O apoio recebido do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, em particular, da ministra-chefe da Casa Civil cotada a disputar a sucessão presidencial, Dilma Rousseff (PT), marcaram o discurso do prefeito Nelsinho Trad na abertura dos trabalhos deste ano da Câmara dos Vereadores de Campo Grande ontem. Entretanto, embora tenha elencado a participação do governo estadual em obras locais, não citou o nome do governador André Puccinelli (ambos do PMDB). Antes de iniciar sua fala, Nelsinho pediu um minuto de silêncio em homenagem a dona Assunção, mãe do ex-governador José Orcírio Miranda dos Santos (PT), que faleceu no domingo (31/1). Ao apresentar à Casa de Leis o Relatório de Atividades de 2009, na primeira sessão do segundo ano desta oitava legislatura, o prefeito começou lembrando que o ano anterior começou “sob o impacto de uma crise mundial sem precedentes, gerada nos Estados Unidos”. E frisou que graças a investimentos do governo federal pôde manter acelerado o ritmo de obras e o desenvolvimento urbano. Nelsinho destacou a importância de os homens públicos ouvirem a população. “Ninguém administra mais sem ouvir, se isolando da sociedade”, alertou. “Isso é coisa do passado”, afirmou. Disse, em seguida, que, para atravessar a crise, contou com a ajuda dos governos e bancadas federal e estadual, apoio do Legislativo e Judiciário e da sociedade “que se mostra a cada dia mais crítica, consciente e participativa”. Citou sua equipe e a compreensão dos vereadores, que atenderam o pedido de só indicar prioridades. Para ilustrar, o prefeito afirmou que em 2009 a receita foi 7,20% menor do que era prevista. O motivo foi a redução nos repasses referentes ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS), Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) e Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Somadas, as perdas representaram R$ 75 milhões a menos nos cofres municipais. “Para se ter ideia do impacto, em 2008 crescemos mais de 25% em relação a 2007. Em 2009, o crescimento foi de apenas 9,87%, comparando ao ano anterior”, explicou. “Muita gente pergunta porque simpatizo com o governo federal. Foi porque o Governo Lula alocou investimentos às prefeituras ajudando a enfrentar a crise”, afirmou. Acrescentou que sua estratégia foi priorizar a construção civil, que gera milhares de empregos, avançando e consolidando obras com recursos federais, estaduais e contrapartida municipal. E o prefeito já conta com mais ajuda de Lula para 2010. Relembrou o telefonema de Dilma no início do ano avisando que o Ministério das Cidades aprovou investimentos de R$ 55 milhões para melhorar a mobilidade urbana da cidade. A verba seria do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) das Cidades Históricas e será investida na revitalização central e sinalização. Seu discurso pró-Lula já ecoa na Câmara. “Se o prefeito apoia o Governo Lula, apoiamos o prefeito”, disse, há poucos dias, o presidente da Casa, Paulo Siufi (PMDB), que ontem, ao discursar, reforçou: “Não lhe faltará apoio”. Questionado se considera que, caso o PMDB confirme apoio a Dilma, ele seria o principal interlocutor com a ministra no Estado, Nelsinho evitou polemizar e respondeu à reportagem: “Você que está falando”.