Cidades

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Do dicionário

Do dicionário

Redação

23/07/2010 - 10h51
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Quando se começa a escrever regularmente, percebe-se, de imediato, a necessidade de se ter uma fonte de consulta confiável, à qual se possa recorrer sempre que houver dúvidas ou para procurar a palavra mais adequada que expresse um pensamento ou o sentimento da ocasião. Enfim, que retrate de forma mais fiel o que se quer transmitir.
E, naturalmente, aí aparece o grande amigo, auxiliar, sócio, parceiro de todas as horas, sempre à disposição ao alcance das mãos: o bendito, abençoado dicionário. Sem ele fica muito difícil exercer esse mister de escrever. Eu tenho um Aurélio, edição antiga,  cuja capa já se encontrava deteriorada – acho até que é falha da editora Nova Fronteira que não caprichou na forma, embora tenha caprichado no conteúdo – e que consegui, por sugestão do amigo e confrade, professor Valmir Corrêa, recuperá-la totalmente, o que deu ao meu exemplar sobrevida e boa aparência ao mesmo tempo.        
Tenho também o Dicionário Jurídico da doutora Maria Helena Diniz, em quatro volumes que, apesar de se destinar principalmente aos profissionais do Direito, em muitas oportunidades me supriu de um embasamento mais adequado. Consulto também o Dicionário de Símbolos, de autoria de Jean Chevalier e Alain Gheerbrant, fonte de informações esotéricas e ocultas. Lendo o artigo do Chico Buarque, na edição de junho da revista Piauí,  já decidi comprar o Dicionário Analógico de Francisco Ferreira dos Santos Azevedo. No texto Chico confessa ser usuário e colecionador obstinado desse livro.
Tive o privilégio de conviver também com dicionários ambulantes – e,  mais do que isso, verdadeiras enciclopédias. Um deles, infelizmente já falecido, foi o professor Arassuay Gomes de Castro, meu compadre – padrinho da minha filha Flávia – a quem sempre  recorri por seus vastos domínios nas questões vernáculas; sempre me atendeu a tempo e hora, informando de bate-pronto, e embasando a informação transmitida com variado conhecimento. O outro, também professor, é o meu amigo Hildebrando Campestrini.
Quando na presidência do Sindicato dos Corretores de Imóveis, por volta de 1983, surgiu a oportunidade de realizarmos um exame para habilitar os futuros colegas ao exercício da profissão. A nossa atividade, naquela época, tinha uma conotação pejorativa, daí o nosso cuidado de proceder a esses exames, de forma a não deixar nenhuma dúvida quanto à sua seriedade e credibilidade. E fomos encontrar essa excelência na pessoa do professor Campestrini, que já naquela época desfrutava de extraordinária reputação no meio acadêmico. Assim, ele elaborou as questões e as corrigiu, dando  uma contribuição especial ao nosso sindicato.
Quando da campanha para se mudar o nome de Mato Grosso do Sul para o estado do Pantanal, de imediato eu me associei a essa campanha, que era coordenada por Humberto Espíndola e Francisco Lagos, entre outros. Surgindo a oportunidade de um debate na TV Cultura, fui indicado para representar o nosso movimento e debater o assunto com o professor Campestrini, que defendia a permanência do nome. Ao encontrá-lo na sala de espera – ele, assim como eu, tem o costume de chegar antes do horário –, começamos a conversar. Ele me disse então que estava à frente do Instituto Histórico e Geográfico do nosso estado. Eu perguntei-lhe  qual era a finalidade do Instituto, e ele encontrou uma certa dificuldade para defini-la, pois naquela época, por questões relativas à organização pouco funcional do próprio IHG –  que nasceu do idealismo de Paulo Coelho Machado, professor J. Barbosa Rodrigues e mais alguns abnegados – e que acabou caindo no seu colo, o professor Campestrini não tinha  encontrado ainda o seu verdadeiro propósito.
Tempos depois, recebi um convite do professor para me associar ao Instituto. Pedi um tempo para analisar o pedido e aceitei a proposta. Integrei-me, de imediato, à equipe por ele liderada, em  2002. Logo a seguir foi procedida a eleição da diretoria, em que fui eleito vice-presidente, cargo que exerço até hoje. O Instituto tem como seus objetivos atuar  nas áreas de história, geografia, cultura, meio ambiente, turismo e no desenvolvimento institucional.
Tenho, assim, o raro privilégio de conviver com o nosso presidente, já há oito anos. E posso testemunhar a verdadeira enciclopédia de conhecimento que ele é. O homem sabe tudo de questões vernáculas, de história e de geografia principalmente. Responde também de bate-pronto. Não titubeia, não enrola, informa sempre com riqueza de detalhes. É um verdadeiro operário da cultura em nosso estado. Dedicação total: 24 horas por dia. Não conheço alguém que trabalhe tanto e bem como ele. Atende incansavelmente a todos que o procuram, todas as tardes na sede do nosso Instituto: são pessoas em busca de informações, estudantes tirando dúvidas, mestrandos e doutorandos solicitando orientação para suas teses. Ele orienta escritores de livros, além de assessorar institucionalmente os governos municipal e estadual, assim como outras entidades representativas da nossa sociedade.
Neste artigo em que comecei falando de dicionários, aproveitei a oportunidade para  homenagear essas pessoas que contribuem para a difusão do conhecimento e da cultura. Sem eles eu teria repetido palavras indistintamente neste artigo ou tropeçado em clichês da nossa língua. Se até Chico Buarque recorre ao dicionário para compor suas canções – eu, que não tenho olhos azuis e preciso me garantir de outro jeito – , me obrigarei a consultá-lo ainda mais, amador que sou das palavras.          

