SCHEILA CANTO No próximo sábado, 17 de maio, comemora-se o Dia Internacional das Famílias, uma data oportuna para a reflexão: para onde anda a família do século XXI? Será mesmo que é uma instituição falida? É verdade que nunca se viu uma crise tão grande no casamento como se vê nos últimos anos. Há mais separações do que casamentos anualmente no Brasil; 30% dos casais se separam antes de um ano de casamento; 50% dos que se separam não duraram três anos. A média final de duração dos casamentos é de 11 anos. E então vemos uma realidade tão repleta de casos assim que a coisa toda se torna banal, normal, um deja vú coletivo. Talvez por isso nos acostumamos com título nada confortável de “Capital do Divórcio”, visto que Campo Grande, conforme último senso realizado pelo IBGE, em 2007, apontava 1.675 divórcios anuais, contra 626 em Cuiabá, 556 em Goiânia, um número bem acima de capitais com a população parecida com a nossa. Mas o fato é que a experiência da separação não tem nada de trivial. Separações são verdadeiras mutilações afetivas, emocionais e morais, das piores pela qual uma pessoa possa passar. Com o fim do casamento há uma ruptura familiar, uma desagregação dos seus membros e quando existem filhos envolvidos, por mais que os filmes e as novelas tentem maquear, vemos um drama ainda maior: vítimas alheias e inocentes que terão para sempre afetados a construção de seus modelos afetivos, traçados naturalmente na observação ocular de seus pais. Em contraponto a tudo isso, há vários estudos que comprovam as vantagens em se ter um casamento estável tanto para os pais como para os filhos. Um estudo de 20.000 australianos também encontrou grandes vantagens para o matrimônio, informava o periódico Sydney Morning Herald. O estudo levado a cabo por investigadores da Universidade de Melbourne descobriu que uma vida familiar estável conduz a uma melhor educação, a uma maior riqueza no lar, e frequentemente é uma melhor oportunidade para que os filhos cresçam e tenham relações mais felizes que eles mesmos. Leah Ward Sear, presidenta do Tribunal Supremo de Georgia, também defendia o matrimônio, em um artigo de opinião publicado pelo Washington Post. “Aceitar o declive do matrimônio como inevitável significa abandonar muitos de nossos filhos”, concluía Sears. Segundo Carmelita Maria dos Santos Pereira Fava, psicoterapeuta de casal e família da Unipsico (União dos Psicólogos de Campo Grande) o começo do fim de um casamento está no egoísmo e não na falta de amor, como muitos acreditam, pois geralmente este sentimento existe, mas fica encoberto por mágoa, ressentimento e excesso de rotina. Para Carmelita, o segredo da harmonia conjugal está na humildade em se doar um ao outro. “É preciso que o casal pense sempre nas necessidade mútuas e não individuais. É preciso se entregar à relação sem cobranças e sem medo, assim é possível resgatar o sentimento do início do namoro, além disso, é vital o respeito e a cumplicidade. Com essas atitudes é possível que vida familiar comece a funcionar com menos conflitos e atritos”, aconselha a psicóloga. No entanto, Carmelita ressalta que os conflitos são inerentes ao ser humano e fazem parte do crescimento de todos, mas é preciso saber conduzí-los para não gerar dor e sofrimento. Segundo a psicoterapeuta, entre os erros mais comuns no relacionamento estão: recorrer a agressões ou ameaças, revirar o passado, fazer promessas que não podem ser cumpridas, tentar solucionar a vida dos demais, falar em vez de ouvir, dizer as coisas por meio de terceiros e querer ter sempre a razão. De acordo com Carmelita há outros fatores que formam a base dos conflitos e boa parte deles está relacionada às diferenças individuais do homem e da mulher, em consequência da história de vida de cada um.