima Alves Amaral, da mesma idade, e passaram a viver juntos. Com os netos de Fátima, criados como filhos desde que nasceram, eles formaram uma família de classe média campo-grandense. O caixa deles é apertado. Os R$ 1.500 que Lindomar ganha cobrem as despesas, mas não permitem maiores voos no orçamento. Os bicos da esposa como manicure pagam suas despesas pessoais, mas não pesam nas receitas do casal. João Pedro, 10 anos, passou a estudar em uma escola pública para enxugar o orçamento, e não gostou da troca. “Lá tinha natação”, lembra. Maria Eduarda, a caçula de 7 anos, tem uma lista de desejos que inclui celular e televisão no quarto. A família sabe o que cada um quer, mas o assunto “poupar para ter” não é discutido. Uma pesquisa nacional aponta que, para cobrir decentemente as despesas de uma família como a deles, o salário mínimo deveria ser de R$ 2.040 – quatro vezes superior ao mínimo real, de R$ 510. Os gastos dos quatro seguem o padrão observado em Campo Grande. Um levantamento do Núcleo de Estudos e Pesquisas Econômicas e Sociais (Nepes), da Universidade Uniderp/Anhanguera, mostra que 32% do orçamento das famílias da Capital é destinado a gastos com habitação. As outras despesas mais pesadas são com alimentos (24,8%), transporte (13,8%) — a cidade tem uma das passagens de ônibus mais caras do País, a R$ 2,50 —, educação (10%), cuidados pessoais (7,3%) e saúde (7%). Com tantos “furos” no caixa, a família de Lindomar tem pouco tempo para lazer. A diversão é chamar os amigos para o churrasco no fim de semana. “Cada vez que sai, gasta, então é melhor ficar por aqui”, diz o funcionário público, encarregado de administrar as finanças. A esposa desconfia do talento de administrador de Lindomar: “Ele não faz contas, não pesquisa e não aceita minhas opiniões sobre dinheiro”, reclama. Os dois concordam que, para viver melhor, deveriam aumentar a renda familiar para R$ 3.500. Sobraria mais para lazer, educação dos filhos, informação, e outros investimentos em desenvolvimento pessoal. Ganhando menos que isso, eles precisam “contar muito o dinheiro”, como diz Fátima, e usar “táticas de guerrilha” para fechar o mês. “Quando vamos aos supermercados, as crianças colocam o que querem no carrinho, eu só olho. No caixa, eu tiro os brinquedos, e só ficam as comidas, nisso não dá para economizar”, conta a mãe/avó. Para se manterem no azul, eles controlam a conta do telefone fixo — a operadora oferece um valor determinado em ligações por mês —, transformaram o celular em “recebedor”, e, quando a saúde anda mal, recorrem ao sistema público. Mesmo com o orçamento magro, os planos para 2010 são trocar de casa, de móveis, e, se a renda aumentasse... “Ah, eu iria ao salão de beleza a cada 15 dias fazer pé, mão, cabelo, maquiagem e tudo o que tenho direito”, imagina Fátima.

ENERGIA LIMPA

Governo quer encomenda tecnológica ainda neste ano para transição energética

Parte dos R$ 300 bilhões do programa Nova Indústria Brasil (NIB), apresentado pelo governo Lula no ano passado, vai para o uso dessas encomendas

16/04/2024 14h00

Continue Lendo...

O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação quer ter até o final deste ano um plano com prioridades e diretrizes do uso do poder de compra do Estado como incentivo à criação de tecnologias ligadas à transição ecológica, diz o secretário-executivo da pasta, Luis Fernandes. 

A ferramenta utilizada para esse fim serão as encomendas tecnológicas, em que o governo contrata empresas para desenvolver produtos inexistentes no mercado.

Em entrevista à Folha de S.Paulo no início do mês, o secretário-executivo-adjunto do Ministério da Fazenda, Ricardo Dubeux, disse que o poder de compra do governo será usado para superar gargalos tecnológicos em áreas escolhidas como prioritárias, como energias solar e eólica, além da produção de hidrogênio verde e biocombustíveis. Dubeux lidera o Plano de Transição Ecológica do governo.

A encomenda tecnológica surge a partir de uma demanda de inovação advinda de algum ministério, órgão público ou empresa estatal. O MCTI é responsável por estruturar o desenvolvimento da tecnologia junto à empresa ou instituto contratado e, ao fim, o demandante se compromete a comprar o novo produto em escala.

O Marco Legal de Ciência, Tecnologia e Inovação, regulamentado em 2018, excluiu a necessidade de licitações em caso de compra de produtos inovadores, como é a intenção do uso dessas encomendas no contexto da transição ecológica.

Esse mecanismo chegou a ser questionado pelos europeus na discussão sobre um acordo entre Mercosul e União Europeia –posição que Fernandes avalia como hipócrita.

Parte dos R$ 300 bilhões do programa Nova Indústria Brasil (NIB), apresentado pelo governo Lula no ano passado, vai para o uso dessas encomendas, ainda que o valor não tenha sido divulgado.

"[Para estabelecer esse valor, precisamos saber] quais são as demandas que irão, digamos assim, fechar o ciclo da inovação daqueles desafios da transição energética e da transição ecológica", diz Fernandes. Segundo ele, o MCTI espera receber as demandas de outras pastas e de órgãos públicos até o final do ano. O instrumento também será usado em outras áreas, como saúde.

Essas demandas precisarão seguir diretrizes estabelecidas ao longo do ano pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial, que reúne vários ministérios e representantes da indústria. Além das encomendas, essas demandas podem ser supridas por meio de editais ou carta-convite a empresas.

