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Ex-guerrilheira desbanca petistas históricos

Ex-guerrilheira desbanca petistas históricos

Redação

21/02/2010 - 07h39
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A mulher escolhida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva como sua herdeira política atravessou o caminho do PMDB, que hoje tenta conquistar, na transição de governo, em 2002. Foi no fim daquele ano que Lula, então presidente eleito, desfez um acordo para dar ao PMDB o Ministério de Minas e Energia, entre outros cargos, e anunciou que o comando da pasta ficaria com Dilma Vana Rousseff. Estava selado ali o destino da ex-guerrilheira que encantou Lula, furou a fila do PT na disputa pela cadeira do chefe e, anos depois, viu personagens da mesma história se cruzarem na cena política. Em 2005, Dilma substituiu José Dirceu na Casa Civil e, na cerimônia de transmissão do cargo, foi chamada por ele de “companheira de armas e de lutas”. Abatido pelo escândalo do mensalão, Dirceu foi o homem que, na direção do PT, fechou o acordo com o presidente do PMDB, Michel Temer (SP), para entregar ministérios ao partido em troca do apoio ao novo governo. Temer é o deputado que estranhou a entrada de Dilma na vaga prometida ao PMDB e hoje é cotado para dividir com ela, na condição de vice, a chapa abençoada por Lula ao Palácio do Planalto. Cristã nova no PT, desconhecida no próprio partido e sem nunca ter enfrentado uma eleição nem quando estava no PDT de Leonel Brizola, Dilma desbancou petistas históricos dizimados por uma sucessão de escândalos, como Dirceu e o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci. Nunca teve jogo de cintura política – tanto que ganhou um “bambolê” do PMDB –, mas não fez sombra para Lula. Com essa credencial, ela hoje se prepara para representar o PT na primeira eleição disputada pelo partido sem Lula na cédula justamente com a ajuda de Dirceu e de Palocci, o ministro com quem teve ruidosos embates no governo por causa do superávit primário. Mesmo sem força para se contrapor à vontade de Lula, o PT chegou a esboçar resistência a uma candidatura que não passou pelo crivo do partido, mas acabou se rendendo. Dilma se aproximou do PT em meados do ano passado, após enfrentar um câncer no sistema linfático. “Muita gente diz que ela é dura, mas, numa negociação, tem de ser assim mesmo”, ameniza Lula. “Logo que eu ganhei a primeira eleição, em 2002, avisei aos companheiros que Minas e Energia não ia entrar na negociação partidária com o PMDB porque eu tinha encontrado a ministra ideal. Daí para a Dilma passar à Casa Civil foi uma coisa natural”, ressalta. Filha de pai búlgaro e mãe mineira, Dilma faz o estilo “gerentona”: é implacável com os subordinados, cobra prazos e resultados e quer tudo pronto “para ontem”. “O presidente não dá bronca em ninguém. Ele fala para a Dilminha. Aí ela vai lá e resolve”, conta o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, que chama a chefe da Casa Civil pelo apelido de infância. Sinais de alerta Aos 62 anos, Dilma está acostumada a cuidar de um cardápio variado de assuntos, da banda larga aos temas econômicos, passando por licenças ambientais. Desembarcam em seu gabinete, ainda, pedidos de governadores, ávidos por resolver pendências com a União. “O Serra me liga e me dá tarefas”, confidencia Dilma, rindo, numa referência ao governador de São Paulo, José Serra (PSDB), provável adversário do PT na corrida ao Planalto. “Eu o conheço há 30 anos e temos a melhor relação.” Quando Dilma era militante de uma organização de extrema-esquerda chamada Colina (Comando de Libertação Nacional), em Belo Horizonte, o hoje deputado José Aníbal (PSDB-SP) também conviveu com a garota que amava os Beatles, a música clássica, os livros e os filmes de Glauber Rocha. “Ela sempre foi inteligente, mas está contaminada pelo PT”, avalia o tucano. Lula quebrou o protocolo político na divisão de seu espólio, jogou o PT para escanteio e ignorou o mosaico ideológico das tendências abrigadas no partido fundado por ele há 30 anos. Além disso, convencido de que é possível eleger a primeira mulher presidente do Brasil, escalou um time de sua confiança para cuidar da campanha e moldá-la como candidata. Em março de 2008, a ministra sofreu seu primeiro revés na Casa Civil: foi acusada de montar um dossiê sobre gastos sigilosos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e da ex-primeiradama Ruth Cardoso com cartões corporativos. Ela negou e disse que se tratava de um “banco de dados” com informações a serem enviadas ao Tribunal de Contas da União (TCU) e à CPI dos Cartões. A crise só terminou depois que um funcionário posto na Casa Civil por Dirceu caiu, apontado como autor do vazamento para o PSDB. No ano passado, novo problema: embora Dilma não tenha concluído nem mestrado nem doutorado em economia, o site da Casa Civil informava que ela é “mestre em teoria econômica pela Universidade de Campinas (Unicamp) e doutoranda em economia monetária e financeira”. A Casa Civil foi obrigada a mudar o texto e a ministra, furiosa, responsabilizou assessores pelo erro. Quem convive com Dilma sabe que há coisas que ela não suporta. Uma delas é o erro dos encarregados por determinadas tarefas. Além disso, odeia ser rotulada como “estatizante” – apesar de pregar o maior papel do Estado na economia – e “dama de ferro”. Perdeu a conta, porém, de quantas vezes a compararam com Margareth Thatcher, a ex-primeira-ministra da Inglaterra. “Mulheres em posição de mando sempre ficam com essa pecha”, reclama. “Ronald Reagan, nos Estados Unidos, era duríssimo, e ninguém fala nada.” Internet Conhecida por ler tudo o que cai em suas mãos, a chefe da Casa Civil se interessou por um artigo no “The New York Times”, de Thomas Friedman, enviado a ela no penúltimo dia de janeiro. Diz o texto que a equipe do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, deixou morrer o trabalho de mobilização de jovens – construído a duras penas durante a campanha de 2008, com a ocupação de espaços na internet – e pagou alto preço por isso. “Se você pensa que a resposta correta (para enfrentar a crise) é dar uma chibatada populista nos bancos, está errado”, escreve Friedman no artigo, numa espécie de conselho a Obama. “Por favor, regule os bancos de forma inteligente. Mas lembre-se: no longo prazo, os americanos não se congregam em torno de políticos raivosos, que não deixam aflorar o melhor de nós. Eles se congregam em torno dos que inspiram, dos que são esperançosos (...)” A cúpula do PT quer fazer da esperança a marca da campanha de Dilma – assim como foi a de Lula, em 2002 –, mas sabe que, desta vez, terá de recorrer a nova embalagem para o apelo emocional. O mote não será mais a “esperança contra o medo”. Agora, o desafio consiste em convencer o eleitor de que a melhoria das condições de vida dos brasileiros está na continuidade do PT no Planalto.

