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Encenação

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Redação

01/05/2010 - 05h30
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Em tese, os vereadores de Campo Grande têm obrigação de analisar detalhadamente todos os projetos que são encaminhados pelo Executivo. Por isso, nada mais natural que "travem" a medida que prevê mudanças importantes na lei do uso do solo na região sul da cidade, ainda mais numa época em que a cidade inteira quer saber o porquê dos estragos provocados pela chuva no cruzamento da Rua Ceará com a Ricardo Brandão e dos alagamentos ao longo do Córrego Prosa. A maior parte dos especialistas diz que é fruto da ocupação desordenada da região centro-norte da Capital. Por isso, novas mudanças precisam  ser criteriosamente estudadas.

    Contudo, até o mais ingênuo dos campo-grandenses sabe que não deve ser por zelo com a cidade que os vereadores não aceitaram votar a medida no afogadilho, como pretendia o Executivo. Nem nesta nem em outras legislaturas verificou-se esta preocupação. O atual grupo, por exemplo, votou um pacote de medidas minutos depois de tomar posse. Nem mesmo o título dos projetos muitos deles chegaram a ler. Quer dizer, há décadas os vereadores dizem amém a tudo o que é encaminhado pelo prefeito, o que é de conhecimento público e não acontece somente em Campo Grande.
    Por isso, não é necessário ser muito esperto para concluir que algo estranho existe sob esta repentina preocupação. O próprio prefeito Nelsinho Trad chegou a admitir que os vereadores estavam fazendo "barganha suja" ao retardarem a votação do projeto que permite a vinda de construtora mexicana que pretende edificar 3,1 mil imóveis na saída de Campo Grande para São Paulo. Embora tenha tentado recuar e jogar a responsabilidade pela "alfinetada" à imprensa, as gravações impediram e o conflito aberto instalou-se entre os dois poderes. Após reunião a portas fechadas, chegou-se ao acordo de que na segunda-feira o projeto será votado. Se alguém cedeu ou se foi concretizada alguma "barganha suja" neste encontro a portas fechadas, protegido por quase uma dúzia de guardas municipais, só os participantes podem dizer.

    Por outro lado, os vereadores alegaram que o projeto ficou tramitando durante mais de dois meses em órgãos da própria prefeitura e por isso não poderiam, agora, ser responsabilizados por uma possível desistência da construtora mexicana caso não aprovassem a medida a tempo e ela optasse por fazer o investimento em São José dos Campos. Quer dizer, ao enviar o projeto num dia e esperar que a Câmara o votasse no dia seguinte, o Executivo deixou claro, mais uma vez, a relação de submissão de um poder em relação ao outro. Ou seja, o prefeito tinha absoluta certeza de mais um "sim senhor" por parte dos vereadores, indicando que ambos fazem de conta que são independentes e autônomos. Como isto não aconteceu, classificou a resistência como "barganha suja", o que possivelmente aconteceu, pois a Câmara está pleiteando repasse superior ao previsto até agora. Este episódio é somente mais um de uma longa história do mais escancarado "jogo do faz de conta". Até mesmo os supostos oposicionistas, que em determinados períodos realmente existem, estão subindo e descendo deste palco mediante às ordens do diretor desta peça teatral.

Pesquisa

Extrema pobreza cai a nível recorde; dúvida é se isso se sustenta

O país terminou o ano passado com 18,3 milhões de pessoas sobrevivendo com rendimentos médios mensais abaixo de R$ 300

19/04/2024 18h00

A PnadC de 2023 mostrou que os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Foto: Favela em Campo Grande - Gerson Oliveira/Correio do Estado

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A expressiva alta da renda em 2023 reduziu a pobreza extrema no Brasil ao seu nível mais baixo da série histórica, a 8,3% da população. O país terminou o ano passado com 18,3 milhões de pessoas sobrevivendo com rendimentos médios mensais abaixo de R$ 300. Apesar da queda, isso ainda equivale a praticamente a população do Chile.

O cálculo é do economista Marcelo Neri, diretor da FGV Social, a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PnadC), do IBGE.

Em relação a 2022, 2,5 milhões de indivíduos ultrapassaram a linha dos R$ 300, numa combinação de mais transferências pelo Bolsa Família, aumento da renda do trabalho e queda do desemprego. A grande dúvida é se o movimento —e mesmo o novo patamar— seja sustentável.

A PnadC de 2023 mostrou que os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Todas as classes de renda (dos 10% mais pobres ao decil mais rico) tiveram expressivos ganhos; e o maior deles deu-se para os 5% mais pobres (38,5%), grandes beneficiados pelo forte aumento do Bolsa Família —que passou por forte expansão nos últimos anos.

Entre dezembro de 2019 (antes da pandemia) e dezembro de 2023, o total de famílias no programa saltou de 13,2 milhões para 21,1 milhões (+60%). Já o pagamento mensal subiu de R$ 2,1 bilhões para R$ 14,2 bilhões, respectivamente.

