Desde os tempos da escola aprendemos o
quão complexo é o organismo humano. Células,
moléculas, substâncias químicas, metabolismo,
sistema imunológico e tantas outras
palavrinhas nos levam a imaginar toda a
trabalheira que acontece silenciosamente em
nosso corpo, para nos manter vivos. Nosso organismo
é um sistema tão perfeito que, quando
a harmonia se quebra, lá se vai nossa saúde.
Uma pequena mudança nesse processo pode
afetar o corpo todo e atingir também nosso
comportamento – minando nossa disposição
e interferindo nas atividades cotidianas. E,
quando a medicina convencional não resolve
o problema, surge uma alternativa: a
ortomolecular. Voltada especialmente
para estabelecer o
equilíbrio químico do
organismo, por meio
do uso de vitaminas,
minerais e aminoácidos,
para prevenção
e tratamento de
deonças, desintoxicação
e melhoria na
qualidade de vida (sono,
disposição, humor, etc).
O princípio básico da terapia ortomolecular,
que ainda não é reconhecida
pelo Conselho Federal de Medicina como
especialidade médica, é a eliminação dos
chamados radicais livres, substâncias tóxicas
que provocam a oxidação do nosso organismo.
De acordo com o médico campo-grandense
André Martins de Oliveira são inúmeras as
causas desse problema. “Há diversos fatores
que podem desequilibrar o organismo, como
a poluição, inflamações, infecções, drogas,
estresse, má alimentação e a prática excessiva
de exercícios físicos. O próprio organismo
tem mecanismos para se defender dos radicais
livres. Porém, quando acontece um estresse
oxidativo, a medicina ortomolecular vai ajudar
a combater as doenças causadas por ele”,
afirma ele, que também é clínico-geral.
Para impedir o desequilíbrio e evitar a oxidação,
é aconselhável um tratamento global,
que vai desde a suplementação com vitaminas
e minerais – pelas vias oral e endovenosa – até
a reorganização alimentar, com uma dieta
personalizada.
Não existe idade certa para começar o
tratamento ortomolecular. Segundo André a
reposição de ingredientes faltosos no organismo
pode ser feita em qualquer fase da vida.
“Nas crianças, a presença de metais pesados
no organismo não só abala a saúde, mas pode
fazer com que ela comece a apresentar dificuldade
de atenção, por exemplo. O tratamento
regulariza a saúde e faz com que elas se saiam
melhor na escola”, avalia.
No entanto, são os adultos que formam
maioria nos consultórios médicos, partindo
da ideia de melhorar não só a qualidade de
vida, como também perder peso e retardar o
envelhecimento. “Com o passar do tempo e a
diminuição das defesas do organismo, o tratamento
antioxidan- te ajuda a
fortelecer o sis- tema
imunológico e
melhorar os rendimentos
físicos,
intelectual e psicológico”,
exemplifica
André.
A primeira consulta
com um médico ortomolecular
é bem demorada:
dura em torno
de duas
a três horas.
Isso acontece porque
o médico faz uma
anamnese, questionário
a respeito da saúde
e dos hábitos de vida do
paciente. “São avaliadas
várias coisas, entre elas
a idade, as particularidades
genéticas, a qualidade
do meio ambiente, atividades
físicas e o grau de
estresse. O tratamento vai
ser determinado a partir
dessas questões, pois cada
pessoa tem necessidades
diferentes”, esclarece
o médico.
Antes de começar o
tratamento, prepare-se:
é necessário passar por
uma bateria de exames.
Segu ndo o méd ico,
existem mais de quatrocentas
formas de
obter diagnósticos
para o tratamento
da medicina ortomolecular.
Obviamente você
não vai precisar fazer
todo esse monte de exames,
apenas os mais indicados
para seu caso. O mais
comum é o mineralograma, feito a partir
da coleta de alguns gramas de fios de cabelo,
que aponta a presença e a quantidade de minerais
e metais pesados no organismo. “São
cortados alguns pedacinhos de cabelo da nuca
e eles são enviados para análise.
