A estiagem deste verão e o alto preço da arroba do boi provocaram um aumento na procura por confinamento de gado. É como um hotel para os bois, ou melhor, um SPA de engorda. Em um boitel, em Santa Helena de Goiás, além de confinar o próprio gado, o dono recebe animais de outros produtores. A diária, que custa em torno de R$ 6,50, cobre toda a alimentação. No final da engorda o gado é retirado. A procura este ano começou bem mais cedo. Pedro Merola, dono do boitel, afirma que a expectativa de faturamento é 30% maior que no ano passado. “Normalmente o produtor procura o confinamento no final de abril, começo de maio. Chegando a final de maio, começo de junho estamos lotados. Este ano começamos agora em março, já estamos cheios, e vamos ficar cheios ate outubro”, diz.
São 40 hectares destinados ao confinamento. Dos 15 mil animais, apenas 10% são do proprietário. Não foi só a falta de pasto que impulsionou esse mercado. “A seca ajuda o movimento de confinar os bois, mas o real motivos dos meus parceiros estarem confinando este ano é o preço da arroba. O ano passado vendíamos a R$ 94 e este ano a R$ 112. Estamos vivendo um período muito bom de consumo de carne, tanto no Brasil quanto no mundo, isso faz com que o mercado se organize”, avalia Merola.A busca pelo confinamento também é grande em outro boitel da região. Os caminhões não param de chegar. Todos os animais de um carregamento de 530 cabeças de Turvelândia, município vizinho a Santa Helena de Goiás, são identificados.
“Tínhamos dois mil animais, em torno de 90% próprios. Hoje nós estamos com 14 mil animais, em torno de 60, 70% de animais próprios e o restante de parceiros”, comenta Alexandre Parisi, confinador. Oitenta por cento da carne produzida no boitel vai para exportação. Os irmãos Gustavo e Alexandre Parisi investiram em tecnologia pra garantir o bem estar da boiada. Os animais podem se refrescar na água do aspersor quando o tempo está seco. O solo foi preparado para que não haja acúmulo de barro e eles gastem menos energia pra se movimentar. Os animais confinados comem em média entre 15 e 16 Kg de ração por dia. Em cada curral, um chip controla a quantidade de ração despejada no cocho.
Na boleia do caminhão o computador registra tudo. “Nós fazemos dessa forma, com que os animais consumam o que nós queremos eles comam, não o que o boi quer. E você ainda tem rendimento melhor, voce consegue produzir mais carne”, explica Gustavo Parisi, confinador.
Daqui pra frente, os criadores que quiserem uma vaga neste boitel precisam ficar na fila de espera. Os proprietários aproveitam o momento de casa cheia, mas revelam um temor: a Copa do Mundo. “O único receio que nós temos é o de existir uma concentração de bois prontos para o abate em maio. Porque todo mundo acredita na importância da Copa do Mundo para o consumo da carne bovina, e isso provavelmente ocasionará uma retração no preço da arroba, não significativa, mas deve ocasionar”, comenta Alexandre Parisi, confinador. Goiás e Mato Grosso são os estados onde os criadores mais confinam o gado. No ano passado foram um milhão e oitocentos mil animais.