ACONTECEU EM 1977...
Bom dia, boa tarde, boa noite estimados leitores.
Hoje a coluna mais querida de Campo Grande vai relembrar do dia em que um trem parou a cidade.
E não é força de expressão.
"Trem descarrila e impede trânsito na Avenida Afonso Pena", era a chamada que abria a página 2 da edição do dia 21 de janeiro de 1977 do Correio do Estado.
O caso, curioso até os dias de hoje, alertava para uma locomotiva da Noroeste do Brasil composta de 21 vagões que descarrilou no exato momento em que cruzava a mais importante via daquela que viria a ser a Capital do novo Estado que surgiria daqui alguns meses.
O motivo: impedir o que seria a inevitável colisão com um veículo que desrespeitou os avisos sonoros a insistiu em cruzar a Afonso Pena além do tempo permitido.
A consequência foi terrível. "As rodas do vagão firmaram-se na terra e a composição não teve condições para prosseguir", diz o texto da reportagem.
Além da grande quantidade de curiosos que se formou ao lado da composição, a reportagem também alerta para o sinaleiro da Rua 26 de Agosto, "que passou a bater com insistência como se algo de muito terrível houvesse acontecido."
Em meio ao trem parado em plena avenida, por dias os campo-grandense tiveram que usar desvio pela Avenida Calógeras para poderem completar seus trajetos. Incluindo aí ônibus de viagem, visto que a rodoviária da cidade ainda funcionava no Amambai, na região central.
Um caos, que só foi resolvido dias depois, com a remoção completa da composição.
TRILHOS DO DESTINO
As viagens de trem em Campo Grande foram oficialmente desativadas em 1996. Não lembra? Esse escriba já trouxe o assunto aqui para vocês.
os trilhos, no entanto, que tanto acidentes causaram ao longo que a cidade só cresceu desde a implementação da estrada de ferro deram adeus às ruas da cidade em julho de 2004, pelas mãos do então prefeito André Puccinelli (MDB).
As últimas cinco passagens de nível existentes foram arrancadas após autorização da Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT).
"A retirada dos trens do Centro será feita preservando o patrimônio histórico e melhorando as condições de trânsito”, argumentou Puccinelli na ocasião.
Foram retirados trilhos das passagens de nível das avenidas Afonso Pena, Salgado Filho, das Bandeiras, Costa e Silva e Rua Rui Barbosa. “Fazer de Campo Grande a capital dos nossos sonhos passa pela retirada dos trilhos, um desejo de 90% da população campo-grandense”, ponderou Puccinelli.
Com relação ao aproveitamento das áreas remanescentes, o então prefeito informou que se dará levando em conta um projeto urbanístico compatível com as necessidades da cidade e elaborado com a participação da sociedade civil organizada.
Além de levar em conta as questões de segurança, a retirada dos trilhos também atentou para o fato de a Brasil Ferrovias, substituta da Noroeste do Brasil, não estar mais autorizada a utilizar este trecho da cidade, para o qual já existe uma variante ferroviária, construída pela Prefeitura.
O projeto do contorno ferroviário foi executado com recursos orçamentários do Ministério dos Transportes e contrapartida de 10% do município. Em fevereiro de 2002, o prefeito André Puccinelli assinou contratos de permuta de área com a RFFSA. Pelo documento, a prefeitura recebeu uma área de 386 mil m² na frente da Base Aérea, equivalentes a 1.073 lotes urbanos; a antiga estação e os seus armazéns; dois sobrados que fazem parte da história da cidade e toda a área de servidão do atual traçado ferroviário, com 17,7 quilômetros.
Além dos 36 quilômetros de trilhos, o contorno ferroviário conta com três pontes, sendo a primeira com vão de 60 metros sobre o córrego Imbirussu; a segunda sobre o córrego Lagoa e a terceira sobre o córrego Anhanduí. Foram construídas galerias ferroviárias sob as BR-060 e BR-163 e pátio das locomotivas.
Então é isso. Um abraço a todos e até semana que vem.
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