Esse exame vai apontar qual
a dose de medicamento
adequada ao problema
do paciente. O diagnóstico
vem de lá,
mas quem determina
o tratamento e a sua duração
é o médico”, explica. Outros exames
feitos na hora com pequenas gotas de
sangue e coleta de urina permitem ao
médico, que observa tudo no microscópio
ao lado do paciente e insere os
dados observados num programa de
computador, formar um perfil vitamínico,
conferir a existência de alergia a
determinados alimentos e, mais tarde,
a evolução do tratamento.
Há casos em que o tratamento ortomolecular
acaba trabalhando em conjunto
com a medicina convencional. O
médico dá um exemplo. “Se uma pessoa
sofre de infecção urinária e o uso
de antibióticos é indispensável, procuramos
medicamentos que não agridam
o organismo. Enquanto isso, a medicina
ortomolecular age como parceira do tratamento
convencional, aumentando as
defesas do organismo em caso de infecção”,
observa.
O lado emocional também pode ser tratado
pela suplementação ortomolecular,
que também faz sucesso entre pacientes
deprimidos e estressados. Há dois anos,
durante um período de turbulência
emocional, a jornalista Luciana
Dias resolveu procurar ajuda
com o tratamento ortomolecular.
“Achei muito legal a ideia de
poder me tratar com suplementos,
porque eles deram uma turbinada
no meu organismo e eu me
senti mais forte para enfrentar a depressão.
Na verdade, eu sentia que precisava não só
botar a cabeça, mas também o corpo no lugar.
Foi isso o que me atraiu para o tratamento
ortomolecular. Gostei muito do resultado
e não só o recomendo às outras
pessoas, como passei a tratar vários
outros problemas de saúde dessa
maneira”, observa.
Mesmo quem não está doente
acaba buscando a medicina ortomolecular
para equilibrar o
organismo. Foi o caso do analista
de sistemas Luciano Ferreira,
que não encontrava melhora com
a medicina convencional. “Eu não
tinha nenhuma doença específica,
somente um problema de coluna, devido
à minha má postura no dia a dia.
Passei por uma porção de exames e comecei
a tomar ômega 3 e praticar alongamentos.
Gostei bastante do resultado, estou
me sentindo superbem”, conclui.
Emagrecimento
Depois de um grupo de atrizes
e modelos ter afirmado publicamente
que perdeu vários
quilos com terapia ortomolecular,
a prática virou a nova “dieta dos famosos”
e passou a atrair cada vez mais pessoas, que
lotam consultórios de médicos especialistas
no tratamento ortomolecular. Porém, não
existe consenso entre estes mesmos médicos
que aplicam a terapia sobre o benefício direto
das vitaminas para a perda de peso. Segundo
o doutor André, ortomolecular é um conceito
novo dentro da medicina para ajudar na
prevenção das doenças que vêm com o envelhecimento.
"Ela é muito mais eficiente na
prevenção de várias doenças. Para emagrecer,
é necessária uma mudança de atitude, com
cuidados com a alimentação e prática de exercícios”,
defende o médico.
Pode-se dizer que a medicina ortomolecular
defende o consumo de frutas, verduras, legumes,
peixes, queijos brancos, óleo de canola e
azeite virgem. Aves, ovos, leite magro e cereais
integrais devem ser adotados com cautela. Ao
mesmo tempo, pede-se para riscar do cardápio
as gorduras saturadas – encontradas nas frituras
com óleo superaquecido e reaproveitado
em itens como pastel de feira, bife à milanesa
e batata frita –, que prejudicam o coração, a
pele, a circulação sanguínea e a visão, além
de causar colite (inflamação do intestino). É
preciso abolir ainda açúcares e farináceos (pão
francês, bolo, macarrão e demais pratos feitos
com farinha branca), pois ambos aumentam
a taxa de colesterol ruim e possuem alto teor
de radicais livres, que favorecem a diabete,
fermentam no aparelho digestivo e causam
distensão abdominal e gases.