A Defesa Civil do município de Porto Murtinho está em estado de atenção por causa das cheias do Rio Paraguai. Fazendeiros do Nabileque (na divisa de Corumbá) estão retirando gado e famílias ribeirinhas começaram a mudar para casas de parentes na área urbana da cidade. Ontem, o nível do rio atingiu 5,65 metros. Do outro lado do rio, as águas invadiram a Ilha Margarida, pequeno povoado paraguaio que vive da pesca extrativista e comércio de bugigangas. Seus moradores estão utilizando barcos e chalanas para sair das casas. Por enquanto, não há notícias sobre desabrigados. Segundo o coordenador municipal da Defesa Civil, Fernando Marques, a situação é preocupante e a partir de hoje estará enviando alertas, via rádio, sobre enchente no Pantanal para toda população da zona rural, em especial para fazendeiros com propriedades localizadas às margens do Rio Paraguai. O município ainda não se recuperou dos estragos provocados pelas chuvas que caíram no período de carnaval, que resultaram em prejuízos de R$ 1,8 milhão. A Defesa Civil teme situação semelhante, desta vez provocada pela cheia do Rio Paraguai. As chuvas derrubaram pontes, interditaram estradas vicinais e deixaram ilhadas pelo menos 150 famílias na zona rural. Porto Murtinho está literalmente cercado pelas águas do Rio Paraguai e seus afluentes. Nas últimas 24 horas, o nível do Rio Paraguai subiu 13 centímetros e ontem atingiu 5,65 metros, nível que se aproxima do pico de alerta, de 6 metros. No mesmo período do ano passado, a régua da Marinha registrava 2,94 metros. Fora da caixa O Amonguijá – rio que deságua no Paraguai próximo da zona urbana da cidade – saiu da caixa e transbordou, deixando pequenos produtores sem área para plantio de hortaliças. Com a força das águas, o aterro da cabeceira da ponte Santo Antônio – que liga a região do Tererê – solapou e é nova ameaça para motoristas, além dos atoleiros. Na mesma situação estão os moradores das colônias Ingazeira e Cachoeira, localizadas na parte sul do município (fronteira com o Paraguai). Pontes e parte do aterro da estrada que interliga a região até a BR-267 foram carregados pelas águas. “Temos um trecho de quase 40 quilômetros de água. Esta situação não permite ao município iniciar a recuperação do trecho. Por conta disso, ainda temos famílias com dificuldades de locomoção na região”, revela o coordenador. (Colaborou Toninho Ruiz)