Ninguém vive só de amor, nem só com dinheiro. Dentro de uma relação estável, como alcançar a harmonia entre os dois? Segundo pesquisa realizada no Reino Unido, casais comprometem 312 dias por ano com discussões do dia-a-dia, boa parte delas relacionada ao maior vilão dessa história: as finanças. Isso porque enquanto um procura poupar e controlar os gastos, o outro é desorganizado e gasta em excesso.
Dialogar é essencial. É o que afirma o especialista em planejamento familiar Gustavo Cerbasi, autor do livro "Casais inteligentes enriquecem juntos". Ele ensina que o casal deve criar uma planilha de custos e tirar ao menos um dia no mês para discutir sobre planejamento financeiro. É preciso procurar na outra pessoa um meio de enriquecer em conjunto, cada um ir para um lado é prejudicial para a vida financeira e pessoal. A partir daí, devem estabelecer metas que permitam aos dois a concretização dos objetivos e anseios definidos.
Para o educador financeiro Álvaro Modernell, da Mais Ativos, é importante combinar as regras do jogo e cada um cumprir a sua parte, pois, assim, metade do problema estará resolvido. Ele explica que será saudável se ambas as partes reservarem uma certa quantia para os gastos com necessidades e desejos individuais, sem comprometer a renda do casal.
Casados
No caso de Márcia Morozini, 42, e Luiz Alberto Hemerly, 46, o planejamento financeiro é um aliado da relação há dez. O casal possui uma planilha na qual lançam as despesas e fazem projeções de gastos, sempre com base na tabela do mês anterior. Concluída essa etapa, procuram reservar, no mínimo, um quarto do salário dos dois. Márcia conta que se um dos dois tem vontade de investir em algo, eles compartilham os desejos para concluir se a aquisição vale a pena ou se daqui a algumas semanas estará sem uso, no canto do armário.
Graças ao comprometimento do casal de contribuir em conjunto para concretizar os sonhos deles e da família, as metas são cada vez mais ousadas. Atualmente, pretendem trocar de carro, comprar um imóvel à vista, uma vez que moravam de aluguel enquanto não tivessem esse valor em mãos, e o intercâmbio da filha mais velha no Canadá. Para este último Márcia estima um investimento em torno de R$ 40 mil.
Investimento conjunto
Algo parecido ocorreu com Cíntia e Wilson Lazarini, ambos com 39 anos. Logo no começo do casamento estavam cheios de dívidas e, então, o marido pediu demissão de onde trabalhava para arriscar e criar o próprio negócio. Cíntia tinha um emprego fixo e podia manter a casa por um certo tempo. Com isso, passaram a poupar o 13º salário, férias, investiram em consórcio por possuir condições favoráveis de juros e, mensalmente, reservam uma quantia.
Hoje, casados há dez anos, comemoram as conquistas. Embora tenham uma casa própria, recentemente adquiriram um terreno para concretizar o sonho de construir o imóvel da família. E as realizações se entenderam para os desejos individuais, como o C3 que Cíntia comprou no ano passado e a cirurgia plástica que pretende fazer este ano, enquanto o marido tem como foco a conquista de um carro de luxo.
De acordo com especialistas, a divisão de responsabilidades para alcançar as metas é essencial para evitar as brigas e acusações de descaso do parceiro frente aos objetivos determinados e impede que um dos dois se sinta sobrecarregado na relação com as despesas da família.
Recém-casados
Já para os recém-casados, Cerbasi orienta declarar guerra às dívidas na vida a dois, iniciar um planejamento financeiro imediato e seguir rigorosamente as regras determinadas por ambos. No caso de Rafael, 26, e Camila Rodrigues, 23, essa estratégia foi fundamental para que a decisão de casar não se transformasse em um pesadelo. Juntos há dois anos e casados há dez meses, decidiram estipular, em 2009, a cerimônia de união para o ano seguinte desde que tudo estivesse pago.
Ter colocado no papel os sonhos e como alcançá-los trouxe um resultado tão positivo que levaram essa idéia para o casamento. Hoje possuem uma planilha no computador na qual controlam todos os gastos, discriminam as despesas mês a mês e, ao final, contabilizam quanto vão poupar. A próxima meta do casal já está na planilha: é a compra de um apartamento e a troca do carro por outro do ano.
A sensação de recompensa é outro ponto apontado por Cerbasi em sua obra. "Os planos de curto prazo e a celebração da conquista vão funcionar como trampolim para a próxima meta", ensina. A consultora financeira Lavínia Martins, da FinPlan, diz que a celebração deve ser como o casal julgar conveniente, desde um jantar no restaurante favorito a um fim de semana na praia ou no campo. "Para aqueles que fazem contenção total de despesas um pouco de criatividade permite, por exemplo, um jantar à luz de velas em casa, preparado pelos dois ou por um só, para surpreender o parceiro".