Heitor Freire, Corretor de imóveis e advogado

"GUERRA CIVIL"

Maior ameaça à democracia no mundo é a polarização, diz o ator Wagner Moura

Ator diz que filme"Guerra Civil" soa um importante alarme sobre esses riscos

19/04/2024 10h30

Wagner Moura em "Guerra Civil", filme que chega aos cinemas brasileiros nesta semana Foto: Divulgação

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Para Wagner Moura, "Guerra Civil", filme que chega aos cinemas brasileiros nesta semana, soa um importante alarme sobre os riscos da polarização que assombra países como Estados Unidos e Brasil nos últimos anos.

"Este é um filme que mostra que a polarização é a maior ameaça à democracia no mundo moderno", diz ele sobre o longa dirigido por Alex Garland, um blockbuster americano que acena também para a realidade política brasileira, em sua opinião.

"Guerra Civil" conta a história de um grupo de jornalistas, do qual Moura faz parte, que tenta chegar a Washington para entrevistar o presidente dos Estados Unidos, um líder do qual não sabemos muito, mas que pelas dicas do roteiro é claramente fascista, nas palavras do ator baiano.

"Mas eu acho, sinceramente, que ligar esse personagem a figuras reais é um desserviço ao filme. Não há na trama uma agenda ideológica. E você sabe que eu sou uma pessoa que não tem medo de falar as coisas", diz Moura ao ser questionado sobre a proximidade do personagem com líderes que acirraram a era de polarização em que vivemos, como Donald Trump e Jair Bolsonaro.

O filme é uma distopia política cheia de imagens do que poderia ser os Estados Unidos caso o racha entre democratas e republicanos, ou liberais e conservadores, se acentue. Na trama, forças favoráveis e contrárias ao presidente vivido por Nick Offerman se enfrentam e destroem a nação. São várias as imagens de pontos icônicos do nacionalismo americano bombardeados, como a Casa Branca.

"A gente sabe muito bem o que é a polarização. O mundo todo sabe. E para os americanos o filme gera uma dissonância cognitiva, porque eles estão acostumados a ver essas cenas em filmes sobre guerras no Oriente Médio. Agora estão vendo em Washington", diz ainda Moura.

GUERRA CIVIL

- Quando Estreia nesta quinta (18), nos cinemas
- Classificação 18 anos
- Elenco Wagner Moura, Kirsten Dunst e Cailee Spaeny
- Produção EUA, Reino Unido, 2024
- Direção Alex Garland

MEIO AMBIENTE

MS avalia condições de pagamento antes de regularizar Fundo Pantanal

Até o momento, Governo não conseguiu recursos externos para financiar o Fundo, e conta com os R$ 40 milhões de investimento próprio; Expedições estão sendo feitas ao Pantanal para regulamentação

19/04/2024 09h30

Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, fala sobre a criação de fundo biomas em Campo Grande Foto: Marcelo Victor / Correio do Estado

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Quatro meses após a sanção da Lei do Pantanal, o Governo do Estado ainda está avaliando as condições de pagamento aos produtores para regulamentar o Fundo Clima Pantanal.

No final de março, uma expedição percorreu os pantanais da Nhecolândia, do Paiaguás e do Abobral, pra reunir informações e elaborar o texto de regulamentação do fundo. 

Segundo o secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia, Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, a regulamentação do Fundo Clima Pantanal deve sair até o final desse semestre, e uma nova expedição, agora com o setor de Organizações Não Governamentais (ONGs) e ambientalistas como o Instituto Homem Pantaneiro (IHP) e o SOS Pantanal, será realizada no dia 22 de maio. 

“Nós temos que ver o que nós vamos pagar do Programa de Serviços Ambientais (PSA) e por isso fizemos aquelas expedições, e vai ter uma agora, com as ONGs, para a gente ver o que realmente vai ser remunerado aos produtores”, comentou Verruck. 

