Em meio a denúncias de compra de votos e de uso da máquina pública, o deputado federal Waldemir Moka venceu as prévias do PMDB e será o candidato do partido ao Senado, nas eleições de outubro. Com 69% da preferência dos filiados, ele venceu ontem o senador Valter Pereira. O deputado conquistou 10.501 adesões contra 4.548 do senador. Votos brancos somaram 43 e nulos, 121. Em Campo Grande, Moka fez 1.583 dos 2.087 votos e Valter, 485. As prévias mobilizaram 15.213 dos 40 mil filiados do PMDB no Estado e movimentaram o centro de Campo Grande. Com bandeiras nas mãos, militantes ocuparam parte da Avenida Afonso Pena e protagonizaram troca de acusações. O bate-boca envolveu até a primeira-dama da Capital, A ntonieta Trad, defensora da candidatura de Moka, e o prefeito de Terenos, Beto Pereira (PSDB), filho do senador. Os ânimos ficaram exaltados porque eles se acusaram de invadir o espaço de campanha um do outro na avenida. No entanto, a discussão levou poucos minutos e em nada se comparou às denúncias de compra de votos e de uso da máquina pública nas prévias. Segundo Valter Pereira, “oncinhas” (notas de R$ 50) foram distribuídas em troca de voto. “Basta atravessar a rua para observar a compra de votos escancarada”, denunciou. Valter Pereira ainda acusou a primeira-dama de Campo Grande e o “primeiro-damo” de Três Lagoas, Eduardo Rocha (PMDB), de coagirem servidores das respectivas prefeituras a votarem no deputado federal. “A máquina foi usada e a primeira-dama da Capital chefiou o esquema de corrupção”, afirmou. “Já em Três Lagoas, o primeirodamo coordenou a coação”, acrescentou. Moka rebateu a denúncia, acusando Valter de procurar desculpa para explicar a derrota. “Ele já está atrás de justificativas para o resultado”, comentou na manhã de ontem. “Nas sete eleições que disputei, nunca mexi com isso (compra de votos)”, completou. Já A nton ieta Trad não quis polemizar. “Só tenho uma coisa a dizer: o Valter é uma pessoa correta e não falou nada sobre essas denúncias para mim. Portanto, não sei nada disso”, ressaltou. Eduardo Rocha negou as acusações. Por outro lado, o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Jerson Domingos (PMDB), reconheceu a ocorrência de irregularidades. “Diz que houve até indução de votos”, contou. O presidente regional do PMDB, Esacheu Nascimentou, informou que apenas diante do registro da denúncia, acompanhado de provas, poderá tomar as devidas providências. Porém, a princípio, Valter não pretende oficializar as acusações. “Me reservo a tomar a atitude apropriada no momento certo”, disse. “Fico envergonhado por conta deste procedimento interno”, complementou. “Mas seguramente não vou digerir um resultado contaminado”, finalizou.