Pesquisa

Extrema pobreza cai a nível recorde; dúvida é se isso se sustenta

O país terminou o ano passado com 18,3 milhões de pessoas sobrevivendo com rendimentos médios mensais abaixo de R$ 300

19/04/2024 18h00

A PnadC de 2023 mostrou que os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Foto: Favela em Campo Grande - Gerson Oliveira/Correio do Estado

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A expressiva alta da renda em 2023 reduziu a pobreza extrema no Brasil ao seu nível mais baixo da série histórica, a 8,3% da população. O país terminou o ano passado com 18,3 milhões de pessoas sobrevivendo com rendimentos médios mensais abaixo de R$ 300. Apesar da queda, isso ainda equivale a praticamente a população do Chile.

O cálculo é do economista Marcelo Neri, diretor da FGV Social, a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PnadC), do IBGE.

Em relação a 2022, 2,5 milhões de indivíduos ultrapassaram a linha dos R$ 300, numa combinação de mais transferências pelo Bolsa Família, aumento da renda do trabalho e queda do desemprego. A grande dúvida é se o movimento —e mesmo o novo patamar— seja sustentável.

A PnadC de 2023 mostrou que os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Todas as classes de renda (dos 10% mais pobres ao decil mais rico) tiveram expressivos ganhos; e o maior deles deu-se para os 5% mais pobres (38,5%), grandes beneficiados pelo forte aumento do Bolsa Família —que passou por forte expansão nos últimos anos.

Entre dezembro de 2019 (antes da pandemia) e dezembro de 2023, o total de famílias no programa saltou de 13,2 milhões para 21,1 milhões (+60%). Já o pagamento mensal subiu de R$ 2,1 bilhões para R$ 14,2 bilhões, respectivamente.

