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Em 1977, vagão descarrilou
e parou trânsito de Campo Grande

Trens em perímetro urbano já significavam problemas na cidade

RAFAEL RIBEIRO

24/01/2019 - 16h00
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ACONTECEU EM 1977...

Bom dia, boa tarde, boa noite estimados leitores.

Hoje a coluna mais querida de Campo Grande vai relembrar do dia em que um trem parou a cidade.

E não é força de expressão.

"Trem descarrila e impede trânsito na Avenida Afonso Pena", era a chamada que abria a página 2 da edição do dia 21 de janeiro de 1977 do Correio do Estado.

O caso, curioso até os dias de hoje, alertava para uma locomotiva da Noroeste do Brasil composta de 21 vagões que descarrilou no exato momento em que cruzava a mais importante via daquela que viria a ser a Capital do novo Estado que surgiria daqui alguns meses.

O motivo: impedir o que seria a inevitável colisão com um veículo que desrespeitou os avisos sonoros a insistiu em cruzar a Afonso Pena além do tempo permitido.

A consequência foi terrível. "As rodas do vagão firmaram-se na terra e a composição não teve condições para prosseguir", diz o texto da reportagem.

Além da grande quantidade de curiosos que se formou ao lado da composição, a reportagem também alerta para o sinaleiro da Rua 26 de Agosto, "que passou a bater com insistência como se algo de muito terrível houvesse acontecido."

Em meio ao trem parado em plena avenida, por dias os campo-grandense tiveram que usar desvio pela Avenida Calógeras para poderem completar seus trajetos. Incluindo aí ônibus de viagem, visto que a rodoviária da cidade ainda funcionava no Amambai, na região central. 

Um caos, que só foi resolvido dias depois, com a remoção completa da composição.

TRILHOS DO DESTINO

As viagens de trem em Campo Grande foram oficialmente desativadas em 1996. Não lembra? Esse escriba já trouxe o assunto aqui para vocês.

os trilhos, no entanto, que tanto acidentes causaram ao longo que a cidade só cresceu desde a implementação da estrada de ferro deram adeus às ruas da cidade em julho de 2004, pelas mãos do então prefeito André Puccinelli (MDB).

As últimas cinco passagens de nível existentes foram arrancadas após autorização da Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT). 

"A retirada dos trens do Centro será feita preservando o patrimônio histórico e melhorando as condições de trânsito”, argumentou Puccinelli na ocasião.

Foram retirados trilhos das passagens de nível das avenidas Afonso Pena, Salgado Filho, das Bandeiras, Costa e Silva e Rua Rui Barbosa. “Fazer de Campo Grande a capital dos nossos sonhos passa pela retirada dos trilhos, um desejo de 90% da população campo-grandense”, ponderou Puccinelli. 

Com relação ao aproveitamento das áreas remanescentes, o então prefeito informou que se dará levando em conta um projeto urbanístico compatível com as necessidades da cidade e elaborado com a participação da sociedade civil organizada. 

Além de levar em conta as questões de segurança, a retirada dos trilhos também atentou para o fato de a Brasil Ferrovias, substituta da Noroeste do Brasil, não estar mais autorizada a utilizar este trecho da cidade, para o qual já existe uma variante ferroviária, construída pela Prefeitura. 

O projeto do contorno ferroviário foi executado com recursos orçamentários do Ministério dos Transportes e contrapartida de 10% do município. Em fevereiro de 2002, o prefeito André Puccinelli assinou contratos de permuta de área com a RFFSA. Pelo documento, a prefeitura recebeu uma área de 386 mil m² na frente da Base Aérea, equivalentes a 1.073 lotes urbanos; a antiga estação e os seus armazéns; dois sobrados que fazem parte da história da cidade e toda a área de servidão do atual traçado ferroviário, com 17,7 quilômetros. 

Além dos 36 quilômetros de trilhos, o contorno ferroviário conta com três pontes, sendo a primeira com vão de 60 metros sobre o córrego Imbirussu; a segunda sobre o córrego Lagoa e a terceira sobre o córrego Anhanduí. Foram construídas galerias ferroviárias sob as BR-060 e BR-163 e pátio das locomotivas. 

Então é isso. Um abraço a todos e até semana que vem.

