Crianças que mantêm um contato maior com a violência – seja como vítimas ou testemunhas – acabam acreditando que usar a agressão para conseguir o que se quer é algo “normal”. E, após meses de exposição, elas tendem a se tornar mais violentas.
Este é o resultado de um estudo, publicado no periódico Social Psychological and Personality Science, da SAGE, que avaliou o comportamento de cerca de 800 crianças, entre 8 e 12 anos de idade, durante seis meses.
No início da pesquisa, as crianças responderam a um questionário extenso que buscava descobrir se elas haviam sido testemunhas de atos violentos na escola, vizinhança, em casa ou na TV. Os pesquisadores também perguntaram às crianças se foram vítimas de violência com perguntas como: “Com qual frequência você apanha em casa?”.
A pesquisa também procurou medir a opinião das crianças sobre violência e o quão violentas elas eram, com base na opinião dos colegas de classe.
Após seis meses, as crianças responderam mais uma vez ao mesmo questionário. Isso permitiu aos pesquisadores medir se o nível de violência havia aumentado ou se as crianças haviam testemunhado mais atos violentos nos meses que se passaram.
O resultado: crianças que testemunharam cenas de violência se tornaram mais agressivas seis meses mais tarde. A pesquisa apontou que o aumento da agressividade era causado em parte por uma mudança na visão da criança sobre a violência, encarada agora como algo normal. Ver violência – em casa, na escola, na TV ou ser vítima – fez que elas enxergassem isso com naturalidade, como algo comum e aceitável. E pensar na agressão como algo normal as levou ser mais violentas.
“Estar exposto à violência, seja em casa, na escola ou no mundo virtual da TV, independentemente se a pessoa é vítima ou testemunha, pode aumentar a agressividade da criança”, diz o autor do estudo Izaskun Orue, da Universidade de Deusto, na Espanha. “Pessoas expostas a uma dieta pesada de violência passam a acreditar que a agressão é algo normal para se resolver um conflito e conseguir o que se quer. Essas crenças diminuem sua inibição, tornando-as mais agressivas”.
Além de Izaskun, participaram da pesquisa Brad Bushman, da Universidade Estadual de Ohio, nos EUA, e pesquisadores da Holanda e da Alemanha.