Imagine inserir o cartão em um caixa automático e todas as opções do menu corresponderem exatamente aos serviços que você pretender utilizar, sem que seja preciso apertar diversas teclas para encontrá-los. O sistema de personalização do ATM (caixa eletrônico) chamou a atenção de grandes bancos internacionais durante a Wincor World 2014, uma das maiores feiras de tecnologia bancária do mundo. A intenção, segundo os desenvolvedores, é fidelizar o cliente ao banco. "Se o consumidor, por exemplo, saca toda semana US$ 50, ele pode criar um botão direto na primeira página do menu de opções para isso", diz Bruno Velloso, que participou do processo de criação da ferramenta. Segundo Velloso, a ideia é diferente de alguns outros conceitos já pensados para este mercado, que selecionam menus pré-criados para cada tipo de cliente com base em seu histórico de operações ou perfil social. "Neste caso, cada consumidor pode criar ele mesmo o seu próprio menu", diz.
"A ideia é agilizar o uso do mecanismo pelos consumidores. Ninguém gosta de passar muito tempo no caixa eletrônico. Se o consumidor puder ter em seu menu principal apenas as opções que ele mesmo deseja (e usa), sairá satisfeito do banco", acrescenta. O primeiro contato com o caixa personalizado, porém, é o que preocupa os bancos. Isso porque até que o sistema fique "com a cara do consumidor", ele terá que gastar algum tempo definindo suas preferências. "Instituições que ficaram interessadas pela ferramenta disseram que não permitiriam que as definições das preferências pudessem ser realizadas nos caixas em que há forte movimento para não atrasar os demais consumidores", diz Velloso.
Envelopes
Ainda em 2014, entrarão no mercado brasileiro caixas automáticos que permitem ao consumidor depositar, de uma só vez, notas de dinheiro e cheques sem a necessidade de usar envelopes. Segundo Inon Neves, responsável pelas operações da Wincor Nixdorf no Brasil, essa tecnologia já é uma realidade em alguns países e está nos planos de clientes brasileiros para o futuro próximo. A empresa alemã produz, entre outras coisas, sistemas de tecnologia bancária e tem entre seus principais clientes no Brasil o Santander, o HSBC e o Bradesco. Ela também é indiretamente responsável pelos como são chamados os caixas eletrônicos do Banco do Brasil.
"Hoje em dia, os depósitos feitos nos ATMs [caixas eletrônicos] representam um custo adicional de tempo e dinheiro aos bancos", diz Neves. Isso porque, atualmente, um funcionário da agência tem que ir até o caixa no final de cada dia, retirar os envelopes e, manualmente, conferir depósitos e valida-los. "Não é possível saber o tamanho da perda, mas apenas o fato de que esse funcionário terá mais tempo para se dedicar a outras atividades já representa um ganho ao banco", afirma.
O novo modelo de caixa eletrônico ajuda a diminuir o descarte de envelopes que atualmente são usados no processo de depósito. "Muita gente não pensa nisso ao fazer essa operação, mas, para o banco, quando o valor depositado é conferido, é preciso dar um fim correto aos envelopes. Eles contêm informações pessoais dos clientes e não podem ser diretamente descartados no lixo. Têm que ser danificados (picotados, por exemplo) antes, o que gera custo", completa Neves. Já para o consumidor, a mudança facilita a operação e economiza tempo.