Questionado, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços disse que as encomendas tecnológicas estão previstas no NIB entre os instrumentos de contratações governamentais, mas ainda não há definição sobre valores e setores em que o instrumento poderá ser utilizado.

O FNDCT (Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), que Fernandes dirige, entrará como um dos mecanismos financeiros para essas compras. O fundo, contingenciado pela gestão Bolsonaro, voltou a ter destaque no governo Lula. O orçamento de 2024 reservou R$ 12,8 bilhões ao fundo; no ano passado foram R$ 10 bilhões.

"[A encomenda] é um instrumento novo que tem potencial gigantesco para promover o desenvolvimento do país. Toda inovação envolve risco, e o compartilhamento dele tem um lado via investimento, seja subvenção econômica ou crédito em condições mais favoráveis. Mas tem um outro lado de enfrentamento da incerteza associada à inovação que é o acesso ao mercado, que, nesse caso, é dado pelo poder público", diz Fernandes.

O instrumento é tido pela área econômica do governo como importante catalisador da inovação para a transição ecológica. Permite, por exemplo, auxiliar municípios no desenvolvimento de alternativas de mobilidade em energias renováveis.

Para ele, o instrumento também pode ser usado pela Petrobras, considerada por muitos como essencial no plano de transição energética do país. "Na medida em que ela assume mais a feição de uma empresa de energia, e não de petróleo e gás, acho que faz todo sentido."

A importância dada pelo governo brasileiro a essa ferramenta foi um dos pontos a travar as discussões do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia. O governo Lula quis alterar pontos do acordo inicial firmado na gestão Bolsonaro, mas enfrentou resistência dos europeus.

"A posição deles (europeus) é hipócrita, porque eles adotam isso amplamente, sobretudo na área de defesa. A área de defesa toda é operada através de demandas tecnológicas e isso depois é transplantado para aplicações civis. Eu entendo que eles queriam preservar uma posição que, no momento, é de assimetria; eles têm vantagem tecnológica, e queriam usá-la para disputar o mercado de compras públicas no Brasil e queriam limitar, portanto, a possibilidade de encomendas tecnológicas como indutora de capacidade tecnológica de inovação nacional", diz Fernandes.

Apenas empresas instaladas no Brasil, nacionais ou não, podem receber encomendas do Estado brasileiro, segundo Fernandes. Já nas licitações as empresas brasileiras podem ter margem de preferência de até 25% se forem cumpridos alguns requisitos, como inovação.

Esse ponto também foi questionado pela União Europeia durante as discussões –as negociações foram interrompidas devido à resistência de alguns países europeus, como a França.

ECONOMIA

Lucro ao fim da Expogrande é cinco vezes maior que no ano passado

Entre 4 e 14 de abril a Exposição faturou R$ 576 milhões, frente aos 110 milhões de reais arrecadados em 2023

16/04/2024 11h05

Balanço da Acrissul aponta que aproximadamente 114 mil pessoas visitaram a Exposição entre 04 e 14 de abril Gerson Oliveira/ Correio do Estado

Continue Lendo...

Entre os dias 04 e 14 de abril, a tradicional Exposição Agropecuária Internacional de Campo Grande (Expogrande) faturou em sua 84ª edição cerca de cinco vezes mais do que o lucro registrado em 2023, com os valores mais recentes passando da casa de R$ 576 milhões. 

Conforme balanço da entidade que promove o evento, a Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul), a soma do faturamento interno bateu R$ 576.801.968,00. 

Enquanto isso, o fechamento após exposição de 2023 atingiu R$ 110 milhões, representando um crescimento anual de mais de cinco vezes no faturamento Expogrande, sendo que a previsão era que 2024 atingisse cerca de R$ 150 milhões. 

Diante do balanço final, contabilizando aproximadamente a visita de 114 mil pessoas, o presidente da Acrissul, Guilherme Bumlai, destacou a "captação de recursos para investimentos com taxas especiais e exclusivas para a Exposição", como um dos grandes atrativos. 

Ao todo, foram 16 leilões realizados durante a Expogrande, gerando faturamento de R$ 22 milhões, segundo a Acrissul, com a venda de mais de cinco mil animais. 

Esses números também representam avanços, já que no último ano foram 12 leilões; quatro mil animais vendidos e R$ 18 milhões de faturamento. 

2024 de mudanças

Diversas ações aconteceram no Parque de Exposições Laucídio Coelho para que o espaço sedia-se a 84ª edição da Expogrande, como a área de julgamentos que voltou a receber os animais para avaliação, já que no ano passado havia sido transformada em arena de shows. 

Também, a Acrissul detalha que a realocação do estacionamento de associados deu espaço para a arena de shows, que dentre as oito atrações recebidas neste 2024 cabe destacar os nomes de: Simone Mendes, Ana Castela, Launa Prado, e as duplas Henrique & Juliano e Victor & Leo.

Além disso, onde ano passado era a pista de julgamentos, neste 2024 recebeu o "Projeto Fazendinha Acrissul", onde as crianças tiveram contato com os mais diversos animais do campo. 

Em nota divulgada pela Acrissul, Bumlai complementa que, ainda que os preços da pecuária "andem de lado, principalmente com o valor da arroba estagnado", nota-se um esforço do produtor sul-mato-grossense em melhorar o rebanho; diminuir o tempo de abate pela tecnologia e capacitação da mão-de-obra, visando sempre uma melhor lucratividade.
**(Com assessoria)

 

Assine o Correio do Estado

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).