Ainda de acordo com o secretário, o Fundo Pantanal possui atualmente apenas o investimento realizado pelo próprio governo do Estado, de R$ 40 milhões, e a Semadesc tem trabalhado na divulgação, tanto do fundo, quanto da Lei do Pantanal, para tentar angariar recursos para a iniciativa, no entanto, Jaime Verruck aponta que ainda não houve nenhuma sinalização clara de aceitação. 

“Nós estamos apresentando em todos os fóruns para tentar conseguir recurso internacional. Nesse momento o que nós temos é os R$ 40 milhões do Governo do Estado.

Como a própria ministra destacou, hoje todo mundo está avançando na estrutura de seus fundos, então nós estamos apresentando, mas até agora não temos nenhuma sinalização clara de alocação de algum recurso”, esclareceu o secretário. 

A iniciativa de criação de fundos para conseguir recursos para a preservação de biomas, como Mato Grosso do Sul fez em relação ao Pantanal, é algo que vem sendo pensado para outros ecossistemas, como o Cerrado e a Caatinga, e que já foi posto em prática na Amazônia Legal, através do Fundo Amazônia. 

Em dezembro, no evento de sanção da Lei do Pantanal, a ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas (MAMC), Marina Silva, afirmou que tinha sugerido ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a criação de um fundo nacional para os biomas brasileiros, similar ao Fundo Amazônia. 

A ideia era de que com o fundo todos os biomas do país fossem contemplados e pudessem angariar recursos que seriam direcionados principalmente para a sua preservação, podendo inclusive, fazer parcerias com fundos estaduais já criados, como o Fundo Pantanal. 

A ministra relata que o debate que está sendo feito com os governos estaduais atualmente, está sendo direcionado para os planos de combate ao desmatamento em todos os biomas, e que nesse diálogo, surgiu o interesse de criação de fundo para esses ecossistemas. 

“A Amazônia tem um apelo muito grande e ela já tem um fundo, mas os demais biomas, se a gente fizesse uma composição, talvez a gente tivesse mais eficácia. Mas eu compreendo, porque cada bioma quer ter o seu fundo, quer ter seu espaço, e essa é uma discussão que a gente está fazendo com os consórcios de cada região”, informou a ministra. 

A deputada federal Camila Jara (PT), acrescentou ainda que existe uma legislação tramitando para a criação de um fundo que abrange todos os biomas brasileiros, e que está na Comissão de Justiça da Câmara dos Deputados, sendo o parlamentar Pedro Campos (PSB-PE), o principal nome para ser o relator. 

“Eu acho que o melhor seria se a gente criasse um fundo biomas, e aí sim, em vez de ter uma ‘moqueca de dinheiro’ em cada fundo, a gente pudesse ter um fundo que pudesse receber, inclusive, recursos das emendas parlamentares, das emendas de bancada, para que a gente possa mudar a história do enfrentamento do desmatamento, do ataque ao Pantanal, que a gente possa virar essa página”, comentou Marina Silva, em seu discurso durante visita à Campo Grande, nessa quinta-feira.

O Fundo Amazônia, principal modelo de iniciativa voltada para captar doações para investimentos em ações de prevenção, combate e monitoramento do desmatamento e promoção da conservação, criado em 2008, recebeu até o fim de 2022 R$ 3,396 bilhões em recursos da Noruega, Alemanha e Petrobrás.

SERVIÇOS AMBIENTAIS 

Além da iniciativa do Fundo Clima Pantanal, o governo de MS também possui, desde dezembro de 2021, o Programa Estadual de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), que “visa a conservação das florestas e demais formas de vegetação natural privadas existentes, restauração ecológica das florestas e demais formas de vegetação natural privadas, conversão de pastagens e terras degradadas para usos alternativos da terra”, expõe o Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul). 

Em junho do ano passado, o programa foi estendido para esforços de restauração e proteção da biodiversidade, clima e estoques de carbono no âmbito das bacias hidrográficas. O PSA abrange um total de 571.800 hectares de áreas que se comprometeram com a conservação ambiental.

Já de acordo com a Lei do Pantanal, a prioridade é a preservação dos corredores de biodiversidade, delimitados pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Os produtores devem receber pela preservação da fauna e flora pantaneira, pela recuperação de pastagens degradadas, recuperação de vegetação nativa, entre outros. 

Não há mais informações sobre os critérios que serão adotados para a participação dos produtores no fundo.

SAIBA

De acordo com a lei, o Fundo Clima Pantanal poderá ter outras fontes de financiamento, como multas ambientais aplicadas pelo Imasul, emendas parlamentares, transferências de saldos de outros fundos e recursos de venda de crédito de carbono.

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