Daqui para frente, o desafio será ao menos manter os patamares de renda —e pobreza— atuais, já que a expansão foi anabolizada por expressivo aumento do gasto público a partir do segundo semestre de 2022.
Primeiro pela derrama de incentivos, benefícios e corte de impostos promovidos por Jair Bolsonaro (PL) na segunda metade de 2022 em sua tentativa de se reeleger. Depois, pela PEC da Transição, de R$ 145 bilhões, para que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pudesse gastar mais em 2023.

Como esta semana revelou quando governo abandonou, na segunda-feira (5), a meta de fazer superávit de 0,5% do PIB em suas contas em 2025, o espaço fiscal para mais gastos exauriu-se.

A melhora da situação da renda dependerá, daqui para frente, principalmente do mercado de trabalho e dos investimentos do setor privado. Com uma meta fiscal mais frouxa, os mercados reagiram mal: o dólar subiu, podendo trazer impactos sobre a inflação, assim como os juros futuros, que devem afetar planos de investimentos empresariais e, em última instância, o mercado de trabalho.

Apesar do bom resultado em 2023, algumas análises sugerem que o resultado não deve se repetir. Segundo projeções da consultoria Tendências, a classe A é a que terá o maior aumento da massa de renda real (acima da inflação) no período 2024-2028: 3,9% ao ano. Na outra ponta, a classe D/E evoluirá bem menos, 1,5%, em média.

Serão justamente os ganhos de capital dos mais ricos, empresários ou pessoas que têm dinheiro aplicado em juros altos, que farão a diferença. Como comparação, enquanto o Bolsa Família destinou R$ 170 bilhões a 21,1 milhões de domicílios em 2023, as despesas com juros da dívida pública pagos a uma minoria somaram R$ 718,3 bilhões.

A fotografia de 2023 é extremamente positiva para os mais pobres. Mas o filme adiante será ruim caso o governo não consiga equilibrar suas contas e abrir espaço para uma queda nos juros que permita ao setor privado ocupar o lugar de um gasto público se esgotou.

Voos em queda

Aeroportos de Mato Grosso do Sul enfrentam desafios enquanto Aena Brasil lidera crescimento nacional

No acumulado do ano de 2024, o volume de passageiros chegou a mais de 395 mil passageiros em Mato Grosso do Sul, com um aumento de 4,8% no número de operações realizadas nos três aeroportos do Estado

19/04/2024 17h41

Os três aeroportos de Mato Grosso do Sul mantiveram um desempenho estável no acumulado do ano, com um aumento significativo nas operações. Foto/Arquivo

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A Aena Brasil revelou hoje os números da movimentação nos aeroportos até março de 2024, destacando-se como a empresa com a menor redução de passageiros no país. No entanto, o aeroporto de Ponta Porã, sob sua administração, enfrentou uma redução significativa de 42,4% no fluxo de passageiros em março deste ano.

Esta tendência também foi observada na capital sul-mato-grossense, onde o volume de passageiros em Campo Grande caiu 5,5%, totalizando 118.529 passageiros, e no aeroporto de Corumbá, com uma redução de 14,3%.

Além disso, as operações aeroportuárias também estão em declínio, com quedas de 15,9% em Ponta Porã, 10,6% em Corumbá e 8,7% na capital, no volume de operações.

Apesar desses desafios, no acumulado do ano, a Aena Brasil aponta que o aeroporto internacional de Campo Grande registrou uma redução de 3,0% no fluxo de passageiros e de 3,5% no número de operações aeroportuárias.

Já o aeroporto de Ponta Porã apresentou uma queda de 27% no fluxo de passageiros, mas com um saldo positivo de 4% no número de operações. Além disso, o aeroporto de Corumbá, considerado a capital do Pantanal, registrou um aumento de 4,9% nas operações.

No total, a movimentação nos três aeroportos de Mato Grosso do Sul alcançou 395.388 passageiros e 5.043 operações realizadas.

Veja o ranking nacional:

Aena tem crescimento de 6,3% na movimentação em todo o Brasil

Enquanto isso, em nível nacional, a Aena Brasil experimentou um crescimento impressionante de 6,3% na movimentação. Os 17 aeroportos administrados pela empresa no Brasil registraram 10,4 milhões de passageiros no primeiro trimestre de 2024, representando um aumento de 6,3% em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Em relação ao número de pousos e decolagens, nos três primeiros meses houve alta de 5,4%, com um total de 115,5 mil movimentos de aeronaves. Considerando somente o mês de março, o crescimento chega a 6,1% no total de passageiros (3,4 milhões), em relação ao mesmo mês de 2023, e a 1,7% no volume de pousos de decolagens (38,9 mil).

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