Maurício Hugo, Ribeirão Preto
A Agrishow 2010, maior feira de máquinas e implementos agrícolas da América Latina, encerrada neste fim de semana, em Ribeirão Preto, mostrou uma situação curiosa e atípica: nem a alta da taxa de juros anunciada durante a realização da feira, foi suficiente para quebrar o entusiasmo da maioria dos dirigentes de grandes empresas montadoras de tratores, colheitadeiras e fabricantes de implementos agrícolas. Estes anunciaram aumento de vendas mesmo durante a crise internacional do ano passado.
Excetuando-se o posicionamento crítico do presidente da Abimaq – Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas, Luiz Aubert, frente ao aumento da taxa Selic, que segundo ele injetará quase R$ 12 bilhões nas instituições financeiras, “único setor que lucra com essa alta de juros”, os empresários não demonstraram preocupação com isso, festejando muito mais a decisão do governo federal em perenizar o programa “Mais Alimentos”. Anúncio nesse sentido foi feito pelo ministro da Agricultura durante sua visita às Agrishow.
É bom lembrar que o programa “Mais Alimentos” financia, com juros de 4.5% ao ano, a aquisição de tratores e implementos para os pequenos agricultores brasileiros. Foi justamente esse programa que, segundo os próprios diretores das montadoras, permitiu que em 2009, ano da grave crise financeira internacional, praticamente todas as indústrias tivessem alta de vendas no segmento de tratores e conseguissem atravessar a crise sem reflexos mais graves.
Foi surpreendende para os jornalistas, a cada entrevista coletiva de uma ou outra montadora, ver os industriais eufóricos, mostrando altas que variavam de 40% a 60% nas vendas do ano da crise, e também a ampliação dos mercados no primeiro trimestre deste ano.
A AGCO por exemplo, anunciou durante a Agrishow 2010 que tomou a decisão de construir duas novas plantas industriais, só que na China, assim como a parceria com uma grande indústria da Índia que produz 100 mil tratores de custo mais baixo do que os tradicionais do mercado mundial.
Números positivos
De acordo com os dados da Abimaq, na comparação do faturamento nominal no período da janeiro a março de 2009 e o mesmo período de 2010, houve um aumento de 29,3%. No que se refere ao aumento no número de empregados nas indústrias, ele foi de 2,1% e o nível de utilização da capacidade instalada cresceu 6,4%.