Daqui para frente, o desafio será ao menos manter os patamares de renda —e pobreza— atuais, já que a expansão foi anabolizada por expressivo aumento do gasto público a partir do segundo semestre de 2022.
Primeiro pela derrama de incentivos, benefícios e corte de impostos promovidos por Jair Bolsonaro (PL) na segunda metade de 2022 em sua tentativa de se reeleger. Depois, pela PEC da Transição, de R$ 145 bilhões, para que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pudesse gastar mais em 2023.

Como esta semana revelou quando governo abandonou, na segunda-feira (5), a meta de fazer superávit de 0,5% do PIB em suas contas em 2025, o espaço fiscal para mais gastos exauriu-se.

A melhora da situação da renda dependerá, daqui para frente, principalmente do mercado de trabalho e dos investimentos do setor privado. Com uma meta fiscal mais frouxa, os mercados reagiram mal: o dólar subiu, podendo trazer impactos sobre a inflação, assim como os juros futuros, que devem afetar planos de investimentos empresariais e, em última instância, o mercado de trabalho.

Apesar do bom resultado em 2023, algumas análises sugerem que o resultado não deve se repetir. Segundo projeções da consultoria Tendências, a classe A é a que terá o maior aumento da massa de renda real (acima da inflação) no período 2024-2028: 3,9% ao ano. Na outra ponta, a classe D/E evoluirá bem menos, 1,5%, em média.

Serão justamente os ganhos de capital dos mais ricos, empresários ou pessoas que têm dinheiro aplicado em juros altos, que farão a diferença. Como comparação, enquanto o Bolsa Família destinou R$ 170 bilhões a 21,1 milhões de domicílios em 2023, as despesas com juros da dívida pública pagos a uma minoria somaram R$ 718,3 bilhões.

A fotografia de 2023 é extremamente positiva para os mais pobres. Mas o filme adiante será ruim caso o governo não consiga equilibrar suas contas e abrir espaço para uma queda nos juros que permita ao setor privado ocupar o lugar de um gasto público se esgotou.

Voos em queda

Aeroportos de Mato Grosso do Sul enfrentam desafios enquanto Aena Brasil lidera crescimento nacional

No acumulado do ano de 2024, o volume de passageiros chegou a mais de 395 mil passageiros em Mato Grosso do Sul, com um aumento de 4,8% no número de operações realizadas nos três aeroportos do Estado

19/04/2024 17h41

Os três aeroportos de Mato Grosso do Sul mantiveram um desempenho estável no acumulado do ano, com um aumento significativo nas operações. Foto/Arquivo

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A Aena Brasil revelou hoje os números da movimentação nos aeroportos até março de 2024, destacando-se como a empresa com a menor redução de passageiros no país. No entanto, o aeroporto de Ponta Porã, sob sua administração, enfrentou uma redução significativa de 42,4% no fluxo de passageiros em março deste ano.

Esta tendência também foi observada na capital sul-mato-grossense, onde o volume de passageiros em Campo Grande caiu 5,5%, totalizando 118.529 passageiros, e no aeroporto de Corumbá, com uma redução de 14,3%.

Além disso, as operações aeroportuárias também estão em declínio, com quedas de 15,9% em Ponta Porã, 10,6% em Corumbá e 8,7% na capital, no volume de operações.

Apesar desses desafios, no acumulado do ano, a Aena Brasil aponta que o aeroporto internacional de Campo Grande registrou uma redução de 3,0% no fluxo de passageiros e de 3,5% no número de operações aeroportuárias.

Já o aeroporto de Ponta Porã apresentou uma queda de 27% no fluxo de passageiros, mas com um saldo positivo de 4% no número de operações. Além disso, o aeroporto de Corumbá, considerado a capital do Pantanal, registrou um aumento de 4,9% nas operações.

No total, a movimentação nos três aeroportos de Mato Grosso do Sul alcançou 395.388 passageiros e 5.043 operações realizadas.

Veja o ranking nacional:

Aena tem crescimento de 6,3% na movimentação em todo o Brasil

Enquanto isso, em nível nacional, a Aena Brasil experimentou um crescimento impressionante de 6,3% na movimentação. Os 17 aeroportos administrados pela empresa no Brasil registraram 10,4 milhões de passageiros no primeiro trimestre de 2024, representando um aumento de 6,3% em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Em relação ao número de pousos e decolagens, nos três primeiros meses houve alta de 5,4%, com um total de 115,5 mil movimentos de aeronaves. Considerando somente o mês de março, o crescimento chega a 6,1% no total de passageiros (3,4 milhões), em relação ao mesmo mês de 2023, e a 1,7% no volume de pousos de decolagens (38,9 mil).

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