Aretirada dos trilhos em vias do Centro provocou uma batalha jurídica, vencida pela então gestão municipal

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"GUERRA CIVIL"

Maior ameaça à democracia no mundo é a polarização, diz o ator Wagner Moura

Ator diz que filme"Guerra Civil" soa um importante alarme sobre esses riscos

19/04/2024 10h30

Wagner Moura em "Guerra Civil", filme que chega aos cinemas brasileiros nesta semana Foto: Divulgação

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Para Wagner Moura, "Guerra Civil", filme que chega aos cinemas brasileiros nesta semana, soa um importante alarme sobre os riscos da polarização que assombra países como Estados Unidos e Brasil nos últimos anos.

"Este é um filme que mostra que a polarização é a maior ameaça à democracia no mundo moderno", diz ele sobre o longa dirigido por Alex Garland, um blockbuster americano que acena também para a realidade política brasileira, em sua opinião.

"Guerra Civil" conta a história de um grupo de jornalistas, do qual Moura faz parte, que tenta chegar a Washington para entrevistar o presidente dos Estados Unidos, um líder do qual não sabemos muito, mas que pelas dicas do roteiro é claramente fascista, nas palavras do ator baiano.

"Mas eu acho, sinceramente, que ligar esse personagem a figuras reais é um desserviço ao filme. Não há na trama uma agenda ideológica. E você sabe que eu sou uma pessoa que não tem medo de falar as coisas", diz Moura ao ser questionado sobre a proximidade do personagem com líderes que acirraram a era de polarização em que vivemos, como Donald Trump e Jair Bolsonaro.

O filme é uma distopia política cheia de imagens do que poderia ser os Estados Unidos caso o racha entre democratas e republicanos, ou liberais e conservadores, se acentue. Na trama, forças favoráveis e contrárias ao presidente vivido por Nick Offerman se enfrentam e destroem a nação. São várias as imagens de pontos icônicos do nacionalismo americano bombardeados, como a Casa Branca.

"A gente sabe muito bem o que é a polarização. O mundo todo sabe. E para os americanos o filme gera uma dissonância cognitiva, porque eles estão acostumados a ver essas cenas em filmes sobre guerras no Oriente Médio. Agora estão vendo em Washington", diz ainda Moura.

GUERRA CIVIL

- Quando Estreia nesta quinta (18), nos cinemas
- Classificação 18 anos
- Elenco Wagner Moura, Kirsten Dunst e Cailee Spaeny
- Produção EUA, Reino Unido, 2024
- Direção Alex Garland

MEIO AMBIENTE

MS avalia condições de pagamento antes de regularizar Fundo Pantanal

Até o momento, Governo não conseguiu recursos externos para financiar o Fundo, e conta com os R$ 40 milhões de investimento próprio; Expedições estão sendo feitas ao Pantanal para regulamentação

19/04/2024 09h30

Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, fala sobre a criação de fundo biomas em Campo Grande Foto: Marcelo Victor / Correio do Estado

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Quatro meses após a sanção da Lei do Pantanal, o Governo do Estado ainda está avaliando as condições de pagamento aos produtores para regulamentar o Fundo Clima Pantanal.

No final de março, uma expedição percorreu os pantanais da Nhecolândia, do Paiaguás e do Abobral, pra reunir informações e elaborar o texto de regulamentação do fundo. 

Segundo o secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia, Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, a regulamentação do Fundo Clima Pantanal deve sair até o final desse semestre, e uma nova expedição, agora com o setor de Organizações Não Governamentais (ONGs) e ambientalistas como o Instituto Homem Pantaneiro (IHP) e o SOS Pantanal, será realizada no dia 22 de maio. 

“Nós temos que ver o que nós vamos pagar do Programa de Serviços Ambientais (PSA) e por isso fizemos aquelas expedições, e vai ter uma agora, com as ONGs, para a gente ver o que realmente vai ser remunerado aos produtores”, comentou Verruck. 

Ainda de acordo com o secretário, o Fundo Pantanal possui atualmente apenas o investimento realizado pelo próprio governo do Estado, de R$ 40 milhões, e a Semadesc tem trabalhado na divulgação, tanto do fundo, quanto da Lei do Pantanal, para tentar angariar recursos para a iniciativa, no entanto, Jaime Verruck aponta que ainda não houve nenhuma sinalização clara de aceitação. 

