Transcorridos dois meses da desativação, persiste indefinição sobre o aproveitamento das instalações da antiga rodoviária, prédio de 25 mil metros quadrados, com 236 salas comerciais, dois cinemas (com capacidade para 500 lugares cada) e estacionamento com 130 vagas. Poucas lojas ainda permanecem abertas.
Um complicador para transformar o local num polo universitário, até aqui a alternativa mais consistente, é que 21 dos 25 mil metros quadrados do prédio pertencem a 100 diferentes proprietários. Só os espaços que a Universidade Estadual e a Uningá reivindicam somam 10.200 metros quadrados, bem maior que os 4 mil metros quadrados pertencentes à prefeitura, que não demonstra interesse em desapropriar o restante da edificação.
Outra dificuldade é que as instituições públicas envolvidas – a Universidade Federal (UFMS) e a Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – (UEMS) não têm dinheiro no orçamento para investir na adaptação e reforma do prédio. Dependeriam de suplementação do orçamento (no caso da UEMS). A Federal teria de esperar para incluir a obra no planejamento de 2011.
O prefeito Nelsinho Trad deixa claro que não vai desapropriar o prédio, nem investir na sua revitalização. “Esta é uma tarefa de quem se instalar no antigo terminal. Os 4 mil metros quadrados que pertencem ao município serão cedidos às instituições em regime de comodato ou concessão, a forma jurídica mais adequada”.
Por enquanto, só a Unidade de Ensino Superior Maringá (Uningá) tem os recursos (em torno de R$ 2 milhões) para adaptar o espaço de 2 mil metros quadrados que está reivindicando. A instituição pretende abrir 10 salas de aula, consultórios odontológicos (necessários para o curso de odontologia e especialização). A previsão é que tenha 600 alunos nos três períodos.
A Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) espera dispor de 8 mil metros quadrados, num projeto de expansão para ser implementado ao longo dos próximos cinco anos. Neste período, o número de alunos do seu campus de Campo Grande passaria de 350 para 1.500 estudantes. A partir de julho, a universidade, que hoje ocupa salas da Escola Hercules Maymone, vai se instalar no prédio onde funcionou a Escola Estadual Irma Bartira, localizada no conjunto Arnaldo de Figueiredo.
Segundo o reitor da UEMS, Gilberto José da Silva, do orçamento de 2010 da instituição (R$ 73 milhões) , R$ 55 milhões são para cobrir a folha de pagamento, o restante, R$ 18 milhões, estão comprometidos com despesas de custeio. Para conceder um reajuste de 7% para os funcionários, precisou de um socorro financeiro mensal do Governo de R$ 100 mil. Os investimentos que vêm sendo feitos, R$ 13 milhões, foram assegurados por repasses do Estado e do Ministério da Educação.
Ele está convencido de que o governador André Puccinelli vai garantir os recursos necessários para instalação da UEMS para a rodoviária antiga, mas para isto será preciso desapropriar o prédio.
Projeto parado
Em relação a proposta de levar a Faculdade de Direito da UFMS para a antiga rodoviária, o empecilho é que, por enquanto, nem projeto existe, muito menos recursos no orçamento de 2010. A universidade dá prioridade para construção de sedes no interior do Estado, onde mantém cursos, em cidades como Naviraí e Bonito. A primeira tentativa de construir a faculdade numa área dentro do Parque dos Poderes foi barrada pelos deputados. (FP)