O Levantamento do Índice de Infestação Rápido para o Aedes aegypti (Liraa) concluído esta semana pelo Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) revela que em parte do centro da cidade, entre as ruas Eulália Pires até a Melvin Jones, 31% dos imóveis mantêm criadouros do mosquito transmissor da dengue e febre amarela urbana.
O dado é considerado alarmante e coloca a saúde pública em alerta, já que o índice tolerado pelo Organização Mundial de Saúde (OMS) é de apenas 1%. Em outra parte da região central o percentual chegou a 17%. Outros bairros considerados de alto risco ficam no Altos do Monte Alegre, onde o índice chegou 17.7%. Na região da Vila Sulmat a infestação apontada pelo Liraa é de 15.7%; Jardim Tropical, 13% e Jardim dos Estados, 10%. De acordo com a bióloga do CCZ, Rosana Alexandre da Silva, no índice geral, em média, Dourados está apresentando uma infestação de 5%, que é quatro vezes mais do que o preconizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Para concluir o Liraa, os agentes de saúde do CCZ visitaram 3.313 imóveis em Dourados. A cada vinte deles foram detectados um criadouro do mosquito, segundo a bióloga. Ela explica que o Liraa é feito a cada dois meses para direcionar com maior precisão e eficácia as ações de combate à dengue. “O Liraa não identifica casos de dengue, mas sim, os focos existentes e quais os bairros mais afetados”, explica ela.
Com base nestes resultados é que o município vai direcionar os trabalho de combate ao Aedes aegypti. As chuvas constantes no inicio deste ano e a falta de controle dos moradores para eliminar a água parada fez “explodir” o número de criadouros.
O coordenador de Vetores do CCZ, Leandro Severino Nascimento, informou que com base no Liraa, a prefeitura vai retomar imediatamente os mutirões de limpeza e conscientização da população no sentido de eliminar os criadouros do Aedes aegypti. As ações estão programadas para recomeçar na próxima quinta-feira, com duas equipes com pelo menos 15 agentes de controle de zoonoses cada uma.
Os trabalhos serão direcionados no quadrilátero que compreende as ruas Eulália Pires a Quintino Bocaiúva e entre Cuiabá a Weimar Torres. Outra equipe deve se deslocar entre a Coronel Ponciano a Justino de Matos e Ponta Grossa a Ciro Melo.
EPIDEMIA
O enfermeiro da secretaria municipal de Saúde, Roberto de Oliveira, explica que para correr uma epidemia de dengue é necessário três fatores decisivos: a densidade vetorial, que é a super população de mosquito transmissor da dengue; um novo sorotipo de vírus circulando e população vulnerável.
Roberto explica que em Dourados os casos de dengue estão controlados porque o sorotipo que circula no município é do tipo 2, o mesmo responsável pela última epidemia. Neste caso, a maior parte da população está resistente a ele. Para se ter uma ideia, nos primeiros três meses foram registrados apenas 155 notificações de casos suspeitos de dengue em Dourados. Em 2010 esse número era pelo menos 20 vezes maior.
Segundo ele, um índice alto de infestação do mosquito já existe, conforme foi apontado pelo Liraa. O que falta é um novo sorotipo. Se em Dourados entrar um vírus novo, como o tipo 1 ou 4, por exemplo, existe uma grande chance de ocorrer uma nova epidemia. “Para evitar que isso ocorra, vai depender mais da população, que deve manter seu quintal limpo, eliminando água parada nas caixas de água, calha das casas, bandejas de geladeira, entre outros locais”, alertou.