“Nós estamos apresentando em todos os fóruns para tentar conseguir recurso internacional. Nesse momento o que nós temos é os R$ 40 milhões do Governo do Estado.

Como a própria ministra destacou, hoje todo mundo está avançando na estrutura de seus fundos, então nós estamos apresentando, mas até agora não temos nenhuma sinalização clara de alocação de algum recurso”, esclareceu o secretário. 

A iniciativa de criação de fundos para conseguir recursos para a preservação de biomas, como Mato Grosso do Sul fez em relação ao Pantanal, é algo que vem sendo pensado para outros ecossistemas, como o Cerrado e a Caatinga, e que já foi posto em prática na Amazônia Legal, através do Fundo Amazônia. 

Em dezembro, no evento de sanção da Lei do Pantanal, a ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas (MAMC), Marina Silva, afirmou que tinha sugerido ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a criação de um fundo nacional para os biomas brasileiros, similar ao Fundo Amazônia. 

A ideia era de que com o fundo todos os biomas do país fossem contemplados e pudessem angariar recursos que seriam direcionados principalmente para a sua preservação, podendo inclusive, fazer parcerias com fundos estaduais já criados, como o Fundo Pantanal. 

A ministra relata que o debate que está sendo feito com os governos estaduais atualmente, está sendo direcionado para os planos de combate ao desmatamento em todos os biomas, e que nesse diálogo, surgiu o interesse de criação de fundo para esses ecossistemas. 

“A Amazônia tem um apelo muito grande e ela já tem um fundo, mas os demais biomas, se a gente fizesse uma composição, talvez a gente tivesse mais eficácia. Mas eu compreendo, porque cada bioma quer ter o seu fundo, quer ter seu espaço, e essa é uma discussão que a gente está fazendo com os consórcios de cada região”, informou a ministra. 

A deputada federal Camila Jara (PT), acrescentou ainda que existe uma legislação tramitando para a criação de um fundo que abrange todos os biomas brasileiros, e que está na Comissão de Justiça da Câmara dos Deputados, sendo o parlamentar Pedro Campos (PSB-PE), o principal nome para ser o relator. 

“Eu acho que o melhor seria se a gente criasse um fundo biomas, e aí sim, em vez de ter uma ‘moqueca de dinheiro’ em cada fundo, a gente pudesse ter um fundo que pudesse receber, inclusive, recursos das emendas parlamentares, das emendas de bancada, para que a gente possa mudar a história do enfrentamento do desmatamento, do ataque ao Pantanal, que a gente possa virar essa página”, comentou Marina Silva, em seu discurso durante visita à Campo Grande, nessa quinta-feira.

O Fundo Amazônia, principal modelo de iniciativa voltada para captar doações para investimentos em ações de prevenção, combate e monitoramento do desmatamento e promoção da conservação, criado em 2008, recebeu até o fim de 2022 R$ 3,396 bilhões em recursos da Noruega, Alemanha e Petrobrás.

SERVIÇOS AMBIENTAIS 

Além da iniciativa do Fundo Clima Pantanal, o governo de MS também possui, desde dezembro de 2021, o Programa Estadual de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), que “visa a conservação das florestas e demais formas de vegetação natural privadas existentes, restauração ecológica das florestas e demais formas de vegetação natural privadas, conversão de pastagens e terras degradadas para usos alternativos da terra”, expõe o Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul). 

Em junho do ano passado, o programa foi estendido para esforços de restauração e proteção da biodiversidade, clima e estoques de carbono no âmbito das bacias hidrográficas. O PSA abrange um total de 571.800 hectares de áreas que se comprometeram com a conservação ambiental.

Já de acordo com a Lei do Pantanal, a prioridade é a preservação dos corredores de biodiversidade, delimitados pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Os produtores devem receber pela preservação da fauna e flora pantaneira, pela recuperação de pastagens degradadas, recuperação de vegetação nativa, entre outros. 

Não há mais informações sobre os critérios que serão adotados para a participação dos produtores no fundo.

SAIBA

De acordo com a lei, o Fundo Clima Pantanal poderá ter outras fontes de financiamento, como multas ambientais aplicadas pelo Imasul, emendas parlamentares, transferências de saldos de outros fundos e recursos de venda de crédito de carbono.

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